domingo, 28 de novembro de 2010

O corpo, o Ser, a saúde...

O corpo físico é a ponta do iceberg do Ser. 
Parece frase de mestre, né? E é mesmo. O corpo físico, visível, já sozinho é um baita mistério. Que dirá o Ser. Pergunte para os bons médicos qualquer coisa do nosso funcionamento fisiológico e você vai ver: lá está o mistério. E mais, um mistério consistente, coerente, em perfeito equilíbrio. O Ser então nem se fala. Aquilo sim é que é Magia.
A relação entre o corpo físico e os outros corpos que formam o restante do Ser, é um circuito de mão dupla. Envia e recebe influências. A tradição hermética que é matriz da Medicina (na Mitologia Grega, Hermes - ou Mercúrio - é o pai) diz que uma doença só se instala no corpo físico depois que já nasceu e existe nos outros corpos, vinda de outras vidas até, talvez. E geralmente começa no emocional, principalmente as kármicas e velhas feridas do passado. O DNA é só um veículo, segundo os novos cientistas e pesquisadores, já graças a Deus mais integrados com o Espírito. Aliás, ainda bem que esse momento chegou, ninguém mais aguenta médico descrente no Invisível. Nem eles mesmos.
Mas nesse circuito uma das entradas da cura é o físico. Mesmo que uma doença tenha suas raízes em outros corpos não físicos ou outras vidas e possa ser tratada pelos métodos não convencionais, cada um de nós tem obrigação de ter um mínimo de conhecimento do corpo físico e das possíveis prevenções e curas naturais, por nutrição (alimentos, plantas, sais, homeopatia), desintoxicação física, emocional e mental (energia das mãos, acupuntura, cinesiologia, respiração, Qigong). Atualmente os antropólogos e terapeutas estão redescobrindo o que o Xamanismo pratica desde o alvorecer da Humanidade, o resgate da alma da pessoa, "partes" da alma que se perderam devido a traumas na vida (acidentes, agressões, guerras, mortes, abusos) e também do espírito auxiliar, que o cristianismo chama também de anjo da guarda. A Medicina tem que ser integrativa e abrangente, senão estamos condenados a essa coisa tecnológica e especializada que se vê hoje por aí, altamente mercenária por ter se deixado levar pelo business capitalista. Às vezes a cura está à mão, ao lado, e não vemos. Você tem que ser o seu médico, diziam Hipócrates, Paracelso, Hahnemann, Don Juan e outros, com todo o respeito aos médicos de profissão, que por sua vez deveriam ter uma formação holística para melhor entender e tratar a doença. Já foi um avanço a duras penas a aceitação oficial da Homeopatia, Acupuntura, Shiatsu, Do-In, Moxa, mas falta muito para a aceitação do milenar Xamanismo, presente nas tradições do globo inteiro, cuja eficácia já está comprovada há muitas décadas pelos antropólogos e psicoterapeutas menos preconceituosos e classistas.
Outro dia conversava eu num parque com uma amiga que dizia sofrer de cólicas menstruais e, enquanto conversávamos, peguei o remédio que crescia junto com a grama, ali mesmo. Ela achou que eu estava de gozação. Mas tomou e curou a diabólica TPM. Eu sou um curador frustrado. Quando li o livro “A vida Secreta das plantas”, uma pérola rara, falando entre outros de George Washington Carver, negro americano que foi ministro da saúde, tive uma inveja danada. Quando menino ele já agia como um xamã, madrugava a conversar com as plantas na floresta e sabia tudo como um bom índio hierbero. Há outra pérola rara sobre a cura, no livro O Resgate da Alma da grande xamã e psicoterapeuta americana Sandra Ingerman. Um livro tocante e uma delícia de se ler. Mas ainda há tempo para estudarmos essa coisa intrigante e maravilhosa que é a cura, quem sabe?...
A frase Mente sã em corpo são até faz sentido no Budismo, onde Mente tem uma conotação mais ampla que a habitual e abrange quase tudo. Mas eu prefiro a afirmação Corpo são em Ser são. Essa coisa de unidade, integralidade é essencial. Eu não sei o quanto uma coisa ajuda a outra, mas Saúde, Amor e Busca Interior andam de mãos dadas.
O grande Guimarães Rosa no ‘Grande Sertão Veredas’, uma obra de  profunda Alquimia, disse: - Qualquer amor é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. 
Pois é, e para a gente amar é preciso no mínimo de um pouco de saúde. É um círculo virtuoso, uma espiral para cima...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os voadores

O tema dos Voadores, ou Sombras de Barro na obra de Castaneda e discípulos, é um dos mais obscuros e intrigantes das tradições do xamanismo tolteca, interessados na busca interior dos seres humanos. Ele fala de uma limitação misteriosa imposta ao desenvolvimento da percepção, consciência e potencialidades dos humanos neste planeta, em algum momento da sua evolução.
A literatura antropológica mundial não registra  informações sobre o tema. Já a chamada literatura esotérica tradicional apresenta, mas de forma não estruturada, alguns conceitos mais familiares ao tema.
É o que vemos principalmente na tradição xamânica, pelo fato de não ser racional mas sim pragmática, de ação. Ela aborda a natureza e o universo de uma forma empírica e prática, e não tem receios de parecer ilógica quando age sem mesmo entender mentalmente a natureza das energias com as quais está entrando em contato ou manipulando. Este mundo é um mistério, dizia Don Juan a Castaneda batendo com o pé no chão.
Quem já teve contato com algumas dessas tradições e rituais, seja na Amazônia, Sibéria, África, Oceania, América ou outros lugares, já ouviu falar de entidades não físicas (não orgânicas) indesejáveis que atormentam os seres humanos e se aproveitam de forma predadora da sua energia e consciência. É o caso também do espiritismo kardecista e de outras linhas de trabalho animistas que afirmam a mesma coisa. Os voadores são uma dessas entidades.
Gurdjieff, em sua obra, fala do kundabuffer, uma junção das palavras Kundalini e buffer (amortecedor, em inglês) algo que foi introduzido temporariamente, para um fim específico, na mente humana em algum período na humanidade e por alguma razão não conhecida ficou permanente. O aparato então cria um amortecedor entre o ser humano e a realidade. A sua percepção da realidade fica filtrada e não mais direta. Os toltecas chamavam o mecanismo de desnate, uma distorção da realidade ensinada a nós pelos adultos desde que somos bebês. O hinduísmo chama o resultado final obtido de véu de Maya. Por isso somos vulneráveis e portanto parasitados e predados. 
Temos que desconstruir o aparato se quisermos atingir a liberdade e ver a realidade como ela é, sem interpretações do filtro que nos foi imposto. No livros de Carlos Castaneda, principalmente Passes Mágicos essa passagem é explicada, inclusive com práticas para tentar neutralizá-la.
O Xamanismo em todas as tradições do planeta coloca isso como o resultado de o universo em que vivemos ser um ambiente altamente predatório, com seres mais fortes se alimentando dos mais fracos ou inexperientes. Nós seres humanos estamos em estado de sítio, dizia Don Juan na obra tolteca. Há um complô em andamento e nós ficamos dormindo como sei-lá-o-quê. Temos que aprender a escapar disso.
O corpo de dor, de Eckhart Tolle no livro Despertar de Uma Nova Consciência é uma entidade que lembra muito os voadores se alimentando e se fortalecendo com as nossas emoções negativas.
Os xamãs, ou videntes do Antigo México, com grande persistência e, quando em estados de consciência intensificada, estudaram esses seres predadores a ponto de estabelecer uma classificação, como está explicado extensamente nas obras a respeito.
O relato é aterrador e a maioria dos leitores fica entre o ceticismo e a crença de que há um certo exagero nas afirmações. O próprio Castaneda, apesar do contato com o fato, e da magistral condução de Don Juan, demorou muito para tomar consciência da situação deplorável a que estamos submetidos. Todos. Sem exceção.
Para o buscador sério fica clara a urgência do fato de que nós não temos tempo. Temos que iniciar o trabalho agora, neste mesmo instante em que estamos lendo esse texto.
Sobre essa falta de tempo, Don Juan, em A Porta para o Infinito dizia:
- Um ser imortal tem todo o tempo do mundo para dúvidas e confusão e medos. Um guerreiro, por outro lado, não pode se agarrar aos significados obtidos sob a ordem do tonal que é contaminado com essa interpretação da realidade, pois ele sabe que a totalidade dele só tem pouco tempo nesta Terra.
- Você tem de se esforçar ao máximo, o tempo todo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Poder Pessoal

São Francisco de Assis

O poder pessoal é um enigma. É um dos temas mais ocultos e evasivos da busca interior, contrariando as aparências, expectativas e conceitos prévios que as pessoas comuns têm a seu respeito.
Ao mesmo tempo em que é declarado como uma das coisas mais importantes a ser buscada no ensinamento, as citações a respeito de sua definição envolvem a sua essência em mistério, a partir do fato de que é necessário ter poder pessoal para compreender a própria definição de poder pessoal.

Para se compreender o cerne da questão as tradições explicam que  há uma evidência clara de que o poder pessoal depende do exercício constante e disciplinado de uma outra prática definida como impecabilidade, que por sua vez não tem exatamente a mesma conotação do termo usado na linguagem do homem comum, culturalmente baseada no conceito de pecado.
Impecabilidade é o uso correto e otimizado da energia. Eu uso mal a energia quando me identifico, quando ajo com pressa, quando não relaxo, quando julgo, quando falo mal, quando invejo, me exibo, em resumo quando me deixo levar por um dos chamados 7 pecados. Como vocês vêem, não é simples, mas ao mesmo tempo é muito instigante navegar nesse mar aprendendo a usar a bússola, sextante, instrumentos... Poder e impecabilidade andam de mãos dadas. A impecabilidade gera o poder pessoal. Mesmo que o buscador esteja cristalizando a sua estrutura interior em cima de um centro só (físico, emocional ou mental) como acontece com muitos faquires, monges e yogins, ou então cristalizando seus corpos equivocadamente pela persistência em aplicar a sua energia interior em um viés pessoal, como o orgulho por exemplo, ele gera concretamente um poder pessoal. Equivocado, mas gera. Se quisermos exemplos desse último caso é só ver a maioria dos dirigentes, mandatários e stars atuais e históricos da mídia. Hitler é um bom exemplo. A Consciência Universal não tem um controle sobre o livre arbítrio do ser humano. A persistência conduzida equivocadamente pelos apegos produz só coisa ruim, e pior, tudo o que nasce quer sobreviver, seja o que for, um vírus, uma organização, um ser humano, um desejo ruim... É uma lei alquímica universal. É disso que trata entre outras coisas a carta XV do Tarot - O Diabo.

O poder pessoal precisa ter o seu significado compreendido  a partir da experiência comum compartilhada do grupo de aprendizes, apesar da componente necessária de compreensão individual. Tem algo que eu compreendo sozinho, tem algo que eu compreendo só em grupo, a partir da linguagem comum calcada na experiência. Gurdjieff colocava a linguagem comum como condição sine qua non do conhecimento. Essa é a razão da prática de depoimentos no caminho gurdjieffiano, cada um fala em grupo sobre a sua experiência individual diária proposta, e todos se reconhecem na experiência de quem faz o depoimento. Isso é que gera a linguagem comum, peça básica da compreensão..
 A outra unidade de significado estreitamente ligada ao poder pessoal é a Vontade, que da mesma forma não tem a conotação comum a ela atribuída pela linguagem corriqueira ou mesmo psicológica.
Essa Vontade, de que os xamãs falam aos aprendizes, parece guardar com a região do centro do corpo (o umbigo, o hara, o centro motor), a mesma relação que a emoção guarda com o centro emocional (plexo solar) ou que o pensamento guarda com o cérebro (centro mental). Mais do que isso, a Vontade é definida como um dardo com uma materialidade e força ligadas ao corpo energético do homem de busca, e que pode ser lançada com um propósito de ação. Vontade e poder tem tudo a ver...

 O poder pessoal deve ser armazenado, pois tudo na vida do buscador depende dele, mas diferentemente dos aprendizados comuns, como o intelectual, por exemplo, não se dá através da compreensão intelectual, mas através da ação, essa tingida fortemente por uma intuição. A ação do aprendiz, orientada pelo instrutor, confia e se lança, abandonando as concepções cristalizadas pela socialização e se movimentando num mundo de experiências não usuais e sempre surpreendentes. A leitura das obras do xamanismo e particularmente a tolteca de Castaneda mostra isso lindamente.
E não podemos esquecer de que, apesar de o poder pessoal ser uma das coisas importantes do ensinamento, ele é um dos 4 inimigos naturais do buscador do Si Mesmo, lembram-se? Medo, Clareza, Poder e Velhice.
E mais, se você se despir do apego de tudo através do contato com a sua Morte, vai tocar a Liberdade Total e alcançar um poder interior indescritível. Quem já morreu interiormente não teme nada. Está em contato com a essência do verdadeiro Poder. São Francisco de Assis foi assim. Pobre, simples e inocente desafiou a igreja arrogante e suntuosa da época apoiado na humildade, e fundou uma ordem atuante até hoje. Isso é poder pessoal.
Resumindo, os conceitos-chaves do poder pessoal são Impecabilidade, que gera Poder Pessoal, que se acumula, e é exercido através da Vontade.

Através do poder pessoal acumulado a duras penas, o guerreiro pode então se tornar um Homem de Conhecimento. Muito trabalho? É isso mesmo...muito trabalho.
Mas você queria se transformar num ser de conhecimento só vendo os programas do Discovery? Tem muito o que trabalhar sim, amici...

domingo, 21 de novembro de 2010

Armadilha Interior

Quando a gente inicia a prática da meditação, ou contemplação, ou prática na calma, não importa o nome, instala-se sub-repticiamente (adoro essa palavra) uma armadilha. É a seguinte:
Eu praticante, automaticamente, monto na mente um aparato de auditoria interior que durante a prática identifica os desvios que ocorrem, e comparo isso a uma situação ideal que aprendi, de estar atento ao meu corpo de sensação, lembrando de mim mesmo ou, simplificando, estar sendo, nas profundezas da calma. As diferenças entre as duas situações, teórica e prática, deveriam ser apenas observadas, mais nada, pois papel de auditor é esse mesmo, observar e notificar. Até aí tudo bem...
O “olhar” que vê por trás da atenção à sensação, porém, ao identificar o desvio entre o que é e o que deveria ser, faz uma avaliação comparativa de quão longe eu estou da situação ideal (o que até parece apropriado) mas no mesmo instante algo imperceptivelmente se apossa do processo e, se envolvendo também na coisa, numa aparente inocência, identifica-se com o objeto, a existência do desvio. Começa então um silencioso bate-boca interior com um juiz, que surgiu não-sei-de-onde, mas é eu mesmo, que faz um julgamento do tipo que lamentável... e, sutilmente, aquele que observa sofre um processo de identificação  com a coisa obervada, que nesse caso é esse estado já rotulado de incompetência. É essa a armadilha! É um fazer identificado, se é que isso tem nome. Nessa altura do campeonato eu já estou ladeira abaixo, num torvelinho de considerações mentais e esqueci do essencial, contemplar sem dar palpite. É puro ego.
Quando isso acontece, a manobra interior mais adequada, o antídoto, é algo como um não-fazer desidentificado, se é que isso também tem nome. É um olhar impessoal que só olha. Contempla. Mais nada. É difícil e fácil ao mesmo tempo. Basta se desapegar um pouco. Se estiver atento à respiração fica mais fácil como diz Sogyal Rinpoche, lama tibetano, no seu O Livro Tibetano do Viver e do Morrer.
Na verdade seria melhor que o olhar da atenção se dispusesse somente a “contemplar” a situação de incompetência como se essa tarefa fosse a competência almejada, ou seja, quanto mais eu identificar essa tal incompetência, mais competente é o olhar da consciência. Mas sem tomar partido como um juiz.
Isso deve ser feito de forma sutil, contemplativa, sem imposição e principalmente sem apego, senão, ao ser conseguido o resultado de só contemplar, o pêndulo do ego ao invés da crítica severa do juiz, vai pro outro lado, do orgulho da coisa bem feita, o que é farinha do mesmo saco.

Pois é, meus caros, se fosse fácil estava todo mundo iluminado andando por aí. À noite seria lindo...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O sol e nós

Na introdução deste blog a gente disse que A Missão dele é: ‘como é que eu posso viver concretamente o divino durante o meu dia a dia normal, corriqueiro, e procurar evoluir’. E de preferência numa linguagem simples que qualquer um entenda. Muito bem, é disso que vamos falar agora, e todo o tempo, neste blog. Missão é para isso mesmo, ora.
Então vamos começar quebrando esse mau costume dos seres humanos: a separação entre a busca da evolução e o seu dia a dia. Só o iniciante na busca separa a meditação do restante da sua vida . O que está em cima é o que está embaixo, é o que diz a Tábua de Esmeralda do misterioso Hermes Trismegistos. Guerreiro velho sabe isso e procura, onde quer que esteja, sempre uma postura de acolhimento ao que está acontecendo no seu em torno no agora, de abrangência, de venha a nós o Vosso Reino, pois ele sabe que tudo está ligado. O  Espírito, Deus, ou o nome que tenha, não está lá, está aqui dentro. Cada um de nós é A Consciência em busca de si mesma, ainda que tingida pelas tristezas e fraquezas desse nosso estado humano. Se eu rejeitar algo dentro de mim ao invés de acolher, eu vou enxergar esse algo nos outros e apontar o dedo.
Nós sempre lemos na Alquimia que o objetivo dela é transformar os metais em ouro, certo? Mais ou menos. Essa é a forma simbólica e oculta de falar a verdade. O objetivo é ajudar a transformar as nossas matérias e energias interiores de menor qualidade (metais comuns) em outras mais finas e valiosas (o ouro, ou o sol alquímico). Enfim, evoluir. É assim como pegar papel comum e transformar em dólares. Em euros, melhor ainda. O sol alquímico é a centelha do fogo divino e já está dentro do ser humano. O mesmo que Prometeu trouxe aos homens na Mitologia Grega. A ponte já está feita, só é preciso atravessar e fazer o contato.
Para isso os alquimistas dispunham também da ajuda da Astrologia, pois as nossas diferentes matérias e energias são regidas individualmente pelos astros segundo as naturezas de cada um deles, e as circunstâncias mutáveis de cada momento. O crisol do alquimista estava sintonizado com o céu astrológico. Unha e carne. E tudo no tempo certo para acontecer.
O sol alquímico, que nós sempre imaginamos fora de nós, é a própria imagem do Divino, a manifestação do Invisível na Terra, como a gente propôs procurar na Missão deste blog. No célebre Raio da Criação descrito por Gurdjieff o nivel-sol é um dos degraus de materialidade dos 7 níveis no caminho para chegarmos ao Absoluto. Como fazemos para tomar contato?
Como a gente não é alquimista, deve ser prático, e ao invés de aprender como se faz Alquimia, já pode entrar em contato direto com o astro-rei, sua energia incrível e todos os benefícios que ela produz. Ela está aí à disposição, a menos que esteja chovendo ou nublado. Eu faço isso há mais de um ano, juntamente com milhares de pessoas no mundo inteiro, e outras milhões na história da humanidade, e venho me curando espantosamente do corpo e espírito, e vou continuar fazendo a vida toda. Na minha prática diária eu desperto o sol que já existe dentro de mim, mas está apagado pelas minhas sombras, minhas fraquezas, mazelas e defeitos. Quando eu conto a experiência do contato direto com a energia solar como um alimento, o pessoal olha de lado, desconfiado como eu fiz na minha vez, mas eu concordo que é uma idéia muito revolucionária para ser aceita assim de chofre.. Veja o assunto ‘Surya Yoga’, ou ‘Sun Gazing’, ou ‘HRM’ (Hira Ratan Manek). Qualquer dúvida depois, entre em contato. Teremos o maior prazer em explicar e ajudar.
Tereza Kawall, grande astróloga e taróloga, diz que o sol é o símbolo concreto da força vital, a imagem que traduz o espírito, a realização dos ideais, a claridade da consciência, a fertilidade e a renovação da vida. No plano divino, a carta do Sol indica clareza e confiança. É o que tenho sentido todo o tempo. Tá bom, ou quer mais?
Podemos trazer isso concretamente para dentro de nós. Agora. É só começar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Viagens fora do corpo

Na aba Quem escreve? porque? deste blog, eu falo rapidamente de uma experiência que tive aos 19 anos quando praticava respiração yoga à noite deitado na cama, orientado pela leitura de um livro do mestre e yogin Caio Miranda. Naquela época (velhos tempos) nem existiam academias de Yoga. A gente era autodidata e se virava sozinho. A busca interior era mais solitária.
Vamos falar disso agora.
Após o que eu penso que foram uns 90 minutos de prática, atento ao ritmo da respiração. entrei num profundo estado de calma. O coração diminuiu as pulsações e eu escutava o seu som perfeitamente dentro do meu ouvido. Eu via, como se tivesse um olho dentro do meu corpo, os meus órgãos, ossos, fluxos e ritmos. era uma mistura de ver e sentir. Instigante e nova. Subitamente, num átimo, o meu olhar estava fora do corpo, no canto superior do quarto e eu via, tranqüilamente, um corpo deitado na cama. Demorei um pouco para entender... Então daí a um instante caiu a ficha: Era eu, pô! Ou pelo menos o que eu entendia como “eu”, o meu corpo.
E sem muita cerimônia saí do quarto atravessando a parede - sem me perguntar como isso era possível -  e fui voando para a Rua das Bandeiras, esquina com a D. Pedro II, bem em cima da casa do Piero, amigo do peito e colega de classe no científico (era assim que chamava na época) no Américo Brasiliense. Era madrugada, tudo escuro, e não havia uma alma viva na rua. Nos anos 60 o povo todo dormia à noite (rsrs).
Comecei a experimentar o que eu achava que era um sonho, e não uma viagem-fora-do-corpo, pois nem sabia o que era isso. Naquela época ninguém tinha - acho eu -  cunhado a expressão sonhos lúcidos, onde você sabe que está sonhando e até dirige de certa maneira o sonho. Então eu agi como agia em criança: sacava que estava sonhando e saia fazendo artes, reinações, como dizia a Dona Josefina, minha saudosa genitora. Saí dando saltos enormes, saltos-vôos em câmera lenta, experimentendo...como se estivesse na gravidade leve da lua. Não sei quanto tempo durou tudo isso, porque perdi a escala de tempo, mas foi um grande barato.
E lá estava eu me divertindo, quando súbito no meio dos saltos, um pensamento-emoção se introduziu na minha mente: “não posso me afastar muito daqui, se acontecer algo - sei lá o que seria esse algo - eu posso não voltar mais para o corpo e morrer” e pimba! O coração aumentou a pulsação, a respiração se alterou e eu abri os olhos. Na cama, é claro.
Hoje, depois de muito sambar na vida, já sei do que se trata. Se soubesse na época, a experiência teria sido outra, fico até imaginando, deliciado nas minhas fantasias...
Então - chega de fantasía - vou passar a vocês um guia para quem estiver interessado no assunto. São 7 dicas de Robert Monroe para quem quiser viajar fora do corpo. Nem precisa comprar passagem.
Ele, americano, foi empresário, engenheiro de som, vidente, escritor sério e famoso, e bruxo da pesada. Escreveu 3 livros sobre o assunto (veja abaixo, ou no Google), e afirma que qualquer pessoa consegue viajar fora do corpo. Tudo que precisa é de pratica e da vontade de fazê-lo. A quem quiser tentar a Experiência Extra Corpórea (EEC) Monroe sugere os seguintes passos:
1-Num quarto escuro, onde você não seja perturbado, deite-se em posição confortável, com a cabeça em direção ao norte. Desaperte as roupas e tire relógio, jóias, etc;
2-Relaxe a mente e o corpo. Feche os olhos e respire de modo rítmico, mantendo a boca ligeiramente entreaberta;
3-Focalize uma única imagem, a medida que vai caindo no sono. Quando atingir aquele estado limítrofe entre a vigília e o sono relaxe ainda mais, concentrando-se na escuridão além de suas pálpebras;
4-Para induzir as vibrações que devam anunciar o início de uma EECs, focalize um ponto a cerca de 30cm de sua testa. Aos poucos, vá afastando o ponto de foco para uma distância de 2 metros, e desenhe uma linha imaginária paralela ao seu corpo. Focalizando esse plano, imagine as vibrações e faça-as penetrar em sua cabeça.
5-Assuma o controle das vibrações, guiando-as conscientemente através do corpo. Da cabeça para os pés e, depois, de volta. Assim que essas ondas puderem ser produzidas por comando mental, você estará pronto para tentar a separação do corpo.
6-Para deixar o corpo, concentre-se em quão agradável seria flutuar acima dele. Mantenha esses pensamentos e seu corpo astral deverá iniciar sua elevação.
7-Para retornar ao corpo físico, concentre-se apenas na reunião das duas partes.
Você provavelmente não terá sucesso em sua primeira tentativa. Não desanime!
Algumas (poucas) pessoas por mais que tentem nunca conseguem se projetar. Por medo ou crenças religiosas (algumas religiões, por exemplo, não admitem a existência desse fenômeno).
Você não corre qualquer risco de vida ao se projetar e nem fica mais exposto a doenças. A única coisa que deixa o corpo físico é o corpo astral (ou corpo energético, segundo outras tradições), e não você.
Você não corre o risco de ter seu corpo físico "possuído" por outro espírito enquanto se encontra projetado como nos filmes de ficção, ou nas séries de TV.
Na época eu nem segui as regras e deu certo.
É isso aí. Simples e de graça.

Conteúdo extraido, resumido e personalizado de 3 best sellers: Viagens fora do corpo (Journeys Out of the Body), Viagens além do universo (Far journeys), A última jornada (Ultimate Journey).
Coisa finíssima de se ler.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Recapitulação

A Recapitulação é uma atividade tolteca especializada do espreitador (aquele que busca a compreensão pela via da ação no mundo, diferentemente do sonhador). No cristianismo esotérico monástico aquele era chamado ativo em contrapartida a este, o contemplativo. Na conceituação gurdjieffiana aquele era o obyvatel, o dono de casa, o mantenedor. A recapitulação existe de formas parecidas na maioria das tradições autênticas e genuinas. É um tipo de "video tape", uma cópia que nos é permitida para refazer a "lição de casa" da nossa vida com atenção. Através da recapitulação você revive de fato (não é só um recordar) as experiências passadas, desta vez com o crivo da atenção, e então as rotinas da sua vida e relacionamento são impiedosamente expostas a si mesmo, para serem dissecadas e neutralizadas pela Consciência. É um "se dar conta" da prisão mecânica individual em que estamos e procurar escapulir. Há um prazer atávico em escapulir da prisão. É a vocação e o prêmio para o ser humano que busca o Si Mesmo. Mas poucos conseguem.
Você já percebeu como as pessoas gostam de filmes e histórias de prisioneiros que escapam? A Fuga de Alcatraz, Papillon, O Conde de Monte Cristo, ou mesmo Robinson Crusoe são exemplos fascinantes e mágicos dessa aventura da fuga da prisão...
A componente da socialização em nossas vidas, ao nos cristalizar num jeitão específico e política e socialmente corretos, nos torna padronizados e monotonamente repetitivos no nosso relacionamento com as pessoas, com o mundo que nos cerca, e também conosco mesmo. É um círculo vicioso sem fim. A prisão da socialização é a morte em vida, mas temos que passar inicialmente por ela, e só depois buscar a liberdade. Conscientemente.
A recapitulação é uma prática que traz isso à tona e inicia gradualmente o processo de transformação. 
A recapitulação se resume em um reviver, como um flash back, cada pessoa e situação da nossa vida. A prática está associada a um ritual de respiração onde eu vivo novamente a cena do passado ao inspirar e a descarto ao expirar, e com isso me livro das amarras de energia que recebi e dei na ocasião. Já que é um trabalho para a vida inteira e mais além, a recapitulação exige no início muita energia, determinação e paciência. Os aprendizes xamânicos no antigo México passavam muito tempo recapitulando. Nossa tendência é sempre adiar, procurar uma ocasião mais propícia para iniciar a prática, mas o Nagual (o mestre tolteca) deixa claro que o melhor momento para começar é sempre agora...
Ele diz que a totalidade de um caminho se resume em seu primeiro passo. Isso significa que as condições ideais são aqui e agora.
Se atentarmos para o fato de que através da recapitulação o espreitador engendra um meio de atender uma exigência inexorável do Mar Escuro da Consciência (a Águia), dando a ele as experiências pessoais vividas, e reivindicadas na hora da morte – e espertamente ficando com a vida (consciência), – não há dúvida de que essa é a atividade mais importante de nossas vidas, ou seja, procurar manter a consciência individual em evolução, mesmo sem mais possuir o corpo físico. Alguns chamam isso de imortalidade.
Com a passagem dos anos, o inevitável sentimento de urgência que sutilmente começa a aparecer  no ser humano comum, vai deixar claro que não estamos atendendo nesta vida a nossa mais alta vocação e potencialidade de ser humano, que é levar nossa consciência ao infinito. A recapitulação é uma oportunidade e como tal não deve ser ignorada ou subestimada. Da mesma forma que os hindus afirmam que é um privilégio nascer com a forma humana, é também um privilégio ter tido contato com tal ensinamento e prática nesta atual existência.
No livro O Poder do Silêncio, leitura fascinante, página 64, Don Juan diz a Carlos Castaneda:
“- Asseguro que durante nossas vidas ativas nunca temos a chance de ir além do nível da mera preocupação, porque desde tempos imemoriais a rotina dos afazeres diários nos entorpeceu. É apenas quando nossas vidas quase se encontram por terminar que nossa preocupação com o destino começa a assumir um caráter diferente. Começa a fazer-nos ver através da neblina das ocupações diárias. Infelizmente, esse despertar sempre vem de mãos dadas com a perda de energia causada pelo envelhecimento, quando não temos mais força para transformar nossa preocupação em descoberta pragmática e positiva. Nesse ponto, tudo o que nos é deixado é uma angústia amorfa e penetrante, um desejo por algo indescritível, e a simples raiva por ter errado o alvo.”
Deu um frio na espinha, né?
Então, como diz o Gil na música: "Se oriente rapaz..."

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Pássaro da Liberdade

Na tradição tolteca mexicana a palavra tolteca tem um significado diferente do conceito antropológico usual. Naquela, o tolteca é o Homem de Conhecimento, o buscador de si mesmo, o xamã, ou então o bruxo ou feiticeiro, como as pessoas comuns os chamavam ao não compreendê-los. Na história da humanidade, aliás, o bruxo ou feiticeiro é sempre aquele que eu não entendo e por isso o segrego. E se puder, o queimo na fogueira.
 Na verdade o feiticeiro era um buscador sofisticadíssimo e incansável do mistério do Ser, da imortalidade, da liberdade, um guerreiro impecável que chamava a sua busca interior de um Namoro com o Conhecimento... Evolução e poesia. Mercúrio e Vênus.
O que os feiticeiros toltecas sabiam sobre os conceitos complexos da Consciência, Percepção e Atenção, as ciências atuais da Psicologia e Parapsicologia estão hoje apenas começando a arranhar. Com todo o respeito.
Quem ouve Don Juan falando na obra de Castaneda não acredita. É muita areia para o nosso caminhãozinho. Como era possível? Eles não eram índios? Atrasados? Esse conceito está mudando...
O pássaro da liberdade ou da sabedoria, era um dos conteúdos concretos e importantes e ao mesmo tempo simbólicos e poéticos que adornavam essa cultura milenar.
Diziam que a feitiçaria, o xamanismo, essa busca, era um pássaro mágico e misterioso que interrompia seu vôo por um momento, de modo a dar esperança e propósito a poucos seres humanos que buscavam a si mesmos. E que os feiticeiros vivem sob a asa desse pássaro, e o alimentam com sua dedicação e impecabilidade. Seu vôo era sempre uma linha reta. Uma vez que não havia maneira de fazer uma volta quando passava, ele podia fazer apenas duas coisas: levar o feiticeiro consigo, ou deixá-lo para trás. A escolha era do feiticeiro. Sem muita conversa.
O discípulo teria que seguir o nagual, o mestre, incondicionalmente, pois é ele que atraia o pássaro da liberdade e o levava a lançar sua sombra sobre o caminho do guerreiro, que não podia ter dúvidas nem problemas em deixar tudo para trás. Ele já compreendera perfeitamente que não havia uma segunda oportunidade. O pássaro da liberdade ou os levava consigo ou deixava-os para trás. O pássaro da liberdade tinha muito pouca paciência com indecisão e, quando voava para longe, nunca regressava. Nunca.
O mundo dos feiticeiros é um mundo mítico, separado do cotidiano por uma barreira misteriosa feita de sonhos e compromissos, mas ao mesmo tempo muito pragmático, muita ação e pouco mental. Somente se o nagual for apoiado e sustentado por seus companheiros sonhadores é que pode guiá-los a outros mundos viáveis, de onde pode atrair o pássaro da liberdade. Ele precisava da energia dos sonhos lúcidos, não sentimentos e atos mundanos.
Eles diziam que o preço da liberdade interior é muito alto. A liberdade só pode ser obtida sonhando-se sem esperança, estando-se disposto a perder tudo, mesmo o sonho. Para alguns de nós, sonhar sem esperança, é o único meio de acompanhar o pássaro da liberdade...
Coisa de gente grande.

domingo, 7 de novembro de 2010

A auto importância

A auto importância, ou importância pessoal, ou o pecado capital do orgulho, a grande arma do ego, é um dos temas de maior relevância no caminho de evolução proposto em todas as tradições, uma delas os toltecas do Antigo México.
Eles se auto identificaram como feiticeiros, mas quem já leu a obra de Carlos Castaneda e outros, percebe que são buscadores sofisticadíssimos dos segredos da percepção humana com o objetivo prático de se libertar de suas amarras interiores e se permitir  trilhar o caminho da liberdade total. A moderna psicologia está agora começando a tatear o conhecimento da percepção, atenção e consciência humanas para chegar onde eles já chegaram há milhares de anos sem a ajuda da tecnologia atual. Só com trabalho interior.
A prática de abandonar o senso de auto importância, ao lado de outras abaixo, é uma condição sem a qual não se pode progredir no caminho da busca interior, o caminho da evolução real.
A prática de Tensegridade (Passes Mágicos) ensinada pelos toltecas antigos e modernos, redistribui e portanto fornece energia ao praticante, mas para que?
Se não aplicarmos essa energia obtida com a prática dos Passes Mágicos incansavelmente nas outras tarefas destinadas a nos modificar, corremos o risco de nos transformarmos em seres fortes, porém mais auto importantes e arrogantes ainda, pelo simples fato de sermos fortes.
Não se entra em nenhum céu, nirvana, satori, reino dos deuses, ou em qualquer estado superior de consciência conservando o jeitão interior que nós adquirimos a partir do consenso social. Todas as tradições indistintamente falam em mudar, acordar, transformar-se, renascer...
A nossa sugestão, como guerreiros que somos por vocação, é tomar essas práticas e começar a desenvolver exercícios concretos, diários, e então impecavelmente nos espreitarmos nessa luta diária conosco mesmos. É disso que trata a obra de Castaneda dentro da linhagem dos toltecas do antigo México.
Vamos então nos perguntar:
- Tomei consciência de que eu preciso mudar? Estou praticando todo o dia, o dia inteiro, a todo o instante? Estou fazendo a prática a partir da minha vontade, do meu hara, do meu umbigo? Estou fugindo, disfarçando, justificando? Estou me avaliando regularmente nas anotações do meu Diário de Navegação? Estou me colocando pacientemente no agora, que é o único lugar possível ao ser humano que busca?
Essas práticas podem e devem ser acompanhadas pacientemente pelo buscador.
Como técnica de auto-espreita , pode-se tentar formular exercícios simples para cada prática listada abaixo. Elas estão interligadas e mobilizam nossos três principais centros, mental, emocional e físico, e são o decálogo do trabalhar sobre o ego::

1- procurar de uma forma simples e concreta abandonar o senso de auto importância em nossas ações rotineiras,

2- recapitular regular e imparcialmente os fatos da minha vida (o dia, o ano, o passado, a vida toda),

3 - reorganizar a vida pessoal em função da busca. A busca é o mais importante, a vida é só o meio.Esse é o significado oculto do lema da Escola Iniciática de Sagres: Navegar é preciso, viver não é preciso...

4 - tentar apagar a história pessoal, que nos aprisiona.

5 - quebrar as rotinas e hábitos. Eles nos cristalizam em torno do ego.

6 - assumir toda a responsabilidade pelos nossos atos.

7 - usar a morte como conselheira.

8 - praticar o não fazer.

9 - levar a atenção à sensação, à respiração.

10 - praticar o relaxamento.


É muito? Claro que é. Vamos fazer pelo menos uma. Devegar. Há muitos caminhos...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Kali Yuga

Nesses tempos atuais de Kali Yuga (a Era de Ferro da terrível deusa hindu Kali), onde o caos corre solto no planeta, basta olhar em volta e ver que algo não vai bem. Em tudo. Só cego não vê...
Há uma inversão de valores que confunde a todos e gera confusão, medo, ódio, apego. Um caos. É só ligar a TV ou sair à rua e ver. Às vezes nem precisa sair de casa...
A gente há muito tempo se desligou da Fonte, da Natureza, do Centro, e precisa se religar, senão é ferro na boneca, como dizia o Caetano.
A volta para a casa do pai é um processo às vezes longo, às vezes doloroso, mas curiosamente sempre gratificante e prazeroso.
O outro lado bom da moeda, porém, é que ao mesmo tempo em que o catastrofismo assustador nos pega, graças a Deus, como um pêndulo Ying e Yang vemos a semente do oposto e complemento brotando: uma busca interior intensa, apesar de ainda confusa, em todos os confins do planeta. Observe como há um bocado de gente buscando o Si Mesmo, cada um falando uma linguagem, uma tradição, mas aumentando o número a cada dia que passa... Há 50 anos atrás, eu me lembro, falava-se pouco de Budismo, Yoga, Acupuntura, Tantra, Xamanismo, há 40 anos, de Medicina Ayurvédica, Tai Chi, viagens astrais, há 20 de Surya Yoga, cromoterapia, sufismo, há 10 de Escola dos Deuses, Ho’oponopono, e por aí afora...Está certo que há muita confusão, muito falso guru, falsos profetas, mau uso do sagrado, vendilhões do templo, o diabo, mas também é o prenúncio de uma transformação em fase inicial. Todo nascimento é turbulento. A transformação está estampada astrologicamente no Cardinal Climax. Digite isto no Google e veja o significado disso, mas sem essa angústia de “final dos tempos” que está por aí. Na verdade é um “início dos tempos”. É incrível estarmos vivos hoje, presenciando isso tudo. Um presente raro.


E já que é assim, vamos recordar que cada um de nós deve ser a ponte entre o Céu e a Terra formando uma via dupla para a energia que sobe e desce, vivendo a todo instante o que o Mais Alto nos apresenta, seja agradável ou não: isso é viver a nossa vocação como seres humanos, ou seja,  a experiência da harmonia e da dor de sermos pontífices, ligando as duas pontas. O Kali Yuga é tempo para gente forte e esperta, como nós. Não estamos aqui por acaso, pois não existe acaso no Universo. Se for desagradável, ótimo: encaramos como um desafio para nos aprimorarmos. Só o que é difícil interessa. Se for agradável, ótimo, que também ninguém é de ferro. Estamos aqui para isso, foi cada um de nós que escolheu, então mãos à obra. Assim. Simples. Sem muita conversa mole...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Energia Sexual e os videntes toltecas

A energia sexual é um tema de natureza oculta e portanto sempre resistiu a ser submetida aos processos de análise e entendimento das diversas culturas. Ela sempre provoca uma discordância, senão um conflito entre os aprendizes e mesmo “mestres” das “escolas” de trabalho interior.
É considerada pelas tradições genuínas como a própria energia da criação do Universo, e portanto tingida pelo mesmo mistério primordial do nascimento, existência e finalidade do cosmos.
Os círculos mais esotéricos das tradições, que apropriadamente a compreendem  como uma energia neutra e portanto sem conotações de bem ou mal, obviamente não tem meios de passar esse conceito de entendimento para os níveis exotéricos (exteriores) do grupo social . Isso fica então, infelizmente, a cargo das religiões, culturas, escolas, famílias e demais grupos de “socialização”, que passam a mensagem sempre acompanhada das noções de moral, controle social, culpa, julgamento e penas pelo que consideram o seu “mau uso”. Sem falar no poder disfarçado desejado e exercido por esses grupos através do “ensinamento”.
Os toltecas, ou os Videntes do Antigo México, uma tradição comparável às mais antigas do planeta, e da qual Castaneda é o expoente mais conhecido atualmente, tem uma visão muito particular e precisa sobre a energia sexual. Ela é exposta nos 12 livros que compõem a obra, e mais 3 dos aprendizes diretos (Florinda Donner-Grau, Taisha Abelar e o índio Armando Torres).
De acordo com essa visão, há dois conceitos importantes que irão definir o que fazer para usar de forma adequada a energia sexual, com vistas ao desenvolvimento interior:
  • Primeiro: não há uma “questão sexual” genérica, mas casos particulares individuais conforme se a pessoa foi ou não gerada por uma relação sexual energética (amorosa) ou aborrecida (habitual) de seus pais. Nesta última hipótese a pessoa terá pouca energia para usar no seu desenvolvimento interior e deverá então economizar a pouca energia que tem, de preferência praticando o celibato. Na outra hipótese, não.
  • Segundo: há também uma diferença de tipo, se você for, por natureza, ou um sonhador (ou contemplativo) ou um espreitador (ou ativo). No primeiro caso o aprendiz deve economizar a energia, no segundo não é necessário. Aqui se compreende a inutilidade das teorias modernas dos "sexólogos" divorciada da tradição de trabalho interior.
Don Genaro dizia jocosamente a Castaneda (O Fogo Interior, pag. 65) que ele era um caso de celibato:
"- O nagual Julian costumava afirmar que fazer sexo é uma questão de energia - começou Genaro. - Por exemplo, ele nunca tinha quaisquer problemas em fazer sexo, porque possuía enormes quantidades de energia. Mas olhou para mim e determinou imediatamente que "o meu pinto era apenas para mijar". Disse-me que meus pais estavam muito aborrecidos e muito cansados quando me fizeram; disse que eu era o resultado de uma relação muito aborrecida, uma "cojida aburrida".
O que compete a cada um parece ser "como estrategicamente descobrir qual é o seu tipo individual", e agir da forma mais impecável conforme o caso, economizando (ou não) a energia, e canalizando-a para o seu desenvolvimento interior.