domingo, 24 de junho de 2012

Diminuir a bagagem

O Louco - Tarot de Marselha
 Hoje o assunto é um bate-papo intimista ao pé do fogo, sobre um tema caro a todas as tradições autênticas: diminuir a bagagem. Aquela que a gente acumula nas nossas experiências de vida, não só dos grandes momentos mas da tralha miúda do dia-a-dia com a labuta, o di-nhei-ro, o outro, a fila do banco e do supermercado, o trânsito infernal, o metrô, as notícias, os políticos, os amigos, inimigos, enfim tudo o que se transforma em hábitos corporais, emocionais, sentimentais, e escondidamente se deposita nos nossos corpos, desde os mais densos até os mais sutis...
Precisamos fazer isso, jogar o excesso de bagagem que acumulamos nessa vida, para passar pelo controlador deste trecho da viagem, que no fundo somos nós mesmos, sorrindo com aquela leveza de quem nada deve. Diferentemente dos vôos de avião, não pagaremos pelo excesso de bagagem, apenas não levaremos nada. Simples assim. Já pensou?  E eles nem avisam na hora do check in. Só quando o avião decola para a viagem é que neguinho nota que a bagagem ficou. Tudinho. Pior que isso, a vítima está nua. Não das suas vestes, mas do próprio corpo mesmo. Só restou uma consciência que está vendo tudo. Cruis credo!
Diminuir a bagagem é só uma força de expressão: precisamos mesmo é zerar tudo. Não vamos precisar de nada no nosso destino do outro lado. Como disse  Armando Torres, o índio descendente dos toltecas, no livro “Encontros com o Nagual”, estamos de passagem, somos viajantes temporários e estamos num mundo-prisão”. Vamos embora sem levar nada". Nem ao menos o corpo e a mente ...Então, uma boa técnica é a gente começar a treinar esse diminuir a bagagem com as coisas pequenas no nosso dia-a-dia.
Algo me diz que a Presença é um meio eficaz de zerar a bagagem antes mesmo de ela se transformar em bagagem, porque percebo que se a gente se dedicar de fato a entender o mecanismo e agir no momento exato em que percebemos que estamos guardando o lixão no sótão, ou seja emoções, mágoas, ódios, más lembranças (para carregar pelo resto da vida) o processo de guardar não acontece.  A gente só acumula quando não está ciente de Si Mesmo, está identificado com as coisas, os bens, as posições, as emoções, as idéias e conceitos. Está distraído, apegado, enfim... está dormindo.
O Apego do ego nos faz guardar as nossas experiências de uma forma tão ciosa e intensa que parece que vamos levá-las para sempre conosco, o que absolutamente não é o caso. A pergunta aqui é “o que vamos de fato levar conosco para a outra encadernação” (rsrs), e que nos obriga a ficar aumentando a bagagem a níveis insuportáveis? Com certeza não levaremos nada que esteja na mente, talvez nem ela própria, mas uma outra mente não individualizada, novinha em folha, zerada. A nossa missão, já dissemos, é gerar Consciência para o grande reservatório do Mar Escuro da Consciência, mas não guardar as experiências vividas para sempre conosco. Como já dissemos em várias postagens, como A Recapitulação, O Mar Escuro da Consciência, O Desnate - O mistério da Percepção desvendado, devemos na hora da morte entregar voluntária e conscientemente as nossas experiências vividas, para poder morrer conservando a Consciência após a morte, na forma conhecida pelos toltecas como “a liberdade total”. Meu grande amigo Constantino, (www.clubedotaro.com.br/) astrólogo e tarólogo, está sempre fazendo essa pergunta incômoda. Um chato... Ele diz: “porque espíritos evoluídos como os grandes lamas tibetanos ao renascerem, mesmo reconhecendo os seus pertences que usaram em outras vidas, tem, como bebês que são, que ser ensinados novamente na vida corriqueira e na tradição budista como um outro ser humano qualquer? O que permaneceu?”. Nem ao menos o corpo, a mente comum, as experiências, o carro importado, o nosso grande amor, o apartamento em Paris, ou Carapicuiba, sei lá...
Eu, particularmente descobri vários aspectos do meu “agarrar e guardar na bagagem”: primeiro sinto que não tenho muita dificuldade com os bens materiais, fato que martiriza muita gente. Posso ter e viver com pouco, e a idéia de perder o que tenho me preocupa,  mas não tira o sono por completo. Mas isso não é vantagem nenhuma, porque a coisa me pega quando se trata de mudar ou aceitar novas idéias, conceitos intelectuais, “princípios”. Na verdade nada de novo, só muda a materialidade da bagagem, porque são as mesmas coisas a que a gente se apega e guarda em alguma fase da vida,  e que passam a formar a estrutura na qual o ego se apóia, dando a falsa noção de identidade, de “eu sou”.  Isso é a bagagem, cumpadre e cumadre. Varia só o tipo da tralha.
Quando se está alerta no presente, a gente vê o processo se desenrolar à nossa frente e passa a ter uma mão no jogo, ou pelo menos a possibilidade, mesmo que remota, de ver os contornos, o gosto desse agarrar, e então tomar a decisão alternativa de não agarrar, ou pelo menos se observar agarrando, ter ciência de que está agarrando e qual é o preço a pagar. Quando não estamos alertas, viramos nós  mesmos o combustível do processo com toda a dor associada a ele. Caímos na “máquina de moer carne” e saímos salsicha do outro lado.
Nada disso aconteceria sem o Apego, simbolizado na mandala da Roda da Vida pelo galo, essa energia alerta e escondida lá no fundo de nós mesmos e que gera e dá combustível ao agarrar. Falamos do Apego em pelo menos 3 postagens, A Ignorância, o Apego, o Ódio, O Apego, como ele nos fisga, como se soltar... , O Sonho - Visão Budista. Nessa última, o Budismo, uma tradição extremamente pragmática e conhecedora profunda dos nossos veículos de expressão e desse “estar no mundo”, chega ao capricho de mostrar o caminho do Apego dentro de nosso corpo físico e energético: um canal que entra na narina esquerda, sobe  contornando o lado do cérebro e desce ao lado da coluna até um ponto interno a 4 dedos abaixo do umbigo. Aí está o mapa do Apego. Quando respiramos o ar juntamente com a Energia Vital (o prana esverdeado), ele faz esse percurso eliminando a energia ruim que é expulsa no topo do canal central no chakra coronário no alto da cabeça e substituindo-a pela nova energia, verdinha em folha.  Aliás, é curioso o fato de que a cor verde-claro do prana ou Energia Vital,  tão querida da Natureza e da Ecologia, é associada ao planeta Vênus, o mesmo que rege o Amor. Coisas do Invisível.
Quanto mais fizermos esse percurso conscientemente na respiração rotineira, presentes no Agora, mais estaremos em contato saudável com o nosso Ser. Beleza pura.
O Tarot, uma das tradições de profundo conhecimento interior mais caras e autênticas da raça humana, tem uma carta inspiradora que ocorre sobre o tema diminuir a bagagem. É a carta O Louco. Afora interpretações contraditórias sobre se essa carta deveria ser a carta 0 (zero), a 21 ou a 22, a letra 21 do alfabeto hebraico, “Shin”, é dita ser atribuída ao Arcano “O Louco” e se acrescentava que o nome esotérico do Arcano é... Amor.
A figura do Arcano O Louco é um homem vestido com a roupa de bobo da corte caminhando apoiado num bastão na mão direita e levando uma pequena trouxa suspensa por outro bastão apoiado no ombro direito. Caminha atacado por trás por um cão que lhe rasga a roupa, do qual não se defende com o bastão. Um louco do bem, associado a figuras como Dom Quixote, o Judeu errante, Dom Juan (o espanhol, não o tolteca), Orfeu, e Fausto (de Goethe).  
Segundo o livro Meditações Sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô, de um autor profundo e anônimo como os que construíram as catedrais góticas, e que considero o que de melhor já se escreveu sobre o tema, a carta do Louco ensina a habilidade de passar do conhecimento intelectual para o superior, devido ao amor. Como disse acima, foi feito de encomenda para mim, e tantos outros que julgam erroneamente que a bagagem inconveniente é feita só de coisas concretas como dinheiro e posses materiais, e que as idéias não se aplicam ao caso. Na verdade, o que vemos no mundo é que os defensores de idéias são tão ou mais ferrenhos que os das coisas materiais. As guerras provém de idéias geradas pelos seres humanos adormecidos que comandam os povos, segundo Gurdjieff, após um momento astrológico de fricção entre dois corpos celestes.
O Arcano O Louco pode ser compreendido como um modelo com duas vertentes. Ou o intelecto pode ser sacrificado a serviço da consciência transcendental como fizeram Santa Tereza D’Ávila e São João da Cruz, onde ele era absorvido pela Presença Divina em seus arrebatamentos, ou pode ser abandonado simplesmente como fazem os dervixes giradores e monges Zen que experimentam uma parada do intelecto em suas práticas. Ainda nessa linha de abandonar, estão os monges budistas que praticam o Dzogchen, ou seja não se muda nada no mundo,  apenas deixa-se fluir e observa-se no Agora.
A fusão do intelecto com o espiritual é o matrimônio do Sol e da Lua do qual resulta o terceiro princípio, chamado na Alquimia de “pedra filosofal”, que simbolicamente transformava os metais em ouro.
Não há nada de errado com o intelecto, apenas ele deve ser conscientemente “sacrificado” à espiritualidade através da Meditação. Ele deixa de ser o condutor e orientador da vida e é silenciado no vazio, dando um espaço para que algo realmente transcendental desça. O Cristianismo Esotérico chama isso de A Graça. A Meditação é um meio de se despertar a Consciência como um todo para as revelações do alto e não apenas o Intelecto que é uma ferramenta inadequada para isso.
Sacrificar o Intelecto é uma espécie de morrer, o que deixa o ego muito incomodado, mas quem tenta isso com persistência e fluidez começa a perceber em instantes do dia-a-dia sentimentos sutis e fugidios que vem de algum lugar insondável, mas que dão ao praticante uma inefável e agradável certeza de que ele está no caminho certo.
Comece a sacrificar o intelecto para diminuir a bagagem, tentando ficar 30 segundos sem pensar em nada. Pauleira pura, companheiros de jornada...

domingo, 17 de junho de 2012

O Alquimista - O Que Ele Faz?

O texto abaixo foi escrito há mais de 40 anos em um livro que foi pouco lido se considerarmos a sua vocação de abrir as mentes racionais para os segredos fascinantes do Invisível.
Hoje, pela pressão da descoberta de "um novo pensar" pelos cientistas mais afeitos ao chamado Realismo Fantástico, ele passa a ser curiosamente atual. A ciência está descobrindo o Invisível, e já fala hoje em "matéria escura", “dobras do tempo”, “dimensões paralelas”, com uma naturalidade impensável naquela época onde a vanguarda do conhecimento só tomava paulada, a exemplo da Inquisição, ou o que é pior, modernamente, recebendo sorrisos superiores de escárnio dos sabichões classistas e “guardas da ciência”. Felizmente cada vez mais o cientista está, independente disso, tornando-se um profissional eclético, multifacetado e pontífice entre o conhecimento da matéria e do interior do humano, e sem muito equipamento sofisticado, só mente aberta e contemplativa como fizeram Platão, Einstein e outros. Já estava na hora...
Como salientamos na postagem O Diálogo Interno a medicina taoista chinesa "acessou" o mapa energético da Acupuntura no corpo físico dos seres humanos, animais e plantas sem conhecer nenhum equipamento eletrônico, por menos sofisticado que fosse. Como isso foi possível? Uma dica: contemplação e silêncio do mental. Ou talvez, como dizem os adeptos dos Alienígenas do Passado, “deuses” de outros ciclos planetários. Quem sabe? Temos aí um assunto relevante de pesquisa. Quem se habilita?
Mas vamos lá aos alquimistas:

“O alquimista moderno é um homem que lê os tratados de física nuclear. Está convencido de que se podem obter transmutações e fenômenos ainda mais extraordinários por meio de manipulações e com um material relativamente simples. É nos alquimistas contemporâneos que se torna a encontrar o espírito do investigador isolado. A conservação de um tal espírito é preciosa para a nossa época. De fato, acabamos por acreditar que o progresso dos conhecimentos já não é possível sem equipes numerosas, sem uma enorme aparelhagem, sem um financiamento considerável. Ora “as descobertas fundamentais, como, por exemplo, a radioatividade ou a mecânica ondulatória, foram realizadas por homens isolados”. (Nota da redação: a Teoria da Relatividade de Einstein também, e sem equipamentos a não ser a sua massa cinzenta). A América, que é o país das grandes equipes e dos grandes processos, espalha atualmente agentes pelo Mundo inteiro em busca de espíritos originais. O diretor da investigação científica americana, o doutor James Killian, declarou em 1958 que era prejudicial confiar-se apenas no trabalho coletivo e que achava necessário que se fizesse apelo aos homens solitários, portadores de idéias originais. Rutheford efetuou os seus trabalhos mais importantes sobre a estrutura da matéria com latas de conserva e pedaços de barbante. Jean Perrin e Madame Curie, antes da guerra, enviavam os seus colaboradores ao Mercado das Pulgas aos domingos em busca de um pouco de material. Evidentemente, os laboratórios com aparelhagem poderosa são necessários, mas seria importante organizar uma cooperação entre esses laboratórios, essas equipes, e os originais solitários. No entanto, os alquimistas furtam-se ao convite. A sua lei é o segredo. A sua ambição é a ordem espiritual. "Está fora de dúvida, escreve René Alleau, que as manipulações alquímicas servem de suporte a uma ascese interior. Se a alquimia contém uma ciência, essa ciência é apenas um meio de atingir a consciência”. Importa, portanto, que não saia para o exterior, onde se transformaria num fim.

Qual é o material do alquimista? O mesmo do investigador de química mineral de altas temperaturas: fornos, crisóis, balanças, instrumentos de medição, aos quais se vieram juntar os aparelhos modernos acessíveis de controle das radiações nucleares: contador Geiger, cintilômetro, etc.
Esse material pode parecer irrisório. Um físico ortodoxo nãopoderia admitir que é possível fazer um cálculo emitindo nêutrons por processos simples e econômicos. Se as informações que temos são autênticas, os alquimistas conseguem-no. Na altura em que o elétron era considerado o quarto estado da matéria, inventaram-se dispositivos extremamente onerosos e complicados para produzir correntes eletrônicas. Após o que, em 1910, Eister e Gaitel demonstraram que bastava aquecer cal ao rubro no vácuo.
 Não sabemos tudo a respeito das leis da matéria. Se a alquimia é uma ciência em avanço sobre a nossa, usa processos mais simples do que os nossos.
Conhecemos vários alquimistas na França e dois nos Estados Unidos. Eles existem na Inglaterra, na Alemanha e Itália. E.J. Holmyard diz ter encontrado um em Marrocos. De Praga escreveram-nos três. A imprensa científica soviética, atualmente, parece ter grande interesse na alquimia e realiza investigações históricas.

“E agora vamos tentar, pela primeira vez, segundo cremos,descrever com precisão o que faz um alquimista no seu laboratório.”
Não pretendemos revelar a totalidade do método alquímico,mas julgamos ter, a respeito desse método, alguns conhecimentos de certo interesse. Não esquecemos que “a última finalidade da alquimia é a transmutação do próprio alquimista, e que as manipulações não passam de um lento caminhar em direção à "libertação do espírito". É sobre essas manipulações que tentamos apresentar novos esclarecimentos.
Em primeiro lugar, durante vários anos, o alquimista decifrou velhos textos onde "o leitor se deve embrenhar desprovido do fio de Ariadne mergulhado num labirinto no qual tudo foi preparado consciente e sistematicamente a fim de lançar o profano numa inextricável confusão mental". Paciência, humildade e fé elevaram-no a um certo nível de compreensão desses textos. Nesse nível vai poder iniciar realmente a experiência alquímica. Vamos descrever essa experiência, mas falta-nos um elemento. Sabemos o que se passa no laboratório do alquimista. Mas ignoramos o que se passa no próprio alquimista, na sua alma. Pode dar-se o caso de que tudo esteja ligado. Pode ser que a energia espiritual represente um papel nas manipulações físicas e químicas da alquimia. Pode ser que uma certa forma de adquirir,concentrar e orientar a energia espiritual seja indispensável ao êxito do "trabalho" alquímico. Não é certo, mas, em questão tão delicada, não podemos deixar de reservar um lugar para a frase de Dante: "Vejo que acreditas nestas coisas porque sou eu a dizer-te, mas não sabes o porquê, de forma que por serem acreditadas nem por isso estão menos escondidas".
O nosso alquimista começa por misturar muito bem, num almofariz de ágata, três constituintes. O primeiro, numa percentagem de 95 %, é um minério: uma pirita arseniosa, por exemplo, um minério de ferro que contém especialmente, como impurezas, arsênico e antimônio. O segundo é um metal: ferro, chumbo, prata ou mercúrio. O terceiro é um ácido de origem orgânica: ácido tartárico ou cítrico. Vai moê-los e triturá-los com as mãos, depois conserva a mistura durante cinco ou seis meses. Em seguida aquece tudo num crisol. Aumenta progressivamente a temperatura e faz com que a operação dure cerca de dez dias. Deverá tomar certas precauções. Há gases tóxicos que se evolam: o vapor de mercúrio e sobretudo o hidrogênio arsenioso, que matou mais de um alquimista, logo no início dos trabalhos.
Finalmente dissolve o conteúdo do crisol com um ácido. Foi procurando um dissolvente que os alquimistas de outrora descobriram o ácido acético o ácido nítrico e o ácido sulfúrico. Essa dissolução deve efetuar-se sob uma luz polarizada: quer uma réstia de luz solar, refletida num espelho, quer a luz da Lua. Sabe-se hoje que a luz polarizada vibra numa única direção, ao passo que a luz normal vibra em todas as direções em redor de um eixo.
Em seguida evapora o líquido e recalcina o sólido. Recomeça essa operação milhares de vezes, durante vários anos. Porquê? Ignoramo-lo. Talvez na expectativa do momento em que as melhores condições estejam reunidas: raios cósmicos, magnetismo terrestre, etc. Talvez a fim de obter uma "fadiga" da matéria em estruturas profundas que nós ainda ignoramos. O alquimista fala de paciência sagrada, de lenta condensação do espírito universal. Há certamente qualquer outra coisa atrás desta linguagem para-religiosa.
Esta forma de operar repetindo indefinidamente a mesma manipulação pode parecer demencial a um químico moderno. Ensinaram-lhe que há um único método experimental válido: o de Claude Bernard. É um método que age por meio de variações concomitantes. Repete-se milhares de vezes a mesma experiência, mas fazendo variar, um dos fatores de cada vez: proporções de um dos constituintes, temperatura, pressão, catalisador, etc. Anotam-se os resultados obtidos e deduzem-se algumas das leis que regem o fenômeno. É um método que deu as suas provas, mas não é o único. O alquimista repete a sua manipulação sem a menor alteração, até que qualquer coisa de extraordinário se produza. No fundo, acredita numa lei natural bastante comparável ao princípio de exclusão formulado pelo físico Pauli, amigo de Jung. Para Pauli, num dado sistema (o átomo e as suas moléculas), não podem existir duas partículas (elétrons, prótons, mésons) no mesmo estado. Tudo é único na natureza: "a vossa alma não tem outra semelhante..." É por isso que se passa bruscamente, sem intermediário, do hidrogênio ao hélio, do hélio ao lítio e assim indefinidamente, como o indica, para o físico nuclear, a Tabela Periódica dos Elementos. Quando se junta uma partícula a um sistema, essa partícula não pode tomar nenhum dos estados existentes no interior desse sistema. Toma um novo estado e a combinação com as partículas já existentes cria um sistema novo e único.
Para o alquimista, da mesma forma que não existem duas almas semelhantes, dois seres semelhantes, duas plantas semelhantes (Pauli diria: dois elétrons semelhantes), não há duas experiências semelhantes. Se se repetir milhares de vezes uma experiência, qualquer coisa de extraordinário acabará por se produzir. Não somos bastante competentes para lhe dar ou não razão. Contentamo-nos em observar que uma ciência moderna, a ciência dos raios cósmicos, adotou um método comparável ao do alquimista. Essa ciência estuda os fenômenos causados pelo aparecimento, num aparelho de detecção ou sobre uma chapa, de partículas com energia formidável, vindas de estrelas. Estes fenômenos não podem ser obtidos segundo a nossa vontade. É preciso esperar. Por vezes registra-se um fenômeno extraordinário. Foi assim que no Verão de 1957, no decorrer das investigações feitas nos Estados Unidos pelo professor Bruno Rossi, uma partícula animada de uma energia formidável, jamais registrada até ali, e vinda talvez de outra galáxia sem ser a nossa Via Láctea, impressionou 1500 calculadores ao mesmo tempo num raio de oito quilômetros quadrados, provocando, à sua passagem, um feixe enorme de destroços atômicos. Não é possível imaginar qualquer máquina capaz de produzir tal energia. Nenhum sábio tinha conhecimento de que jamais se tivesse produzido semelhante acontecimento e ignora-se se voltará a repetir-se. É também um acontecimento excepcional, de origem terrestre ou cósmica, e capaz de influenciar o seu crisol, que parece aguardar o nosso alquimista. Talvez ele pudesse abreviar a sua expectativa utilizando processos mais ativos do que o fogo, aquecendo por exemplo, o crisol num forno de indução pelo método de “levitação”(' Este método consiste em suspender a mistura a derreter no vácuo, fora de todo o contacto com uma superfície material, por meio de um campo magnético). Ou ainda juntando isótopos radioativos à sua mistura. Ele poderia então fazer e refazer a sua manipulação, não várias vezes por semana, mas milhares de vezes por segundo multiplicando desta forma as probabilidades de captar "o acontecimento" necessário ao bom êxito da experiência. Mas o alquimista atual, como o de ontem, trabalha em segredo, pobremente, e considera a expectativa uma virtude.
Prossigamos a nossa descrição: ao fim de vários anos de um trabalho sempre igual, de dia e de noite, o nosso alquimista acaba por deduzir que a primeira fase terminou. Junta então um oxidante à sua mistura: o nitrato de potássio, por exemplo. Há enxofre no crisol, proveniente da pirita, e carvão proveniente do ácido orgânico. Enxofre, carvão e nitrato: foi durante essa manipulação que os antigos alquimistas descobriram a pólvora.
Ele vai recomeçar a dissolver, depois a calcinar, sem descanso, durante meses e anos, na expectativa de um sinal. Sobre a natureza desse sinal, as obras alquímicas diferem, mas é talvez porque há vários fenômenos possíveis. Esse fenômeno produz-se no momento de uma dissolução.
Para certos alquimistas, trata-se da formação de cristais em forma de estrelas à superfície do banho. Para outros, uma camada de óxido surge à superfície desse banho, depois abre-se, deixando a descoberto o metal luminoso no qual parecem refletir-se, em imagem reduzida, ora a Via Láctea, ora as constelações. ( Funde-se então por meio de uma corrente de alta frequência. O semanário americano Life, em Janeiro de 1958, publicou lindíssimas fotografias de um forno deste gênero em ação. Jacques Bergier declara ter assistido a esse fenômeno).
Depois de receber este sinal, o alquimista retira a sua mistura do crisol e "deixa-a amadurecer", ao abrigo do ar e da umidade, até ao primeiro dia da próxima primavera. Quando retomar as operações, estas visarão aquilo a que se chama, nos velhos textos, "a preparação das trevas". Recentes investigações sobre a história da química demonstraram que o monge alemão Berthold Le Noir (Berthold Schwarz), a quem vulgarmente se atribui a invenção da pólvora no Ocidente, nunca existiu. É uma figura simbólica desta "preparação das trevas".
A mistura é colocada num recipiente transparente, em cristal de rocha, fechado de forma especial. Há poucas indicações a respeito dessa fechadura, chamada fechadura de Hermes, ou hermética. Dali em diante o trabalho consiste em aquecer o recipiente dosando, com uma infinita delicadeza, as temperaturas. No recipiente fechado, a mistura contém sempre enxofre, carvão e nitrato. Trata-se de elevar essa mistura a um certo grau de incandescência, evitando no entanto a explosão. São numerosos os casos de alquimistas gravemente queimados ou mortos. As explosões que se produzem são de particular violência e exalam temperaturas para as quais não estávamos logicamente preparados.
O fim em vista é a obtenção, no recipiente, de uma "essência", de um "fluido", a que os alquimistas por vezes chamam "a asa de corvo".
Sejamos mais claros. Esta operação não tem equivalente na física e química modernas. No entanto, não deixa de ter analogias. Quando se dissolve no gás amoníaco líquido um metal como o cobre, obtém-se uma coloração azul-escuro que passa ao negro nas grandes concentrações. Produz-se o mesmo fenômeno se se dissolver no gás amoníaco liquidificado hidrogênio sob pressão ou amidas orgânicas, de forma a obter o composto instável NH4, que tem todas as propriedades de um metal alcalino e que, por esse motivo, foi chamado "amônio". Há razões para crer que essa coloração azul-negro, que faz pensar na "asa de corvo" do fluido obtido pelos alquimistas, é justamente a cor do gás eletrônico. O que é o "gás eletrônico"? É para os sábios modernos, o conjunto de elétrons livres que constituem um metal e lhe asseguram as propriedades mecânicas, elétricas e térmicas. Ele corresponde, na terminologia atual, ao que o alquimista chama a alma ou ainda a essência dos metais. É essa alma ou essa "essência" que se liberta no recipiente hermeticamente fechado e pacientemente aquecido do alquimista.
Ele aquece, deixa arrefecer, aquece de novo, e isto durante meses ou anos, observando através do cristal de rocha a formação daquilo a que também se chama "o ovo alquímico": a mistura transformada em fluido azul-negro. Abre finalmente o seu recipiente na obscuridade, apenas sob a claridade dessa espécie de líquido fluorescente. Em contacto com o ar, esse líquido fluorescente solidifica-se e separa-se.
Obteria desta forma substâncias completamente novas, desconhecidas na natureza e com todas as propriedades dos elementos químicos puros, quer dizer, inseparáveis pelos processos da química.
Os alquimistas modernos pretendem ter obtido desta forma elementos químicos novos, e isto em quantidades consideráveis. Fulcanelli (considerado o último alquimista, e autor do livro O Mistério das Catedrais) teria extraído de um quilo de ferro vinte gramas de um corpo completamente novo, cujas propriedades químicas e físicas não correspondem a qualquer elemento químico conhecido. Seria aplicável a mesma operação a todos os elementos, cuja maior parte daria dois elementos novos por cada elemento tratado.
Tal afirmação é de molde a chocar o homem de laboratório. Atualmente, a teoria não permite prever outras separações além das seguintes:
 - A molécula de um elemento pode alcançar vários estados: Orto-hidrogênio e para-hidrogênio, por exemplo.
 - O núcleo de um elemento pode tomar um certo número de estados isotópicos (semelhantes) caracterizados por um número de neutrons diferentes. No lítio 6 o núcleo contém três neutrons e no lítio 7 contém quatro.
Os nossos técnicos, para separar os diversos estados alotrópicos da molécula e os diversos estados isotópicos do núcleo, exigem para isso um enorme material.
Os processos do alquimista são, em comparação, irrisórios, e ele alcançaria, não uma mudança de estado da matéria, mas a criação de uma matéria nova, ou pelo menos uma decomposição e recomposição diferente da matéria. Todo o nosso conhecimento do átomo e do núcleo se baseia no modelo saturniano de Nagasoka e Rutheford: o núcleo e o seu anel de eletrons. Não é impossível que, no futuro, outra teoria nos leve a realizar mudanças de estados e separações de elementos químicos por enquanto inconcebíveis.
Portanto, o nosso alquimista abriu o seu recipiente de cristal de rocha e obteve, por meio do arrefecimento do líquido fluorescente em contacto com o ar, um ou vários elementos novos. Restam as escórias. Essas escórias, vai ele lavá-las durante meses em água tri destilada. Depois manterá essa água ao abrigo da luz e das variações de temperatura.
Essa água teria propriedades químicas e medicinais extraordinárias. É o dissolvente universal e o elixir de longa vida tradicional, o elixir de Fausto (personagem de Goethe que vendeu a alma em troca da imortalidade).
Nota: O professor Ralph Milne Farley, senador dos Estados Unidos e professor de física moderna na Escola Militar de West Point, chamou a atenção para o fato de certos biologistas pensarem que o envelhecimento é devido à acumulação de água pesada no organismo. O elixir de longa vida dos alquimistas seria uma substância eliminando seletivamente a água pesada. Tais substâncias existem no vapor de água. Porque não existirão na água líquida tratada de certa maneira? Mas poderia uma descoberta desta natureza ser divulgada sem perigo? O professor Farley imagina uma sociedade secreta de imortais, ou quase-imortais, existindo desde há séculos e reproduzindo-se por cooptação. Uma sociedade destas, que não se meteria em política e não se imiscuiria de forma alguma nas questões dos homens, teria todas as probabilidades de passar despercebida. . .
Aqui, a tradição alquímica parece de acordo com a ciência de vanguarda. De fato, para a ciência ultramoderna, a água é uma mistura extremamente complexa e reagente. Os investigadores debruçados sobre a questão dos oligoelementos, especialmente o doutor Jacques Ménétrier, constataram que, praticamente, todos os metais eram solúveis na água em presença de certos catalisadores, como a glucose, e sob determinadas variações de temperatura. Além disso, a água formaria verdadeiros compostos químicos, hidratos, com gases inertes tais como o hélio e o argônio. Se se soubesse qual o constituinte da água responsável pela formação dos hidratos em contacto com um gás inerte, seria possível estimular o poder solvente da água e portanto obter um verdadeiro dissolvente universal. A revista russa Saber e Força, incontestavelmente séria escrevia no seu número 11, de 1957, que talvez um dia se obtivesse esse resultado bombardeando a água com radiações nucleares e que o dissolvente universal dos alquimistas seria uma realidade antes do final do século. E essa revista previa um certo número de aplicações, imaginava a abertura de túneis por meio de um jacto de água ativada.
O nosso alquimista, portanto, encontra-se agora de posse de um certo número de corpos simples desconhecidos na natureza e de alguns frascos de uma água alquímica susceptível de lhe prolongar consideravelmente a vida, através do rejuvenescimento dos tecidos.
Agora vai tentar combinar novamente os elementos simples que obteve. Mistura-os no seu almofariz e derrete-os a baixas temperaturas, na presença de catalisadores a respeito dos quais os textos são muito vagos. Quanto mais se avança no estudo das manipulações alquímicas, mais os textos são difíceis de compreender. Aquele trabalho irá ocupá-lo ainda durante alguns anos.
Afirmam que, desta forma, ele obteria substâncias absolutamente semelhantes aos metais conhecidos, e em especial aos metais bons condutores do calor e da eletricidade. Seriam estes o cobre alquímico, a prata alquímica, o ouro alquímico. Os testes clássicos e a espectroscopia não permitiriam verificar a novidade dessas substâncias, e no entanto elas possuiriam propriedades novas, diferentes das dos metais conhecidos, e muito surpreendentes.
Se as informações que temos são exatas, o cobre alquímico, aparentemente semelhante ao cobre conhecido e no entanto muito diferente, teria uma resistência elétrica infinitamente fraca, comparável à dos supercondutores que o físico obtém nas proximidades do zero absoluto. Este cobre, se pudesse ser utilizado, revolucionaria a eletroquímica.
Outras substâncias, resultantes da manipulação alquímica, seriam mais surpreendentes ainda. Uma delas seria solúvel no vidro, a baixa temperatura e antes do momento da fusão deste. Essa substância, ao tocar o vidro ligeiramente amolecido, dispersar-se-ia no interior, dando-lhe um colorido vermelho-rubi, com fluorescência lilás na escuridão. É ao pó obtido pela trituração desse vidro, modificado no almofariz de ágata, que os textos alquímicos chamam o pó de projeção ou pedra filosofal. "Com isso, escreve Bernard, conde da Marche Trévisane, no seu tratado filosófico, se termina a elaboração dessa Pedra superior a todas as pedras preciosas, a qual é um tesouro infinito à glória de Deus que vive e reina eternamente".
São conhecidas as maravilhosas lendas ligadas a essa pedra pó de projeção que seria susceptível de assegurar transmutações de metais em quantidades consideráveis. Transformaria, inclusivamente, certos metais vis em ouro, prata ou platina, mas tratar-se-ia então de um dos aspectos do seu poder. Seria uma espécie de reservatório de energia nuclear em suspensão, facilmente manejável.
Voltaremos em breve aos problemas que as manipulações do alquimista põem ao homem moderno esclarecido, mas detenhamo-nos exatamente onde se detêm os textos alquímicos. Eis a grande obra realizada. Produz-se no próprio alquimista uma transformação que esses textos evocam, mas que nós somos incapazes de descrever por não possuirmos a esse respeito mais do que umas poucas noções analógicas. Essa transformação seria como que a promessa, através de um ser privilegiado, daquilo que espera a humanidade inteira no termo do seu contacto inteligente com a Terra e os seus elementos: a sua fusão em Espírito, a sua concentração num ponto espiritual fixo e a sua união com outros centros de consciência através dos espaços cósmicos. Progressivamente, ou num súbito clarão, o alquimista, segundo a tradição, descobre o significado do seu longo trabalho. Os segredos da energia e da matéria lhe são desvendados, e ao mesmo tempo tornam-se visíveis as infinitas perspectivas da vida. Ele possui a chave da mecânica do Universo. Ele próprio estabelece novas relações entre o seu espírito, dali em diante animado, e o espírito universal em eterno progresso de concentração. Serão certas radiações do pó de projeção responsáveis por uma transmutação do ser físico?
A manipulação do fogo e de certas substâncias permite, portanto, não só transmutar os elementos, como ainda transformar o próprio investigador. Este, sob a influência das forças emitidas pelo crisol (quer dizer, das radiações emitidas por núcleos a sofrerem modificações de estrutura), entra noutro estado. Nele se operam mutações. A sua vida prolonga-se, a sua inteligência e as suas percepções atingem um nível superior. A existência de tais seres, biológica e psiquicamente novos, é um dos alicerces da tradição Rosa-Cruz. O alquimista passa a outro estado do ser. É elevado a outro grau da consciência. Tem a sensação de que só ele se encontra desperto e que todos os outros homens ainda dormem. Escapa ao vulgar humano e desaparece, como Mallory sobre o Everest, depois de ter tido o seu minuto de verdade.”
A Pedra filosofal representa desta forma o primeiro degrau susceptível de auxiliar o homem a elevar-se em direção ao Absoluto. Para além começa o mistério. Aquém não há mistério, nem esoterismo, nem outras sombras exceto as que projetam os nossos desejos e sobretudo o nosso orgulho. Mas, como é mais fácil satisfazermo-nos de idéias e de palavras do que fazer qualquer coisa com as próprias mãos, com a nossa dor e a nossa fadiga, no silêncio e na solidão, é mais cômodo procurar um refúgio no pensamento chamado "puro", do que batermo-nos corpo a corpo contra o peso e as trevas da matéria. A alquimia proíbe qualquer evasão deste gênero aos seus discípulos. Deixa-os frente a frente com o grande enigma. . . Apenas nos assegura que “se lutarmos até ao fim para nos libertarmos da ignorância, a própria verdade lutará por nós e vencerá finalmente todas as coisas. 
Talvez comece então a VERDADEIRA METAFÍSICA."

domingo, 10 de junho de 2012

O Templo Dentro do Homem

Luxor - Reconstituição Histórica e Artística
  As tradições autênticas na sua maioria consideravam e apresentavam o templo como uma representação da configuração interior do Ser Humano. As catedrais góticas são um exemplo disso, o Templo de Salomão é outro, cultuado na Tradição Hebraica, Cristã, e na Maçonaria, e os templos egípcios, particularmente o de Luxor no Egito, estão na mesma direção.
Atualmente ao ligarmos a TV a cabo temos uma incrível profusão de documentários sobre o Egito. Já que estamos na era do lixo cibernético do Kali Yuga, existem desde uns poucos filmes de pesquisadores de formação séria e de mentalidade científica aberta até uma maioria  de documentários de "cientistas" histriônicos ou caricatos falando muita abobrinha. O ministro de Estado de Antiguidades do Egito, Zahi Hawas é um deles, que além de prestar um desserviço à real história do Egito e à humanidade por não aceitar que a cronologia da história arqueológica oficial das pirâmides e da esfinge estão erradas, agora virou um Indiana Jones de documentários, exibindo na tela a sua prepotência científica e histórica equivocadas. Um tôsco. Nada de novo nessa área, principalmente tendo sido ministro vitalício de um ditador assassino, condenado à prisão perpétua. Só é novo o fato de o assunto estar vendendo bem na mídia devido à demanda de conhecimento real pelas pessoas.
Nessa paisagem faz falta René Adolphe Schwaller de Lubicz (1887 – 1961), que juntamente com sua esposa Isha empreendeu in loco no Egito, morando num hotelzinho espartano, um aprofundado estudo da antiga tradição egípcia de onde veio a publicar livros que se consagraram, como The Temple in Man - Sacred Architecture and the Perfect Man (1977), seu estudo sobre o Templo egípcio “dentro do Homem”.
O stablishment egiptológico da época, como sempre, pelo tradicional espírito de classe, chiou ao ver um não credenciado falando sobre o tema sem ter o canudo de doutor no assunto. Tinham muito o que aprender os arrogantes.
A forma apaixonada, incansável, inteligente e espiritualizada de tratar o tema produziu obras de valor inestimável. Ele inaugurou na época uma forma de estudar um assunto histórico abordando-o interiormente dentro de si e voltando ao espírito do tempo (Zeitgeist) da civilização da época, no caso o Egito.
Vamos transcrever a introdução de seu livro feita por Robert Lawlor, mitógrafo e simbologista que foi aluno de Sri Aurobindo em seu ashram em Pondicherry na Índia. 

Lubicz apresenta o que deve ser uma Egiptologia de qualidade que conduzirá os leitores não só à cultura da época, mas ao verdadeiro papel esotérico da cultura no desenvolvimento interior. Vamos lá:
“No exame escrupuloso  de Schwaller de Lubicz da arte e arquitetura do Templo de Luxor, pelo menos, dois níveis simultâneos são desenvolvidos em qualquer dado ponto. Um deles é o estudo do Egipto como uma civilização que existiu em um lugar factual geográfico e temporal (incluindo o seu povo, a mitologia, os formatos sociais, seu desdobramento cronológico, os seus monumentos e artefatos), mas este nível é apenas um pano de fundo, ou de apoio, para outro Egito, que pode ser definido como uma "qualidade de inteligência." Este é o Egito como uma evocação de uma utilização e expressão determinadas de um poder universal da maior inteligência. Este Egipto está fora de considerações cronológicas, mas é, sim, tanto um “estar presente” quanto uma contínua possibilidade de consciência.
Em sua abordagem do Egito, Schwaller de Lubicz salienta a visão de que, a fim de compreender o significado de uma fase de intensa entre variadas expressões históricas do homem, nós temos necessidade de impor a nós mesmos a disciplina de tentar entrar na mentalidade das pessoas e do espírito do tempo (ou zeitgeist). Fazer isso significaria mais do que apenas aprender a linguagem e os símbolos do período em estudo. É preciso também “despertar em nós uma viva relação interior com o material que está sendo pesquisado e se identificar com ele de uma maneira potencialmente auto-transformadora”. Naturalmente, este ideal nunca pode ser plenamente alcançado, já que a nossa consciência atual está inevitavelmente com a gente (atrapalhando), mas, por outro lado, continuando a peneirar tudo da história através da nossa mentalidade presente, psicológicamente individualizada e racionalizada, nós distorcemos tudo para fora do reconhecimento do conteúdo e significado do passado. Essa distorção ocorre muitas vezes quando tentamos interpretar as grandes culturas mitológicas
, particularmente do Egito ou da Índia védica; tendemos a perder de vista o fato de que essas culturas expressaram uma mentalidade e valores diferente da nossa, e que elas tiveram um entendimento completamente diferente do objetivo e propósito de vida. Como resultado, em tudo de sua arte, ciência e conhecimento, essas culturas usaram modos e métodos diferentes de simbologia. Schwaller de Lubicz achou necessário investigar a natureza desta simbologia em si mesma a fim de chegar a um entendimento de “o que é um hieroglifo”. Isto ele levou a cabo em dois livros pequenos, "Proposta sobre Esoterismo e Símbolo" e "Símbolo e Simbolico", em traduções do francês para o inglês da editora Autumn Press. Isso que esses povos antigos pensavam de maneira diferente do que fazemos - e que devemos entender esta diferença se os estamos estudando devidamente - parece óbvio, mas um exemplo mostra quão difícil é colocar em prática essa idéia. Schwaller de Lubicz explica em "Le Temple de l'Homme (editora Caracteres, 1957) que, na antiga civilização dos templos no Egito, “os números, a nossa mais antiga forma de símbolo, não simplesmente designam quantidades mas em vez disso, foram considerados como serem definições concretas de princípios energéticos que formam a Natureza”.
Os egípcios chamavam esses  princípios energéticos Neters, uma palavra que é convencionalmente traduzida como "deuses" (?).
"Ao considerar o significado esotérico do número, devemos evitar o seguinte erro: Dois não é um mais um. Não é um composto. É um trabalho multiplicador; é a noção do mais em relação ao menos, é uma nova Unidade, é a sexualidade, que é a origem da Natureza (já que o dois exige um gerar). Physis o Neter Dois (gênese, manifestação) é o ponto culminante (o momento separador da lua cheia, por exemplo), é a linha, o cajado, movimento, a forma, Wotan, Odin, o medidor de Thoth, Mercúrio ou Hermes, Espírito. "
Além disso, quando os antigos consideravam o processo matemático de multiplicação, o seu modo de cálculo tinha uma relação direta com os processos naturais da vida, bem como os metafísicos. Schwaller de Lubicz chamava este modo de o "princípio da travessia" (curiosamente, hoje continuam a simbolizar a multiplicação com o sinal de uma cruz: X). Esse “cruzar” não era uma manipulação mental, estéril, numérica mas um símbolo para “o processo pelo qual as coisas entram em existência corpórea” (algo atravessa outro plano). Todo o nascimento na natureza exige um cruzamento de opostos. Pode ser o cruzamento de linhas verticais e horizontais, que dão nascimento ao quadrado, a primeira superfície mensurável, ou o masculino e feminino dando origem a um novo indivíduo, ou urdidura e trama criando um tecido; ou luz e escuridão dando origem a formas tangíveis, ou matéria e espírito, dando à luz a própria Vida. Assim, a conexão viva do mental ligando a abstração do cálculo com a sua contraparte dos fenômenos naturais deu ao matemático antigo a base filosófica para a vida e sua ciência.
Da mesma forma, esses povos antigos não usavam as palavras como nós usamos, ou seja, como símbolos ou sons ligados entre si, que fixaram associações memorizadas as quais nós compusemos em padrões seqüenciais dentro da mente. Para eles, as palavras eram de uma  natureza musical, ou mais precisamente, "falar era um processo de gerar campos sonoros estabelecendo uma imediata identidade vibratória com o princípio fundamental que está atrás de qualquer objeto ou forma". A faraônica inteligência que Schwaller de Lubicz revela para nós não a mentalidade analítica visualizadora que nós conheceemos, mas um modo sonar-intuitivo. No templo egípcio, escreveu Caspar Maspero, a voz humana é o instrumento por excelência do sacerdote e do mago. É a voz que busca longe os Invisíveis convocados e transforma os objetos necessários em realidade. . .  Mas, como cada um dos tons tem a sua força particular, muito cuidado deve ser tomado para não mudar sua ordem ou para substituir um pelo outro.
Claramente, esta abordagem à Egiptologia exige uma mudança de qualidade em nós se quisermos entrar no espírito dos faraós. E essa mudança em nosso pensamento pode nos oferecer a perspectiva não só da inteligência muito diferente do passado, mas sobre as limitações e excessos do nosso intelecto também.
Esta meditação meticulosa sobre as pedras e estátuas de Luxor também levanta questões de grande alcance sobre a função e a natureza da própria história. Em particular, começamos a ver que o Egito pode ter deixado para nós, algumas chaves essenciais para nos ajudar a encontrar o nosso caminho em direção a uma integração de coisas metafísicas (espírito), matemáticas (mental, científica), musicais (vibracional, viva) e fisiológicas (física ou material).
Como uma civilização, o Egito certamente eleva para nós um modelo desta expressão reintegrada dos vários planos e de partes de nossa natureza individual e da vida cósmica do nosso universo, e assim, pode revelar-se de mais valor, na crise espiritual que atualmente nos confronta, do que as religiões transcendentais adaptadas de várias antigas culturas orientais. O Egito não era da linhagem que defende a transcendência junto com a negação da existência material. Ele ensinou, em vez disso a transformação. O nome antigo para o Egito era "Kemi," que significa "Terra Negra", que é o campo fértil de transformação da Vida (minerais em plantas, sob a ação do Sol). Os árabes, Schwaller de Lubicz aponta, chamavam o Egito "Al-Kemi" como salientava Henry George Farmer em "A Música do Antigo Egito."
Assim, encontramos em seu próprio nome essa ancestral e  universal doutrina, muitas vezes disfarçada em símbolos e parábolas. Essa doutrina abarca uma visão do princípio de que "a matéria é um campo de existência que é sensível ao estímulo e é capaz de ser transformada por influências espirituais trazidas através da evolução da consciência encarnada e individualizada".
O Ocidente de hoje poderia se beneficiar dessa filosofia de profundidade espiritual que não suprime, diminue ou nega a nossa natureza intelectual e material, mas cumpre o nosso compromisso com o significado da vida humana e essa expressão material do universo.
Essa alquimia perdida, cuja busca se estende de volta no tempo ao seu florescimento no Egito antigo, podem ser vista como as raízes ocultas esotéricas tanto da civilização quanto dos indivíduos ao longo do tempo registrado. É esta mesma alquimia que se encontra no núcleo da sua visão do cosmos humano -  “do homem como um ser e que contém dentro de si o universo inteiro”. Esta visão, que é introduzido por Schwaller de Lubicz nestas páginas, e expandida e trazida para a vida em sua principal obra, O Templo no Homem, nos deixa com uma única e duradoura mensagem: “a ressurreição inevitável da essência espiritual que encobriu a si mesma com matéria, na forma de energia criativa orgânica”.
Essa “ressurreição” depende da transformação do universo material, ou para expressar a idéia mais como o Egito deixou impressa nas pedras de Luxor: “o nascimento do homem divino (simbolizado pelo faraó) depende da transformação da mãe universal (Materia prima) (*). 

Essa transformação era considerada o único objetivo cósmico! Cada nascimento humano participa dessa alquimia, tanto em uma forma desperta, através do aperfeiçoamento intencional e expressão de sua natureza superior, como da não desperta, através do tumulto e o sofrimento da experiência cármica conduzindo eventualmente à espiritual “consciência de sí”, que é o templo no homem.
A intensificação e elevação da consciência humana foi acreditada como causadora biológica de até mesmo alterações celulares no corpo físico do Iniciado. “Essa divinização do corpo individual, no nível microcósmico, compõe o objetivo e propósito da evolução da consciência humana em geral”.
Dentro do Templo do Egito, o crescimento psico-espiritual foi casado com disciplinas intelectuais e fisiológicas precisas que agiram para “acelerar a influência e os efeitos transformadores do espírito sobre a matéria”. Como alquimia egípcia, estamos considerando, então, uma ciência no sentido mais elevado da palavra, e muito diferente da nossa. Foi a ciência voltada para a incorporação de conhecimento espiritual, para a interiorização e expressão corporal de poderes intelectuais e espirituais, ao invés da utilização mecanicista de “saber e poder” para a exploração e manipulação do ambiente terrestre.
O Templo era o auge da vida coletiva, sempre guiando a energia da "civilização de vida longa do Vale do Nilo" em direção a gestação de uma “humanidade divina”, fora da transitória forma humana”.

(*) Curiosamente, esse é o conceito da Ressurreição no Cristianismo Esotérico, que já citamos na postagem "Corpo de Glória, Corpo de Arco-Íris, Terceira Atenção" , e que
não é buscar o Espírito fora de nós, mas transformar a matéria densa dentro de nós em Espírito É transformar os metais em ouro. Alquimia pura. Esse é o significado do Resgate da Matéria, da Ressurreiçao e Ascenção. É resgatar a matéria e trazê-la para o Divino.  
Êta mundo velho sem porteeeira!...

domingo, 3 de junho de 2012

A Alquimia Interior Taoísta - Visão Didática e Poética

Diagrama chinês antigo (traduzido)
Na publicação anterior “Alquimia Interior Taoista – Michel Winn” apresentamos uma entrevista dele. Agora vamos apresentar um material traduzido do Instituto Healing Tao, do mestre dele, o conhecido Mantak Chia, que já esteve no Brasil e formou pessoas altamente competentes, entre elas a Patricia Aguirre (paguirre010@gmail.com), grande amiga e instrutora incansável do ensinamento.
O texto abaixo, apesar de didático e de consulta, é uma obra rara de ensinamento como tudo o que é taoista, apresentando o funcionamento das energias internas ocultas
sob uma forma poética e sensível,uma combinação de cura, alquimia e arte. Um achado de valor inestimável:
Este antigo desenho taoista chinês ilustrando o método de alquimia interna foi provavelmente desenhado originariamente por um Taoísta altamente ativo do período da Dinastia Tang da China (7o. século C.E.). Este foi um período áureo da alquimia interna, com muitas escolas Taoístas e Chan Budistas (a mistura de ensinamentos Tao-Budistas conhecida depois como “Zen” no Japão), e mosteiros que recebiam apoio imperial. Muitas dinastias depois, ela foi 

descoberta por um adepto Taoísta, Sun Tun, que adicionou esta inscrição no final do mapa:
“O mapa original foi encontrado pendurado numa biblioteca nas Altas Montanhas de Pinheiros onde permaneceu escondida das vistas do público por muitas centenas de anos. Talvez o diagrama do "mundo interior" escondido dentro do nosso próprio corpo fosse muito profundo para ser compreendido pelo mundo exterior. O mapa original foi claramente desenhado e impresso, então foi facilmente reimpresso depois que a sua importância foi percebida. Quando eu o vi pela primeira vez, eu decidi que era muito precioso para não ser compartilhado com todo mundo. Então eu modestamente ofereço para o mundo esse espírito”.
Sun Tun


No mesmo espírito dos alquimistas interiores que viviam na antiga China, o Healing Tao (Tao da Cura) novamente oferece este mapa para o público. Foram decodificados seus estranhos símbolos de tal forma que as pessoas possam compreender a misteriosa relação entre seu corpo, a natureza e o universo.
O Taoísmo antigo via o corpo humano como um microcosmo do mundo natural. Nossa anatomia física é uma paisagem interior com muitos rios, florestas e montanhas e lagos que refletem sua harmonia com a paisagem externa do planeta terra. Você pode ver o contorno da espinha subindo para os picos espirituais dentro da cabeça e cérebro.
O desenho se refere aos meridianos da órbita microcósmica (o pequeno círculo celestial). Esta é a circulação da corrente morna que é a parte central da alquimia Taoísta. O verdadeiro propósito da alquimia é o desenvolvimento interior, purificação e transmutação dos nossos órgãos vitais e da nossa energia sexual.

O Contorno do desenho


Observem que a sequência da numeração na imagem faz o mesmo percurso da Órbita Microcósmica, iniciando-se na altura do períneo, subindo pelas costas e descendo pela frente até o períneo.
A energia sexual é o principal ingrediente da Alquimia Interior. A chave para esta ilustração é o mar de água (1) (rio de energia sexual) que flui corrente abaixo. Ser capaz de fazer a água (energia sexual) fluir rio acima é o inicio da Alquimia Interior, a mais alta prática espiritual.
O menino e a menina (2) localizados no períneo (CV-1) referem-se aos testículos e ovário, ou os olhos esquerdo e direito. Quando nos sentimos sexualmente provocados ou sentimos orgasmo e podemos simultaneamente nos tornarmos conscientes de um sentimento de amor, nós podemos iniciar o processo de alquimia interior. Através do uso da nossa mente e coração juntamente com o rolar dos nossos olhos para mover a energia do nosso orgasmo sexual, podemos começar a misturar as energias do sexo e amor e mudar as suas propriedades até que elas se tornem “light” e comecem a fluir para o primeiro portão. Este portão, conforme é explicado no texto, fica no leste na ponta do (3) cóccix, ou o portão da cauda. Este centro é um ponto de reunião entre ambos os rins. Este é o primeiro degrau em uma escada (GV-1) que sobe para as alturas celestiais. Não importa quanto estímulo sexual ou orgasmo tenhamos – referidos no texto como um lago com a profundidade de dez mil braças – este método vai transformá-la e bombeá-la para acima.
• O próximo centro é o (4) hiato sacral (GV-2) apresentado como uma longa laje de rocha com oito buracos. Eles são também conhecidos como as cavernas imortais, que são capazes de receber as energias do coração e misturá-las com as energias sexuais.
• A energia então sobe para a (5) Casa dos Dois Rins, (CV-4).
• Este processo alquímico começa a partir do baixo abdômen na área do umbigo (Baixo Tan Tien) como um (6) caldeirão queimando com fogo. As chamas estão cozinhando e transformando a energia sexual.
• Os quatro símbolos yin e yang (7) dentro de um círculo estão mudando a força vital e energia sexual que foi acumulada a partir do caldeirão que queima no Baixo Tan Tien. Os quatro símbolos yin/yang também representam os 8 Trigramas do I Ching e se movimentam em harmonia para manifestar o corpo físico. A área é também conhecida como o Verdadeiro Tan Tien (9). Isto é experimentado como uma sensação morna, luminosa, radiante em forma tanto de vórtice como centrífuga conhecida como Chi.
• O Búfalo (8) corresponde à energia da terra e teimosia. O Menino do arado (8) significa a necessidade de cultivar o eu interior antes que a semente (o Feto Imortal) possa ser plantada e seus frutos possam ser colhidos ou a moeda de ouro possa ser cunhada. A terra (terra baço-amarela) é o solo central do nosso ser e a fonte da nutrição fundamental.
• O Verdadeiro Tan Tien (9) fica abaixo dos rins em frente da medula espinhal. Quando você se concentra no ponto certo, você vai sentir o Chi se formar e correr para a coroa.
• A donzela que fia (10) representada pelo rim direito é yin e é a água genuína que acumula o yang interior atraindo o yang ativo.
• A energia sobe através das vértebras rochosas para o centro na (11) 11ª Torácica (GV-6) no meio da espinha, que é o ponto entre as supra-renais.
• A energia sobe para o próximo centro (12) 5ª Torácica (GV-11), que é o caminho do espírito na torre ao mesmo nível do coração. Este é visto como um ponto privilegiado a partir do qual o nosso espírito pode investigar nossa jornada antes de ir para o Caminho do Espírito Superior.
• Conforme nós subimos através das vértebras rochosas, chegamos na (13) 7ª Cervical (GV-14), o Grande Martelo, onde todos os meridianos yang estão unidos.
• O próximo portão está na Base do Crânio (14), a Almofada de Jade (GV-16).
• Então a energia flui acima para a cabeça, e finalmente através da coroa, onde ela se conecta com o Mar da Medula do Cérebro.
• A energia se move para o topo da cabeça onde os (16, 17, 18, 19, 20) Nove Picos da Montanha e as Cavernas estão localizados. Esta é a Montanha Kum Lum, que é um dos locais sagrados no Tao. É a Terra da Imortalidade. Esses picos se conectam com os pontos da coroa, que têm uma ligação estreita com a Força Universal.
• O Pico do Reino Imortal junto com a Pérola (21) acima dele representam a essência da força vital e energia sexual transmutada em energia espiritual e de sabedoria. O propósito dessa transmutação é religar o Eu Superior, representado pela Pérola, com o Espírito.
• O Homem Sábio (22) Lao Tsé está sentado na cavidade original do nosso espírito no Meio das Sobrancelhas (GV-24) no Salão do Espírito do Pátio.
Bodhidharma, o fundador do Zen Budismo na China, é o homem levantando suas mãos (23) para conectá-las à Energia Celestial.
• Os dois círculos (24) são os olhos, que são o menino e a menina pisando na roda d´água para mover a energia em nosso corpo.
• Os lados das faixas de arco-íris (25, 26) representam os meridianos do Governador e da Concepção encontrando-se nos seus pontos de saída. As cinco linhas em cada lado mostram que eles carregam as cinco energias predominantemente yang e yin dos órgãos.
• Quando nós tocamos a Língua (Ponte Levadiça) no palato superior, esses dois meridianos se conectam e completam o circuito do Chi.
• O doce néctar ou elixir escorre do Tanque de Orvalho (28), que dá nutrição interior para o cérebro dentro da Piscina da Boca (GV-28), chamada Cruzamento da Boca. Neste ponto (CV-24) nós recebemos o fluido que forma a Piscina Celestial (30).
• O fluir do néctar e Chi continua garganta abaixo (31) pelo Pagode de Doze Andares (CV-22) ou o “Céu Transbordante”.
• A torrente de néctar flui dentro das Bolas Flamejantes de Fogo no pericárdio, que ajuda a esfriar e irrigar o coração.
• No centro do coração está a Espiral de Grãos de Arroz (33), que é um dos doze símbolos usados na decoração imperial. Os grãos de arroz simbolizam a abundância. Um grãozinho de arroz contém o universo completo dentro de si.
• O Divino Pastor (34) coloca as estrelas na Grande Concha. Isso fornece um guia para ambas as estações e a localização da Estrela Polar. Isso também ajuda a coletar a força astral, que nós aprendemos a juntar.
• A Via Láctea (35) ajuda a fazer a conexão entre o coração e os rins, harmonizando as forças da água e fogo.
• O Espírito do Pulmão (36) (Hwa Hao) encontra plenitude no espaço vazio, então a função do pulmão é completada.
• O Plexo Solar (37) é conhecido como o Tan Tien do Meio.
• Nós descemos para o Anel Exterior da Floresta (38) representando a borda da caixa torácica.
• A Floresta das Árvores (39) conecta ao fígado, o elemento terra.
• O Espírito da Vesícula Biliar” (39a) (Lung Hau) é chamado o majestoso e brilhante espírito.
• O Espírito do Baço (39b) (Chaeng Tsai) é chamado o pavilhão da alma
• A energia finalmente desce de volta ao Baixo Tan Tien, que inclui o Menino Arando com o Búfalo (40), o Caldeirão que Queima (6) e o movimento das Quatro Bolas Yin e Yang (Tai Chi). O fluxo do Chi (Força Vital) viaja abaixo de volta ao Mar de Água (1) para fazer um círculo completo. Cada vez que o Chi flui abaixo de volta, ele se torna mais refinado. Quando nós o bombeamos para acima repetidamente, continuamos a refinar a energia mais ainda. Dessa forma, ativamos um processo natural de reciclagem de energia, que nos fornece um suprimento interminável de Força Vital.
Mestre Mantak Chia

EXPLICAÇÃO DETALHADA
(1) “INVERTA O FLUXO DE ÁGUA” é a nossa energia sexual que sempre flui para baixo. Nós temos de aprender a inverter o fluxo. A energia sexual é a força mais vital que os humanos herdaram de seus pais. Nós necessitamos dessa energia (força do orgasmo) para desempenhar a nossa vida a cada dia. Essa energia sexual é como a água que tende a correr para baixo e para fora. A cada dia nós perdemos essa força através do desejo sexual, ganância ou materialismo desnecessário. Nós precisamos inverter o fluxo da energia sexual e bombeá-la acima para a coroa usando as práticas do Tao da Cura da Respiração dos Testículos e Ovários, a Fechadura de Força e a Grande Puxada (??). Nós podemos puxar a energia através da espinha para preencher os três reservatórios de energia: o Baixo Tan Tien (rins e centros sexuais), o Médio Tan Tien (plexo solar e coração, o centro) e o Alto Tan Tien (sala do cérebro e cristal). Durante a passagem pela espinha para dentro do centro do cérebro, a energia sexual é transformada. Depois que o reservatório superior é preenchido, a energia flui para baixo pelo palato através da língua e abaixo através da garganta para alimentar, resfriar e irrigar o coração.

(2) “MUDE A RODA D’ÁGUA YIN E YANG” é localizado no (2) períneo (CV-1). O menino e a menina representam os testículos e ovários, conectando os rins e os olhos. O menino e a menina estão trabalhando no moinho de água, bombeando-a (energia sexual) para cima passo a passo. Esse movimento para cima, que é relacionado com a respiração dos testículos e ovários, é o início da prática do Amor da Cura. Começando-se a rolar os olhos, descendo pela frente e subindo pelas costas, começamos a tomar consciência dos ovários ou testículos rolando juntos com eles. Ao mesmo tempo, nós experimentamos um sentimento de amor vindo do coração. Através desse processo, o mar de energia sexual no Baixo Tan Tien será transformado em uma força mais leve e mais sutil fluindo para cima através da espinha para rejuvenescer o cérebro, glândulas e órgãos.

(3) “BOMBEIE A ÁGUA ATÉ ELA SUBIR” representa o mistério yin e yang (o menino e a menina, os testículos e os ovários, a mente e os olhos) continuamente girando a roda, que ativará as grandes bombas (o cóccix e o sacro) para fazer a água (excitação da energia sexual e orgasmo) subir para “o Leste”, o (3) cóccix (GV-1) . Mesmo em um ”lago de 10.000 metros de profundidade” (1) (Hui Yin), o lago de desejo sexual onde todas as energias yin se encontram no períneo, nós deveríamos penetrar até o fundo – nós poderíamos continuar a transformar essas energias até o nosso desejo sexual desaparecer. É do fundo desse lago que uma doce fonte flui para cima em direção ao topo das montanhas depois de passar através do (4) sacro (GV-2) a partir do períneo, subindo pela espinha para a coroa onde ela esguicha como um chafariz.

(4) “O HIATO SACRAL” é o sacro (GV-2), que tem os oito furos imortais conectados diretamente à energia da Força da Terra.

(5) “A CASA DOS DOIS RINS” (GV-4) é o Ming Men ou Porta da Vida; é também conhecida como porta de fogo – o portão através do qual a energia sexual deve passar para ser transformada. No Taoísmo nós dividimos os rins esquerdo e direito em yang e yin; o Ming Men está localizado entre a 2ª e 3ª Lombares, a meio caminho entre os dois rins. O rim direito, que é yin, é representado por uma donzela que fia, que acumula a essência da energia sexual (esperma e óvulo), assim como o yang interno que atrai o yang ativo conhecido como o portão da vida (Ming Men). O rim esquerdo, que é yang, é conhecido como o verdadeiro rim, o ativador da energia acumulada dos rins. É como uma lâmpada piloto, que ativa a combustão nas células do corpo. É freqüentemente citado como o fogo ministerial ou fogo genuíno, mas é diferente do fogo imperial do coração. Nós podemos vê-lo como uma chama irrompendo dos dois lados da espinha, ajudando a transformar a energia que sobe através do seu caminho.

(6) “O CALDEIRÃO QUE QUEIMA” é o caldeirão localizado primeiramente no abdômen (abaixo do Baixo Tan Tien, cerda de três polegadas abaixo do umbigo). Em práticas posteriores, ele se movimenta para cima para o coração (Tan Tien Médio) e finalmente para o cérebro (Alto Tan Tien). Podemos cozinhar as forças naturais das montanhas e rios, a força natural das estrelas, lua e sol, e as forças primordiais das partículas cósmicas- combinando-as dentro de nós e transformando-as em uma força superior para alimentar o FETO IMORTAL.

(7) “OS QUATRO TAI CHI”(os símbolos yin e yang) representam a força radiante que se move (Chi). Usando a mente, os olhos e a respiração abdominal, podemos mover a energia sexual acumulada para dentro do caldeirão e começar a cozinhá-la, transformando-a em vapor (Chi), que vai se irradiar através dos canais de todo o corpo para reparar e energizar as células. Os quatro símbolos yin e yang representando os oito trigramas do I Ching se movimentam em equilibrada harmonia para manifestar o plano físico.

(8) “O BÚFALO ARA A TERRA E PLANTA A MOEDA DE OURO” está localizado no Baixo Tan Tien perto do umbigo. Está conectado ao baço e, portanto, ao coração. O centro do baço é a semente do espírito da Força da Vida (Chi).Uma vez que somos capazes de inverter o fluxo da energia sexual, nós podemos irrigar a terra seca – permitindo-nos arar o solo e juntar o ouro para forjar a moeda de ouro da auto-cultivação. Um vez que a terra está pronta, a semente da longa vida e sabedoria (o Feto Imortal) pode ser plantado. Todas as plantas da terra (nossa alma, espírito, mente, órgãos e glândulas) necessitam da energia sexual para crescer. A criança que esculpe a pedra, nossa pura consciência, coleta as desordenadas partes da nossa essência, alma e espírito e as encadeia em um todo.

(9) “O VERDADEIRO TAN TIEN” ou o campo do elixir é localizado sobre o caldeirão que queima, em frente e abaixo dos rins bem atrás do umbigo, mas perto da espinha. Na mesma área dos quatro Tai Chi é onde acontece a primeira transformação alquímica.

(10) A “TECELÃ GIRA A SUA ROCA” é yin (rim direito e elemento água), e o Pastor de pé acima dela no nível do coração é yang. A Tecelã tem a capacidade de acumular energia yin sedosa e se interiorizar para manter a quietude. Ela tece roupas como de seda a partir do luar e das energias da Via Láctea. Essas energias são acumuladas e estocadas no Baixo Tan Tien usando a mente, olhos, coração e consciência interior com intenção para a respiração que é gentil, suave, longa e profunda. Essa espécie de respiração que é como fiar ou puxar seda, recolhe a Força Cósmica e a tece dentro de uma teia interna de chi ou rede. Os chineses dizem que o Pastor e a Tecelã foram amantes, mas eles negligenciaram suas obrigações e foram transformados em estrelas e colocados em pontos opostos do céu. Mas na noite do sétimo dia do sétimo mês de cada ano, num dia celebrado como o dia dos amantes, os pássaros (pegas) fazem uma ponte (a Via Láctea) através do céu para juntá-los. Do mesmo modo, nosso coração (espírito, fogo, fogo da compaixão, amor e destino) e nossos rins (natureza da terra, água, energia sexual e corpo físico) foram mantidos separados desde o dia em que nascemos. Somente se reunirmos a essência do coração (o fogo do amor e compaixão) e a essência do rim (energia sexual) podemos dar à luz e fazer crescer o FETO IMORTAL.

(11) O “ESPÍRITO DO RIM (HSUANG MING)”, também chamado de NUTRIR O EMBRIÃO, é a capacidade de os rins acumularem a energia de constituição ou herdada dos pais, fornecida à criança interior conforme ela se desenvolve espiritualmente.

(12) O “DENTRO DAS MUITAS OCULTAÇÕES A ENTRADA PARA O ÚNICO” , localizado oposto ao coração, tem uma estreita relação com ele e gera a Grande Aura que protege o coração e a coroa. Esse ponto é de onde nós podemos puxar o Chi para dentro do coração.

(13) “O GRANDE MARTELO, 7ª CERVICAL”, é o ponto (grande vértebra) oposto à garganta. Este ponto conecta as energias das regiões superior e inferior do corpo. Ele também serve como caixa de união dos nervos dos braços e pernas. Qualquer bloqueio deste centro restringe o fluxo de energias para os centros mais altos e redireciona-o para as mãos e pés.

(14) “ O PICO DA CAVERNA DO ESPÍRITO” é a Almofada de Jade, localizada entre a primeira cervical e a base do crânio. É conhecida como a Boca de Deus, o lugar onde podemos receber o Conhecimento Universal. Essa janela para o céu é vista como o portão para dentro do mar da medula do cérebro. Esse portão deve abrir e fechar apropriadamente se a energia tiver de passar suavemente através dele. O pequeno cérebro, que fica dentro da Almofada de Jade, ativa a energia yin que ajuda a equilibrar a energia yang do grande cérebro e serve como um armazenamento para a energia sexual refinada e a energia da Força da Terra.

(15) “O MAR DE MEDULA DO CÉREBRO” é conectado com a água sexual e o líquido espinhal (raquidiano). Quando um for drenado, o outro será afetado.

As áreas numeradas de 16 a 21 fazem parte de uma série de nove montanhas sagradas em picos. Esses picos de montanhas funcionam como funis que guiam a Energia Universal para baixo. Essa energia é então concentrada nas cavernas das montanhas. Os adeptos Taoístas vão para essas cavernas para iniciação. Na cabeça humana há também nove diferentes centros (picos ou pontos) que são capazes de se estender para o céu para fazer a conexão com o Cosmos. A cavidade da medula do cérebro, tanto quanto os vários centros de energia do corpo, são como essas cavernas em uma montanha nas quais você pode concentrar, armazenar e transformar energia.

(16) “O TOPO DO GRANDE PICO” está localizado na parte de trás da cabeça. Quando inclinamos a cabeça e empurramos o queixo para trás, a cabeça atinge o seu ponto mais alto. Esse pico conecta a Estrela Norte à Glândula Pineal. É onde nós recebemos a Energia Universal que desce.

(17) “O LUGAR ALTO DE MUITOS VÉUS” fica entre a Pílula de Barro e o Grande Pico. É onde os corpos do espírito e alma podem partir e entrar em vôo horizontal.

(18) “A PÍLULA DE BARRO” está localizada no centro da coroa (Bai Hui, ou o centésimo ponto de encontro). Quando ele está aberto, dá a sensação de barro macio. Esse ponto da coroa conecta a “Grande Concha” com a Glândula do Hipotálamo. É através desse centro, que funciona como uma via de mão dupla, que você pode projetar a sua energia (alma ou espírito) para cima ou receber a energia que flui para baixo.

(19) “A CASA DO YANG NASCENTE” é o terceiro olho. Localizado um pouco abaixo do meio da testa, este centro é capaz de receber as energias do sol e da lua, que ele usa para projetar os corpos da alma e espírito no espaço.

(20) “OS NOVE REINOS SAGRADOS” estão diretamente conectados ao meio das sobrancelhas e têm uma estreita conexão com a Pituitária (Hipófise). Este centro é usado para receber a Força Cósmica e lançar os corpos da alma e espírito dentro do plano humano ou terrestre para viajar.

(21) “O REINO IMORTAL” é localizado no centro bem em frente do ponto da coroa. É aqui que a nossa energia é capaz de fazer uma conexão com os céus para puxar para baixo mais ainda das poderosas Energias Universais.

(22) “LAO TSE (UM DOS FUNDADORES DO TAOÍSMO)” é a figura sentada de um velho homem grisalho com sobrancelhas atingindo o solo, onde se conectam com a energia da terra. Lao Tse nasceu velho, e as suas longas sobrancelhas enfatizam isso. Ele encarna aquele que está unido com aquilo que nunca morre – pura consciência. Sua natureza interna e externa está em completa harmonia e unidade com o Tao.
(23) “BODHIDHARMA ( O FUNDADOR DO ZEN BUDISMO NA CHINA)” é a figura de pé de olhos azuis levantando suas mãos para conectar diretamente com a Energia Celestial.

As energias de Bodhidharma são misturadas com as de Lao Tse para formar uma nova compreensão Taoísta, que é a prática do moderno Taoísmo – O HEALING TAO SYSTEM (sistema Tao da Cura). Este sistema representa a mistura e a harmonização do nosso Destino Celestial com nossa Natureza Terrestre.

(24) “OS DOIS CÍRCULOS REPRESENTANDO O SOL E A LUA DENTRO DE NÓS” são os olhos esquerdo e direito. Através do aprendizado de rolar os olhos num movimento circular, essas energias, junto com nossa energia sexual, vão subir para a coroa. Quando rolamos os olhos para baixo olhando em direção ao Baixo Tan Tien, essas energias misturadas se movem para baixo para os nossos centros inferiores de energia, onde podem ser acumuladas.

(25) “O MERIDIANO GOVERNADOR” começa no períneo, vai até a cabeça através da espinha e então para baixo para o palato.

(26) “O MERIDIANO DA CONCEPÇÃO” começa na mandíbula inferior e desce pela frente do corpo até o períneo.

(27) “A PONTE LEVADIÇA” é a língua, e a PISCINA DE ÁGUA é a boca, que mantém a saliva. Na prática Taoísta, quando você toca o palato com a língua ( a Fonte da Saliva que Sobe, conhecida como a Piscina Celestial, você conecta o circuito entre o Canal Governador (yang) e o Canal da Concepção (yin). Uma vez que a língua toca o palato, o Chi é ativado. A energia sexual é bombeada para cima para o cérebro, ativando as glândulas hipotálamo, hipófise e timo, que começam a secretar mais hormônios. A energia sexual, especialmente a energia do orgasmo, vai ajudar a recolher a Força Celestial de cima e a Força da Terra de baixo. Misturar essas duas energias com a sexual estimula a secreção de hormônios. Isso cria uma abundância de Chi e fluido. Esse fluido desce como uma cachoeira para o palato, depois para as costas do palato, a boca e a garganta (O Pagode de Doze Andares), onde somos capazes de engoli-la para baixo para preencher os outros dois Tan Tiens. Essa água é conhecida como Néctar, a Água da Vida, e o Elixir Dourado.

(28) “O TANQUE DE ORVALHO” é localizado atrás do palato mole e está conectado com a Hipófise. O VERDADEIRO PORTÃO SUPERIOR DE JADE é o portão de água perto da garganta, que conecta ao cérebro.

(29) “A PISCINA DA BOCA” (GV-28) é chamada o Cruzamento da Boca, que contém o elixir que desce da Hipófise. Esse elixir pode misturar com a Energia Cósmica inalada através da respiração.

(30) “A PISCINA CELESTIAL”(Hsuan Ying) é a FONTE DA SALIVA QUE SOBE, que conecta a língua ao palato com a saliva.

(31) “O PAGODE DE DOZE ANDARES”, ou torre de doze andares, é o centro da garganta (CV-22). Durante a sua passagem para cima através da espinha para o cérebro, a energia sexual é transformada. Conforme continua para baixo a partir da PONTE LEVADIÇA, essa energia transformada flui através da garganta para nutrir o coração.

(32) “AS BOLAS FLAMEJANTES DE FOGO” estão localizadas no pericárdio. “EU CULTIVO MEU PRÓPRIO CAMPO DE ENERGIA (Médio Tan Tien ou Campo do Elixir)” significa que eu cultivo as minhas próprias virtudes – meu amor, compaixão e benevolência. Dentro desse campo há um broto mágico ( o Feto Imortal, ou o espírito não nascido) que “vive 10.000 anos”. A cor de suas flores – flores que representam a abertura da consciência e sabedoria – assemelham-se ao ouro. Essas flores nunca murcham. As sementes desse broto mágico são como seixos de Jade. Seus frutos são redondos. Para cultivá-las, eu me enraízo na terra do meio do palácio (o plexo solar). Para regá-las, inverto a energia sexual de forma que ela flua para cima para a coroa. O texto diz: “Depois de muitos anos, eu atinjo o Grande Tao e vagueio livremente pela terra; eu sou um Imortal da estória de Peng Lai (O Alto Plano Astral).

(33) “A ESPIRAL DE GRÃOS DE ARROZ” representa o grande mistério – o mundo em um grão de areia, o microcosmo do organismo humano refletindo o macrocosmo do universo. Uma vez que nós aprendermos a compreender e controlar a nossa mente e a nós mesmos, compreenderemos os mistérios e leis do universo. A lei do céu é chamada destino, e a lei da terra é chamada natureza.. A harmonia entre destino e natureza é o Tao, o Grande Caminho. Aqueles que seguem o Tao preenchem o seu destino espiritual e aproveitam o fruto da natureza terrestre. O caminho Taoísta da Vida é para canalizar as energias do céu e da terra enquanto mistura e harmoniza essas energias com a energia humana para cultivar e conservar a Força Vital dos nossos corpos. Forças celestiais se manifestam como energias celestiais cujo poder aparece para nós como pensamentos, tomada de consciência, fado e destino. Alguns sistemas e religiões separam céu e terra e fazem-nos escolher entre eles, enquanto o Tao da Cura é a prática de conectar e harmonizar o céu (destino) e terra (natureza) em nosso ser.

(34) “O MENINO PASTOR CONECTA AS ESTRELAS” simboliza os elementos yang do coração – o fogo do amor e o fogo da compaixão. O pastor parece uma criança, que nós chamamos de coração yang ou ESPÍRITO YANG (TAN YUAN) Ele é também chamado de ESPÍRITO GUARDIÃO. Tanto a Bíblia Cristã como os antigos textos Taoístas referem-se a essa transformação como “tornar-se criança novamente” – o símbolo da sabedoria, inocência e simplicidade espirituais. Projetando-se da coroa do Pastor, você encontra a Grande Concha, a busca do coração para encontrar harmonia com o Cosmos. Os Taoístas referem-se à Grande Concha como o cronômetro cósmico. Durante o decorrer do ano, a Grande Concha faz uma rotação de 360 graus, apontando para todas as estrelas que coletam a Força Universal na taça da Grande Concha. Se soubermos como fazer a conexão com a Grande Concha, nós podemos facilmente juntar a Força Astral para a nossa própria transformação.

(35) “A VIA LÁCTEA” é a ponte feita de pegas, pássaros que conectam o Pastor (o coração, o fogo do amor) à Donzela que Fia (os rins, a água da energia sexual).

(36) “O ESPÍRITO DO PULMÃO (HWA HAO) VERIFICA QUE A PLENITUDE NO VAZIO ESTÁ COMPLETA” é o poder e a habilidade dos pulmões de se esvaziarem a si mesmos, para poderem receber mais. Cada inalação e exalação do nosso corpo é a respiração do universo se expandindo e contraindo

(37) “O PLEXO SOLAR” é também chamado o Médio Tan Tien

(38) “O ANEL EXTERNO DA FLORESTA” representa a extremidade da caixa torácica, onde o diafragma está ancorado.

(39) “O ESPÍRITO DO FÍGADO (LUNG YEN) também chamado de SABEDORIA CRESCENTE”, é a conexão da floresta de árvores com o fígado (elemento madeira), o maior órgão do corpo. No Taoísmo nos referimos ao fígado como o controlador do Chi e do sangue. Muito Chi num lugar causa estagnação e congestão, e muito pouco pode causar fraqueza e esgotamento. Ambas as condições são resultado de um desequilíbrio do fígado. A Donzela que Fia (rins), que recebe água da energia sexual, também faz água que ajuda a madeira (fígado) a crescer enquanto o fígado produz combustível para o fogo do coração. Os órgãos todos dependem um do outro.

(39a) “O ESPÍRITO DA VESÍCULA BILIAR (LUNG AU)”, também chamado MAJESTOSO E BRILHANTE, está localizado no meio do fígado.
(39b)”O ESPÍRITO DO BAÇO (CHAENG TSAI)” também chamado PAVILHÃO DA ALMA, é localizado na área do baço
(40) “O BAIXO TAN TIEN” inclui um (40) menino arando com um búfalo, o (6) caldeirão queimando, e o movimento das (7) quatro bolas yin e yang (Tai Chi)

A Alquimia Interior Taoísta - Mantak Chia