O assunto é Presença.
Presença no modo 24X7. E você pergunta: "Então o que faz esse morango aí ao lado?
Presença no modo 24X7. E você pergunta: "Então o que faz esse morango aí ao lado?
Vou explicar:
Acho que resolvi o mistério de “Porque há certas lembranças aparentemente corriqueiras que a gente nunca mais esquece, mesmo que se passem cem anos? E, por outro lado, há outras com jeito de “muito importantes” que a gente não lembra mais daí a cinco minutos, apesar de todo o esforço.”
Tenho sentido e observado muito na Contemplação, e ficou claro para mim que as lembranças que perduram são aquelas que tocaram, mesmo que de leve, uma inteligência e memória que estão por trás do nosso Estar Presente no Agora e fazem parte dele. Algo assim: se eu estou com um nível mínimo de presença dentro de mim, e algo de qualidade, uma cena, um ensinamento, uma lembrança surge na tela dos sentidos, uma alquimia secreta faz a ligação entre as duas coisas de qualidade e pronto, a lembrança fica permanente, guardada no HD da memória, para consultas posteriores ou mesmo aparecendo espontaneamente na tela como um pequeno flash dizendo “olhe eu aqui!”
Estou escrevendo isso por duas razões; primeiro porque não tenho mais nada que fazer nesse dia ensolarado, olhando o verde do mato aqui na minha janela na granja, e já que estou na frente do teclado...
Acho que resolvi o mistério de “Porque há certas lembranças aparentemente corriqueiras que a gente nunca mais esquece, mesmo que se passem cem anos? E, por outro lado, há outras com jeito de “muito importantes” que a gente não lembra mais daí a cinco minutos, apesar de todo o esforço.”
Tenho sentido e observado muito na Contemplação, e ficou claro para mim que as lembranças que perduram são aquelas que tocaram, mesmo que de leve, uma inteligência e memória que estão por trás do nosso Estar Presente no Agora e fazem parte dele. Algo assim: se eu estou com um nível mínimo de presença dentro de mim, e algo de qualidade, uma cena, um ensinamento, uma lembrança surge na tela dos sentidos, uma alquimia secreta faz a ligação entre as duas coisas de qualidade e pronto, a lembrança fica permanente, guardada no HD da memória, para consultas posteriores ou mesmo aparecendo espontaneamente na tela como um pequeno flash dizendo “olhe eu aqui!”
Estou escrevendo isso por duas razões; primeiro porque não tenho mais nada que fazer nesse dia ensolarado, olhando o verde do mato aqui na minha janela na granja, e já que estou na frente do teclado...
Segundo porque me veio à memória, mais uma vez, a lembrança persistente de uma cena que ouvi há uns 30 ou 40 anos num grupo de “busca interior”. Ficou gravada em cores (principalmente o morango), como um filme. Era uma história Zen contada pelo instrutor da época. Vamos lá:
“Um homem andava pela floresta quando sentiu que um lobo o seguia. Apressou o passo, e o lobo atrás, só na espreita... Começou a correr e viu que eram vários lobos, muitos lobos. E “pernas para quem te quero”, como dizia a Dona Josefina.
A certa altura, já exausto, viu que a trilha terminava e estava de frente para um barranco, ou melhor, estava mais para precipício que um simples barranco, e não dava para saltar para baixo de tão alto que era. E os lobos uivando ferozes nos calcanhares.
Então ele, sem pensar, resolveu saltar e agarrar uma raiz mais abaixo para não se estatelar lá no chão. Os lobos ficaram acima uivando, um inferno.
Bem - pensou - agora preciso achar um jeito de ir descendo, e ao olhar para baixo, vejam vocês, viu um tigre esperando. Brincadeira. Apavorado, suando de esforço e pavor, ficou olhando em volta para achar uma saída. Decididamente não era um bom dia.
Nisso, à distância de um braço viu sabe o quê? Um morango, redondinho, pontudo, vermelhinho e perfumado entre as folhas verdes, com aqueles furinhos em volta. Uma cena.
Esticou o braço, pegou o morango e fechando os olhos, levando-o à boca sentiu o azedinho suave, a textura macia, o prazer de estar vivo, dentro de si mesmo, mastigando calmamente, sentindo um gosto inesquecível de morango, segurando uma raiz com a outra mão já doendo, e ouvindo uivos de lobos”.
Acabou.
É... Acabou o conto. Mas não o assunto.
Volta e meia esse conto Zen me volta à lembrança. E eu acho que sei porque. Tenho percebido que não há outra saída para quem quer evoluir de verdade, a não ser a firme, sutil e dedicada intenção de estar presente dentro de si mesmo todo o tempo, a todo instante, 24 horas por dia, 7 dias da semana, sem desculpas esfarrapadas. Presente como o homem ao saborear o morango, apesar da pessão. Não é preciso mais nada, nem livros, nem seminários, conferências, workshops, nada disso. Aliás tenho sempre dito aos meus amigos de busca que a maioria de nós já leu mais do que precisava para o seu despertar. Buda não deve ter lido nada, ou muito pouco, já que a tradição era oral. O que precisamos sim é de agir no Agora, com um bom mestre, um bom ensinamento, energia e Intento. Eu ainda leio porque um bom livro funciona para mim como uma dose extra de motivação para a busca. Puro tesão.
Quando digo 24 horas por dia, você que é uma pessoa sintonizada pergunta: “24 horas por dia? Mas e à noite no sono?”. Os mestres dizem que à noite temos que aprender a estar despertos no sono como faziam e fazem budistas, toltecas e outros, e trabalhá-lo como um mundo de atuação normal, com seres, situações, decisões, projetos, enfim, atuação. O meu prezado Lama Samten disse um dia que organiza o seu dia seguinte ou a semana seguinte no sonho á noite. E confirmando isso, assisti no passado um workshop empresarial de um conhecido palestrante, antropólogo que na sua tese de doutorado esteve na Austrália e disse que “os aborígenes australianos também”sonham a caçada” num ritual na véspera, e no dia seguinte vão apenas “buscar a presa” que já foi caçada antes, no sonho”. Os índios brasileiros também. Todos em modo 24X7.
Eu fico encantado com isso: programar o futuro enquanto dorme, desperto e descansando! Belezura, cumadre.
Nas publicações anteriores O Sonho, Portal da Consciência, O sonho – Visáo Budista, O Sonho – Visáo tolteca e O Sonho e o Rupigwara, falamos muito do assunto. O mestre do Bön Budismo Tenzin Wangyal Rinpoche em seu livro “Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono” diz que o Sonho é uma área de atividade exatamente como é a vigília acordado. Imagine como se fosse um país estrangeiro. Basta aprender o jeito de viajar para lá, a língua, os costumes, e boa viagem. E como bônus, viver dois mundos num só.
Tenho me proposto esse intento de trabalhar 24X7, inclusive no Sonho, seguindo instruções do mestre Tenzin Wangyal Rinpoche, e tenho notado sutilezas interessantes tanto no sonho como no dia a dia, como se os dois mundos começassem a se relacionar. Talvez por isso tenho me lembrado com frequência do conto Zen do morango. Quem sabe?...
Em breve vamos falar das descobertas e dificuldades de intentar viver a Presença 24X7. Aguardem
“Um homem andava pela floresta quando sentiu que um lobo o seguia. Apressou o passo, e o lobo atrás, só na espreita... Começou a correr e viu que eram vários lobos, muitos lobos. E “pernas para quem te quero”, como dizia a Dona Josefina.
A certa altura, já exausto, viu que a trilha terminava e estava de frente para um barranco, ou melhor, estava mais para precipício que um simples barranco, e não dava para saltar para baixo de tão alto que era. E os lobos uivando ferozes nos calcanhares.
Então ele, sem pensar, resolveu saltar e agarrar uma raiz mais abaixo para não se estatelar lá no chão. Os lobos ficaram acima uivando, um inferno.
Bem - pensou - agora preciso achar um jeito de ir descendo, e ao olhar para baixo, vejam vocês, viu um tigre esperando. Brincadeira. Apavorado, suando de esforço e pavor, ficou olhando em volta para achar uma saída. Decididamente não era um bom dia.
Nisso, à distância de um braço viu sabe o quê? Um morango, redondinho, pontudo, vermelhinho e perfumado entre as folhas verdes, com aqueles furinhos em volta. Uma cena.
Esticou o braço, pegou o morango e fechando os olhos, levando-o à boca sentiu o azedinho suave, a textura macia, o prazer de estar vivo, dentro de si mesmo, mastigando calmamente, sentindo um gosto inesquecível de morango, segurando uma raiz com a outra mão já doendo, e ouvindo uivos de lobos”.
Acabou.
É... Acabou o conto. Mas não o assunto.
Volta e meia esse conto Zen me volta à lembrança. E eu acho que sei porque. Tenho percebido que não há outra saída para quem quer evoluir de verdade, a não ser a firme, sutil e dedicada intenção de estar presente dentro de si mesmo todo o tempo, a todo instante, 24 horas por dia, 7 dias da semana, sem desculpas esfarrapadas. Presente como o homem ao saborear o morango, apesar da pessão. Não é preciso mais nada, nem livros, nem seminários, conferências, workshops, nada disso. Aliás tenho sempre dito aos meus amigos de busca que a maioria de nós já leu mais do que precisava para o seu despertar. Buda não deve ter lido nada, ou muito pouco, já que a tradição era oral. O que precisamos sim é de agir no Agora, com um bom mestre, um bom ensinamento, energia e Intento. Eu ainda leio porque um bom livro funciona para mim como uma dose extra de motivação para a busca. Puro tesão.
Quando digo 24 horas por dia, você que é uma pessoa sintonizada pergunta: “24 horas por dia? Mas e à noite no sono?”. Os mestres dizem que à noite temos que aprender a estar despertos no sono como faziam e fazem budistas, toltecas e outros, e trabalhá-lo como um mundo de atuação normal, com seres, situações, decisões, projetos, enfim, atuação. O meu prezado Lama Samten disse um dia que organiza o seu dia seguinte ou a semana seguinte no sonho á noite. E confirmando isso, assisti no passado um workshop empresarial de um conhecido palestrante, antropólogo que na sua tese de doutorado esteve na Austrália e disse que “os aborígenes australianos também”sonham a caçada” num ritual na véspera, e no dia seguinte vão apenas “buscar a presa” que já foi caçada antes, no sonho”. Os índios brasileiros também. Todos em modo 24X7.
Eu fico encantado com isso: programar o futuro enquanto dorme, desperto e descansando! Belezura, cumadre.
Nas publicações anteriores O Sonho, Portal da Consciência, O sonho – Visáo Budista, O Sonho – Visáo tolteca e O Sonho e o Rupigwara, falamos muito do assunto. O mestre do Bön Budismo Tenzin Wangyal Rinpoche em seu livro “Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono” diz que o Sonho é uma área de atividade exatamente como é a vigília acordado. Imagine como se fosse um país estrangeiro. Basta aprender o jeito de viajar para lá, a língua, os costumes, e boa viagem. E como bônus, viver dois mundos num só.
Tenho me proposto esse intento de trabalhar 24X7, inclusive no Sonho, seguindo instruções do mestre Tenzin Wangyal Rinpoche, e tenho notado sutilezas interessantes tanto no sonho como no dia a dia, como se os dois mundos começassem a se relacionar. Talvez por isso tenho me lembrado com frequência do conto Zen do morango. Quem sabe?...
Em breve vamos falar das descobertas e dificuldades de intentar viver a Presença 24X7. Aguardem
ficaremos aguardando...
ResponderExcluirmas que sincronias, meu Deus!!
Ultimamente tenho recorrido aos vídeos do Eckhart Tolle, e tenho-me forçado várias vezes ao dia a estar presente no agora... algo que o meu cão faz com a maior das naturalidades, eu tenho que me obrigar (hehehe). Estou-me sentido de outra maneira. Acho que me estou encontrando a pouco e pouco :)
Outra sincronia, é relativa "à arte de sonhar"... não tinha era atingido a intenção de 24/7
adoro sincronias... é sinal que tudo está fluindo.
Abraço
Oi Carla
ExcluirÉ isso: Presença a todo instante, sem esforço, sem tentar agarrar nada, só soltar. E v. tem razão, os animais fazem na maior facilidade. Sles SÃO, naturalmente, sem esforço.
Abração
ops... é 24x7
ResponderExcluir... 24 horas por 7 dias, né? :)
Olá! adoro seu blog, sempre estou por aqui :)
ResponderExcluirToda vez tento seguir seu blog, mas meu nick não aparece na lista de seguidores, pq será?
Grande sincronicidade ler seu texto hoje pois, ontem postei um texto com a mesma proposta no meu blog http://almaconsciencia.blogspot.com.br/2012/03/livre-arbitrio.html hehehe
Acredito que o ''ensonho'' dos 144 mil gatos já começou a surtir efeito neste grande 2012 kkkkkk
Abração!
obs: vc poderia me indicar um livro ou texto que especifique mais profundamente a arte do ensonhar? gratidão desde já =)
Oi Viajante
ExcluirEu não sei fazer essa coisa de Seguidores. Desculpe.
Vou ver o seu blog, sim
Quanto aos 144 mil gatos, eu não sei o que é isso...
Os bons livros sobre o "ensonhar" são o do mestre tibetano Tenzin, que eu citei no texto de hoje e em outros anteriores. Na tradição tolteca tem A Arte do Sonhar do Castaneda, mas em toda a obra (15 livros) se fala disso
Abraço
Oi Viajante
ResponderExcluirVi o seu blog. Belezura cumadre.
Comecei um pouco depois de você, mas estamos na mesma melodia e tom. Sucesso
Olá! gratidão pela visita por lá rs... =)
ResponderExcluirParafraseando uma parte da bíblia que fala sobre uns 144 mil seres escolhidos, o Fernando do blog Pistas do caminho, fez uma prosa contando que se 144 mil buscadores, conseguirem finalmente ''ensonhar'' um mundo novo, isto de fato acontecerá...rsrsrs...
Gratidão pela dica do livro, eu li uns 3 do Castaneda e agora estou lendo um da Taisha ( a travessia das feiticeiras), mas eu queria saber de uma técnica específica pra tentar realizar o ensonho mesmo, algo como ''lição de casa'' hehehe
Seguimos no intento hermano...grata pela atenção! Grande abraço!
Oi pessoal. Não deixo passar a chance de enviar a maravilhosa história do Neil Gaiman, citada também na conversa acima:
ResponderExcluirUm Sonho de Mil Gatos:
http://pt.scribd.com/doc/48656818/Sandman-18-Um-Sonho-de-Mil-Gatos-Neil-Gaiman
Boa leitura.
PS: depois da leitura, sugiro que corram atrás de toda a coleção do Sandman, hehehehe...
Vou ler...
ExcluirAbraço