Zodíaco de Barthelemy, l'Anglais, França, Le Mans, séc. XV |
O nosso tempo é sempre medido em quatro etapas:
o dia e suas quatro referências: aurora, meio-dia, pôr-do-sol e meia noite; o mês lunar e suas quatro fases, Lua Nova, Crescente, Cheia e Minguante; o ano e as quatro estações: primavera, verão, outono e inverno.
O quaternário fala da ordem terrestre e da organização racional. Ele "tem um fundamento estatístico: o quadrado é a forma mais utilizada pelo homem", diz Cirlot.
Os quatro elementos, na linguagem dos antigos ensinamentos, constituem o conjunto básico da materialidade com a qual se constrói o universo. Fogo, Terra, Ar e Água, combinados com as três forças primordiais, compõem o os doze signos do zodíaco.
Na simbologia dos números, vemos claramente a marca do quaternário nas duas operações elementares que pode realizar com o ternário:
4 + 3 = 7 (os dias da semana, os planetas tradicionais da astrologia)
4 x 3 = 12 (meses, signos zodiacais, tribos de Israel, apóstolos de Cristo)
4 – 3 = 1, ou seja, por subtração, retorna à unidade.
Os quatro elementos
Ilustração: www.homepage.mac.com/antallan/ |
Nos ensinamentos da tradição grega, os quatro elementos,
fogo, terra, água e ar, resultam da combinação
das quatro qualidade primordiais: quente, seco, frio e úmido.
No plano interior e espiritual, há também um atributo próprio a cada elemento. O fogo (e vale para o naipe de Paus) é considerado como o elemento motor, que anima, transforma, que faz evoluir de um para outro os três estados da matéria: sólido (terra), líquido (água) e gasoso (ar).
O ser de fogo, por exemplo, simboliza o agente de toda evolução. Em outros contextos simbólicos, a imagem do ar (naipe de Espadas) está na base de uma psicologia ascensional, evolutiva, que tem seu sentido no alçar vôo e na queda.
Cada elemento pode ainda ser associado a um conjunto de condições dadas à vida, numa visão evolutiva, na qual o desenrolar do ciclo tem início com o primeiro elemento (Água, naipe de Copas), para terminar com o último (Terra, naipe de Ouros), passando pelos termos intermediários (Ar e Fogo, naipes de Espadas e Paus).
Tem-se, assim, uma ordem quaternária na:
natureza: inverno, primavera, verão e outono; meia noite, nascer do dia, meio dia, pôr-do-sol; temperamentos: linfático, sangüíneo, bilioso, nervoso;
tipos junguianos: sentimento, pensamento, sensação, intuição;
etapas da vida humana: infância, juventude, maturidade e velhice, etc.
Na iniciação maçônica, começa-se por sair da Terra (naipe de Ouros), passando-se a seguir por purificações pelo Ar (naipe de Espadas), pela Água (naipe de Copas) e pelo Fogo (naipe de Paus). Liberta-se, passo a passo, da vida material, da Filosofia e da Religião para finalmente alcançar a Iniciação pura.
Na mística sufi, as etapas de evolução são apresentadas numa relação exatamente oposta: deve-se deixar a realidade ilusória (ar), queimar dentro de si as imagens (fogo), apreender a divina realidade no que ela tem de mais fluido e impreciso (água) e finalmente fundir-se na total e única realidade, divina, verdadeiramente sólida (terra).
Resumos
São apresentados, abaixo, alguns quadros que ajudam a dar uma visão de conjunto das relações do quaternário em diferentes linguagens simbólicas.
Os Quatro Elementos: Tarô e Astrologia
Elemento
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Naipe
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Figura
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Signo Fixo
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Fogo
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Paus
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Rei
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Leão
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Água
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Copas
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Dama
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Escorpião
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Ar
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Espadas
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Cavaleiro
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Aquário
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Terra
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Ouro
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Valete
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Touro
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Os Quatro Elementos: Esoterismo cristão | ||||||||||||||||||||||
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Nota: Os atributos acima, são palavras de S. Jerônimo (348-420) sobre os Evangelistas.
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Fogo-Paus: energia irradiante, excitável. Exuberância e entusiasmo. Vigor. Autoconfiança e identidade. Direção consciente do poder da vontade. Liberdade de expressão e ingenuidade.
(-) Turbulência, exagero, imprudência, auto-indulgência.
Tipo: intuição. Temperamento: colérico (bilioso).
Gênios: as salamandras, que podem ser controlados pela serenidade.
Terra-Ouros: energia de provisão e sustentação. As formas, os sentidos físicos e a realidade concreta. Paciência, disciplina e eficiência. Aquisição, retenção e autoproteção.
(-) apego à rotina, materialismo, imobilidade.
Tipo: sensação ou percepção. Temperamento: melancólico.
Gênios: os gnomos, que podem ser controlados pela generosidade jovial.
Ar-Espadas: mundo das idéias arquetípicas e das relações. Pensamentos e teorias. Descobertas e invenções. Racionalidade e imparcialidade. Cooperação, flexibilidade. Penetração, respiração, "prana".
(-) excentricidade, instabilidade, superficialidade.
Tipo: pensamento. Temperamento: sangüíneo.
Gênios: os silfos e sílfides, que podem ser controlados pela constância.
Água-Copas: Energia de preservação, proteção e segurança. Emoções e sentimentos. Intuição e sensibilidade psíquica. Empatia e ajuda. Imaginação. Absorção. Percepção dos anseios da alma.
(-) ressentimento, desconfiança, timidez.
Tipo: sentimento. Temperamento: fleumático (linfático).
Gênios: as ondinas, que podem ser controladas pela firmeza.
Compilação de Constantino K. Riemma - www.clubedotaro.com.br