Nós todos sonhamos desde o nascimento até a morte, quer lembremos ou não, e entramos todo dia num mundo desconhecido. A gente passa em média 1/3 da vida dormindo, sem exceção. Os outros 2/3, pensa que está acordado e lúcido. Pensa.
O interessante é que no fim do dia a gente "apaga", vai para um lugar desconhecido, misterioso e imprevisível, não conhece as regras de lá, não leva os nossos bens, só lembranças, e ganha uma identidade parecida com a que tem durante o dia, mas só assiste as coisas, as mais mirabolantes ou não, sem interferir. Deveria se assustar, mas não se assusta porque por mais que não seja bom, sabe que pela manhã volta à chamada “realidade”. Pouca gente se questiona ou dá algum valor ao sonho. Na tradição cristã, no máximo ouvimos falar dos sonhos proféticos de José do Egito no Velho Testamento, que ajudaram a sua amizade com o faraó e a proteção aos demais judeus. Mas só nos fechados círculos do Cristianismo Esotérico pelo mundo o assunto foi trabalhado como uma prática de busca interior.
A Ciência Ocidental, por sua vez fica só procurando “em que lugar do cérebro eles são gerados ou estimulados” e quais são os estímulos, como se isso funcionasse assim, e resolvesse a questão. Não interessa o "o que", só o "onde" e " o como".
Já a tradição oriental e o xamanismo dizem que podemos mudar essa ignorância e apatia pelo sonho e, pasmem vocês, aprender a ficar “conscientes no sonho”, agindo como na vida acordada, e aproveitar esse 1/3 para a busca interior e evolução, ou seja aprender a ter “sonhos lúcidos” e trabalhar e aprender 24 X 7, sem se cansar. E ao contrário, ainda ganhar energia. Lamas e yogues iluminaram-se por esse processo, dentro de suas linhagens. O Budismo afirma que “você só está realmente desperto se estiver desperto no sonho e no sono”. Só então está preparado para enfrentar o bardo da morte (intervalo entre duas encarnações), e escapulir da próxima.
Como a tradição xamânica era oral, pouco se falava disso no mundo ocidental há 50 anos atrás, pois mesmo os ramos do xamanismo mentalmente sofisticados como o Budismo ou menos sofisticados como os Toltecas, siberianos, africanos e americanos, mantinham um forte segredo. Hoje, como dissemos em ”Quase Morri, Voltei, entendi”, tudo mudou pela influência crescente do Kali Yuga, e a internet fervilha de informação. Curiosamente esse acúmulo só quantitativo de informação de má qualidade continua escondendo o ouro como nos tempos da tradição oral. É assim.
O Budismo, que espalhou seus mestres pelo mundo graças à perseguição da China, e estabeleceu bases no ocidente, mudou suas antigas estratégias de segredo e os mestres passaram a fazer seminários, eventos, e editar livros e técnicas sobre como trabalhar os bardos (intervalos) como a vida, o sonho, o sono, a meditação e o pós-morte.
Da mesma forma a tradição oral Tolteca só veio a publicar livros com Carlos Castaneda, nagual da linha dos novos videntes, em 1968 e sob protestos de muitos dos videntes da linha antiga, obcecados mais por manter o poder do que pela a “liberdade total”.
Mais recente também o xamanismo, em geral ajudado por acadêmicos recém convertidos, vem abrindo suas portas através de livros e eventos. É o caso de Olga Kharitidi, simpática, discreta e jovem bruxa, médica e escritora russa, e de outros acadêmicos como Michael Harner, Hank Wesselman e outros em todo o mundo.
No Brasil fui a uns 3 ou 4 anos atrás, a uma defesa de tese de doutorado do Osvaldo, um amigo da Patrícia, antropólogo na USP - Universidade de São Paulo, sobre o sonho na cultura indígena. A gente sequer imagina o que é esse mundo. Os índios quando se referem a um índio considerado "não bom" dizem: "ele nem sonha".
Como diferenças entre tradições podemos assinalar que a tradição e prática do Budismo tornou o sonho acessível e didático no mundo todo, mas a prática Tolteca antiga, por exemplo, continua de difícil acesso no México. Castaneda afirmou que como um “nagual de 3 pontas” diferente dos demais, veio com a missão de quebrar a linhagem e permitir que grupos se formem e recomecem na linha dos “novos videntes” pelo mundo. Tomara.
Já como semelhanças entre essas duas tradições, elas além de considerarem o sonho como um portal importante para o Despertar, afirmam a necessidade de 3 coisas: uma linhagem, um mestre, e um discípulo autênticos. Além disso salientam como essencial um mesmo fato: a necessidade imprescindível de “uma forte intenção” (Budismo), ou de um “intento inflexível” do discípulo(Tolteca). Estamos falando da mesma coisa. Sem o exercício dessa Vontade sob a forma de intenção nada acontece.
Aliás a idéia de trabalhar 24 horas por dia vem como uma luva de encontro às preocupações de muitos velhos praticantes que acham que estão ficando sem a mesma energia de outrora e “o tempo está acabando”. Pois bem, não tem mais desculpa (rsrs): quem cultivar a Consciência no Agora pode usar tanto a vida, como a meditação, o sonho, e o sono para buscar o Despertar mesmo em casa, sem enfrentar o trânsito, antes que chegue o bardo após a morte. Vixe.
Muita gente reclama que Castaneda, apesar de prático, contundente e assertivo, não é claro e didático sobre as práticas. É verdade, mas o caminho tolteca sempre foi um caminho de ação e pouca conversa. Coisa de índio. Já o Budismo nessa diáspora pelo mundo está usando mais a palavra escrita e os recursos modernos da mídia, internet, eventos, etc..
Quando li a obra central de Castaneda e discípulos (15 livros até agora) tive dificuldade, racional que sou, de superar a aparente confusão da cronologia do seu aprendizado, que é uma resultante clara do treinamento simultâneo que Don Juan deu a ele nas "duas atenções": a primeira, normal, no domínio da nossa realidade, o tonal, e a segunda, numa consciência intensificada, no domínio do nagual, misterioso e atemporal.
Então fiz um trabalho de louco, batizado de Leitura Transversal: escaneei os 15 livros (umas 3.800 páginas) e com um software de reconhecimento de texto (OCR) digitalizei toda a obra. Então escolho um tema, por exemplo, A Morte, e busco no Word as citações sobre o assunto, copio, colo, e tenho a visão completa, tudo sobre aquele assunto específico na obra, inclusive a cronologia dos livros e página. É uma leitura não de cada livro, mas de cada tema ou conceito dentro da obra toda, através das citações nos diversos livros.
Fica assim, por exemplo nesta citação abaixo, de Don Juan sobre o assunto “O Sonhar”:
“Sonhar é um termo que sempre me incomodou muito, porque enfraquece um ato muito poderoso. Faz com que pareça arbitrário; dá uma sensação de ser uma fantasia, e isso é a única coisa que não é. Tentei mudar o termo eu mesmo, mas ele está muito arraigado. Talvez algum dia você mesmo possa mudá-lo, apesar de que, como em tudo na feitiçaria, temo que quando você realmente puder fazê-lo não se importará mais com isso porque não fará mais nenhuma diferença como chamá-lo."
Dom Juan explicara amplamente, durante todo o tempo que eu o conheci, que sonhar era uma arte, descoberta pelos feiticeiros do México antigo, por meio da qual os sonhos comuns eram transformados em entradas legítimas para outros mundos de percepção. Sustentava, de todas as maneiras que podia, o advento de algo que ele chamava de “atenção do sonhar”, que era a capacidade de dar um tipo de atenção especial, ou de colocar um tipo especial de consciência nos elementos de um sonho comum.
Seguira meticulosamente todas as suas recomendações e tinha conseguido comandar minha consciência para permanecer fixada nos elementos de um sonho. A idéia que Dom Juan propunha era não começar deliberadamente a ter um sonho desejado, mas de fixar a atenção nos elementos componentes de qualquer sonho que se apresentasse”.
“O Lado Ativo do Infinito”, pág. 220”
Isso é a Leitura Transversal. Como disse um amigo na época, “isso que você fez é trabalho de presidiário”. Mas é isso mesmo que somos. Como diz o budismo, "Se você está no corpo de um burro, aprecie o capim"...
Vou fazer duas promessas sobre O Sonhar a vocês. Uma do Budismo e outra da Tradição Tolteca via Castaneda:
• Publicar em breve assuntos de Leitura Transversal, começando com o sonho, para quem quiser ler sobre os conceitos toltecas trazidos por Castaneda.
• Dar uma visão resumida do trabalho budista sobre o sonho e o sono como portal de entrada para o Despertar da Consciência.
O interessante é que no fim do dia a gente "apaga", vai para um lugar desconhecido, misterioso e imprevisível, não conhece as regras de lá, não leva os nossos bens, só lembranças, e ganha uma identidade parecida com a que tem durante o dia, mas só assiste as coisas, as mais mirabolantes ou não, sem interferir. Deveria se assustar, mas não se assusta porque por mais que não seja bom, sabe que pela manhã volta à chamada “realidade”. Pouca gente se questiona ou dá algum valor ao sonho. Na tradição cristã, no máximo ouvimos falar dos sonhos proféticos de José do Egito no Velho Testamento, que ajudaram a sua amizade com o faraó e a proteção aos demais judeus. Mas só nos fechados círculos do Cristianismo Esotérico pelo mundo o assunto foi trabalhado como uma prática de busca interior.
A Ciência Ocidental, por sua vez fica só procurando “em que lugar do cérebro eles são gerados ou estimulados” e quais são os estímulos, como se isso funcionasse assim, e resolvesse a questão. Não interessa o "o que", só o "onde" e " o como".
Já a tradição oriental e o xamanismo dizem que podemos mudar essa ignorância e apatia pelo sonho e, pasmem vocês, aprender a ficar “conscientes no sonho”, agindo como na vida acordada, e aproveitar esse 1/3 para a busca interior e evolução, ou seja aprender a ter “sonhos lúcidos” e trabalhar e aprender 24 X 7, sem se cansar. E ao contrário, ainda ganhar energia. Lamas e yogues iluminaram-se por esse processo, dentro de suas linhagens. O Budismo afirma que “você só está realmente desperto se estiver desperto no sonho e no sono”. Só então está preparado para enfrentar o bardo da morte (intervalo entre duas encarnações), e escapulir da próxima.
Como a tradição xamânica era oral, pouco se falava disso no mundo ocidental há 50 anos atrás, pois mesmo os ramos do xamanismo mentalmente sofisticados como o Budismo ou menos sofisticados como os Toltecas, siberianos, africanos e americanos, mantinham um forte segredo. Hoje, como dissemos em ”Quase Morri, Voltei, entendi”, tudo mudou pela influência crescente do Kali Yuga, e a internet fervilha de informação. Curiosamente esse acúmulo só quantitativo de informação de má qualidade continua escondendo o ouro como nos tempos da tradição oral. É assim.
O Budismo, que espalhou seus mestres pelo mundo graças à perseguição da China, e estabeleceu bases no ocidente, mudou suas antigas estratégias de segredo e os mestres passaram a fazer seminários, eventos, e editar livros e técnicas sobre como trabalhar os bardos (intervalos) como a vida, o sonho, o sono, a meditação e o pós-morte.
Da mesma forma a tradição oral Tolteca só veio a publicar livros com Carlos Castaneda, nagual da linha dos novos videntes, em 1968 e sob protestos de muitos dos videntes da linha antiga, obcecados mais por manter o poder do que pela a “liberdade total”.
Mais recente também o xamanismo, em geral ajudado por acadêmicos recém convertidos, vem abrindo suas portas através de livros e eventos. É o caso de Olga Kharitidi, simpática, discreta e jovem bruxa, médica e escritora russa, e de outros acadêmicos como Michael Harner, Hank Wesselman e outros em todo o mundo.
No Brasil fui a uns 3 ou 4 anos atrás, a uma defesa de tese de doutorado do Osvaldo, um amigo da Patrícia, antropólogo na USP - Universidade de São Paulo, sobre o sonho na cultura indígena. A gente sequer imagina o que é esse mundo. Os índios quando se referem a um índio considerado "não bom" dizem: "ele nem sonha".
Como diferenças entre tradições podemos assinalar que a tradição e prática do Budismo tornou o sonho acessível e didático no mundo todo, mas a prática Tolteca antiga, por exemplo, continua de difícil acesso no México. Castaneda afirmou que como um “nagual de 3 pontas” diferente dos demais, veio com a missão de quebrar a linhagem e permitir que grupos se formem e recomecem na linha dos “novos videntes” pelo mundo. Tomara.
Já como semelhanças entre essas duas tradições, elas além de considerarem o sonho como um portal importante para o Despertar, afirmam a necessidade de 3 coisas: uma linhagem, um mestre, e um discípulo autênticos. Além disso salientam como essencial um mesmo fato: a necessidade imprescindível de “uma forte intenção” (Budismo), ou de um “intento inflexível” do discípulo(Tolteca). Estamos falando da mesma coisa. Sem o exercício dessa Vontade sob a forma de intenção nada acontece.
Aliás a idéia de trabalhar 24 horas por dia vem como uma luva de encontro às preocupações de muitos velhos praticantes que acham que estão ficando sem a mesma energia de outrora e “o tempo está acabando”. Pois bem, não tem mais desculpa (rsrs): quem cultivar a Consciência no Agora pode usar tanto a vida, como a meditação, o sonho, e o sono para buscar o Despertar mesmo em casa, sem enfrentar o trânsito, antes que chegue o bardo após a morte. Vixe.
Muita gente reclama que Castaneda, apesar de prático, contundente e assertivo, não é claro e didático sobre as práticas. É verdade, mas o caminho tolteca sempre foi um caminho de ação e pouca conversa. Coisa de índio. Já o Budismo nessa diáspora pelo mundo está usando mais a palavra escrita e os recursos modernos da mídia, internet, eventos, etc..
Quando li a obra central de Castaneda e discípulos (15 livros até agora) tive dificuldade, racional que sou, de superar a aparente confusão da cronologia do seu aprendizado, que é uma resultante clara do treinamento simultâneo que Don Juan deu a ele nas "duas atenções": a primeira, normal, no domínio da nossa realidade, o tonal, e a segunda, numa consciência intensificada, no domínio do nagual, misterioso e atemporal.
Então fiz um trabalho de louco, batizado de Leitura Transversal: escaneei os 15 livros (umas 3.800 páginas) e com um software de reconhecimento de texto (OCR) digitalizei toda a obra. Então escolho um tema, por exemplo, A Morte, e busco no Word as citações sobre o assunto, copio, colo, e tenho a visão completa, tudo sobre aquele assunto específico na obra, inclusive a cronologia dos livros e página. É uma leitura não de cada livro, mas de cada tema ou conceito dentro da obra toda, através das citações nos diversos livros.
Fica assim, por exemplo nesta citação abaixo, de Don Juan sobre o assunto “O Sonhar”:
“Sonhar é um termo que sempre me incomodou muito, porque enfraquece um ato muito poderoso. Faz com que pareça arbitrário; dá uma sensação de ser uma fantasia, e isso é a única coisa que não é. Tentei mudar o termo eu mesmo, mas ele está muito arraigado. Talvez algum dia você mesmo possa mudá-lo, apesar de que, como em tudo na feitiçaria, temo que quando você realmente puder fazê-lo não se importará mais com isso porque não fará mais nenhuma diferença como chamá-lo."
Dom Juan explicara amplamente, durante todo o tempo que eu o conheci, que sonhar era uma arte, descoberta pelos feiticeiros do México antigo, por meio da qual os sonhos comuns eram transformados em entradas legítimas para outros mundos de percepção. Sustentava, de todas as maneiras que podia, o advento de algo que ele chamava de “atenção do sonhar”, que era a capacidade de dar um tipo de atenção especial, ou de colocar um tipo especial de consciência nos elementos de um sonho comum.
Seguira meticulosamente todas as suas recomendações e tinha conseguido comandar minha consciência para permanecer fixada nos elementos de um sonho. A idéia que Dom Juan propunha era não começar deliberadamente a ter um sonho desejado, mas de fixar a atenção nos elementos componentes de qualquer sonho que se apresentasse”.
“O Lado Ativo do Infinito”, pág. 220”
Isso é a Leitura Transversal. Como disse um amigo na época, “isso que você fez é trabalho de presidiário”. Mas é isso mesmo que somos. Como diz o budismo, "Se você está no corpo de um burro, aprecie o capim"...
Vou fazer duas promessas sobre O Sonhar a vocês. Uma do Budismo e outra da Tradição Tolteca via Castaneda:
• Publicar em breve assuntos de Leitura Transversal, começando com o sonho, para quem quiser ler sobre os conceitos toltecas trazidos por Castaneda.
• Dar uma visão resumida do trabalho budista sobre o sonho e o sono como portal de entrada para o Despertar da Consciência.
Aguardem, amici...
Só você mesmo!!!
ResponderExcluirNamasté
Eu li esse livro budista sobre sono e sonho consciente. Ele fala sobre a aversão, outra energia, que assim como o apego precisa ser observado.
ResponderExcluirvc poderia pensar em postagem que fale sobre aversão?
a gente lê tanta coisa sobre em como trabalhar o apego, que essa especie de energia complementar fica esquecida de ser observada.
ale
Oi CarLa
ResponderExcluirSó não sei se isso é um elogio, ou um puxão de orelha (rsrs)
Oi Ale
ResponderExcluirÉ verdade e a idéia é boa. A aversão é uma coisa que está atrelada segundo o Budismo, Á responsividade. É automático como um ping pong, e a gente nem percebe...
Só não prometo postar logo, porque tem uma fila de coisas...
Abraço
Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirGostei muito de apreciar o post.
Votos de felicidade e auto-realização!
Rodrigo Freitas.
Oi Ale
ResponderExcluirO apego e a aversão são faces da mesma moeda, né não?
Estou em falta com esse tema. Aguarde.
Abraço
Estive agora relendo o artigo, e reparei nos comentários e na sua resposta que ainda não tinha lido...
ResponderExcluirSó você teria a ideia para realizar a Leitura Transversal... extraordinário!!!
Olá Arnaldo. Acabei de conhecer seu blog, e por falta de intimidade com a tecnologia, preferi perguntar a procurar. Sobre seu comentário, de que escaneou toda obra do castaneda, prometeu postar esse material aqui. Já o postou? Ainda pretende realizá-lo? Te pergunto, pois realizo um trabalho parecido com o seu, porém, escrevo tudo à mão. Já interrompi esse trabalho dezenas de vezes, tamanha é a exaustão de faze-lo. Se entender que pode me ajudar, aguardo um contato. Muito obrigado. Eziquiel (ezimarsouza@hotmail.com)
ResponderExcluir