sábado, 23 de outubro de 2010

O Diálogo Interno

Os temas O Diálogo Interno e o Silêncio Interior estão estreitamente relacionados: um é a antítese do outro, como qualquer praticante sério e dedicado já deve ter experimentado.
Todas as tradições autênticas admitem os dois temas como centrais no seu ensinamento, pois a supressão deste diálogo automático que se passa na mente humana para, então, se obter o silêncio interior, é a condição sine qua non para o Ser Humano atingir a libertação do seu estado de mecanicidade (sono).

O Quarto Caminho de Gurdjieff  é um dos que trabalha o tema exaustivamente nas práticas na calma, ou também chamada de meditação, ou contemplação. Outro é o caminho dos videntes toltecas. Videntes porque eles aprendiam a “ver” diretamente a energia fluindo no universo, sem a barreira da interpretação.
Obtido o Silêncio Interior, o próximo passo é o Conhecimento Silencioso, estado em que o conhecimento acumulado disponível no mundo desde sempre (akasha), pode ser acessado diretamente sem passar pelo mental. Cogita-se que foi assim que conhecimentos complexos e metafísicos como o mapa dos meridianos de Acupuntura, os chakras, sua localização e cores, o mapa do corpo energético, visões do futuro e passado da humanidade foram sendo conhecidos. E é assim que um verdadeiro xamã acessa os conhecimentos de medicina e cura. Não há possibilidade estatística de esse conhecimento ter sido adquirido aleatoriamente, por tentativa e erro como a ciência ocidental insiste em afirmar. Afirmar nisso é como  acreditar que  se amarrarmos um chimpanzé num piano e deixá-lo brincar com as teclas até que aleatoriamente ele consigue compor a Quinta Sinfonia de Beethoven. Never. A probabilidade é zero, mesmo em bilhões de anos!

Castaneda disse no seu incrível livro ‘Porta para o Infinito’ :

“- No princípio de nossa ligação, Don Juan esboçara outra técnica para parar o diálogo interno: é caminhar longos trechos sem focalizar os olhos em coisa alguma.
Ele recomendara que eu não olhasse para nada diretamente, mas que, envesgando ligeiramente, eu tivesse uma visão periférica de tudo o que se apresentasse à vista. Ele insistira em dizer, embora na ocasião eu não o entendesse, que, se a pessoa conservasse os olhos não focalizados num ponto logo acima do horizonte, seria possível observar, de uma só vez, tudo no campo de visão de quase 180 graus diante de seus olhos.
Ele me assegurara que esse exercício era o único meio de impedir o diálogo interno. Ele costumava indagar a respeito de meu progresso e depois parou de falar nisso.
Eu disse a Don Juan que praticara a técnica durante anos, sem observar qualquer modificação, mas também não esperava modificação alguma. Um dia, porém, verifiquei, aturdido, que acabava de andar durante 10 minutos, sem ter dito uma palavra a mim mesmo.
Contei a Don Juan que naquela ocasião eu também tive a noção de que parar o diálogo interno implicava algo mais do que simplesmente cancelar as palavras que eu me dizia. Todo o meu processo de pensar havia parado e eu me sentira praticamente suspenso, flutuando. Essa noção me provocara uma sensação de pânico e tive de recomeçar meu diálogo interno, como antídoto.
"- Já lhe disse que o diálogo interno é o que nos prende à Terra - disse Don Juan. - O mundo é isso e aquilo somente porque falamos conosco dizendo que ele é isso e aquilo.
Don Juan explicou que a passagem para o mundo dos feiticeiros se abre depois que o guerreiro aprende a parar o diálogo interno.
- Modificar nossa concepção do mundo é o ponto nevrálgico da feitiçaria - disse ele. - E parar o diálogo interno é o único meio de conseguir isso. O resto é só enchimento. Agora você está em condições de saber que nada do que você viu ou fez, com a exceção de ter parado o diálogo interno, poderia só por si ter modificado alguma coisa em você, ou em sua concepção do mundo.”

2 comentários:

  1. Essssste sim é o barato maior. O dialogo automático que carregamos por anos a fio e
    que nos cega. Mas estamos tão acostumados que quando se consegue um vislumbre do verdadeiro silencio, dá medo é muito forte; como diz CC
    aí nesse texto. E que não é só cancelar as palavras que a mente diz; envolve o corpo todo, isso deixa a coisa mais difícil. Aí entra o primeiro inimigo.

    Beleza essa
    de que os conhecimentos como mapa de meridiano de Acupuntura, visões e outros, tenha sido conseguido através do silencio, claro meeeuu,
    eu não tinha percebidooo. Que coisa boa quando as coisas se aclaram.
    Bom, a conversa tá boa, mas não tem nem cafezinho...
    Tchau amigo.

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  2. Ué, como diz o mineirinho...pra isso mesmo é que serve o tar de Silêncio Interior.
    Beijão

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