domingo, 27 de abril de 2014

A Ignorância

"O conflito não é entre o Bem e o Mal, mas entre o Conhecimento e a Ignorância. - Buda

Na postagem O Meu Mestre falamos de Tenzin Wangyal Rinpoche. Hoje esse peregrino tibetano fundador do Instituto Ligmincha Brasil, vai falar da Ignorância, representada na Roda da Vida pelo porco, que ao lado do galo (Apego) e da serpente (Ódio-Medo) formam a tríade do Sofrimento. Vamos lá:
"A totalidade de nossa experiência, incluindo os sonhos, nasce da ignorância". É uma afirmação bem surpreendente no Ocidente, assim vemos de início o que entendemos por ignorância (avydia/ma-rigpa). A tradição tibetana distingue duas variedades: a ignorância inata e a ignorância cultural.
A ignorância inata é a base do samsara (N.R. - samsara é o ciclo contínuo de renascimento e morte dos seres). Ela caracteriza por definição os seres comuns. É a ignorância de nossa verdadeira natureza e da verdadeira natureza do mundo. Sob seu efeito, nos enredamos nas ilusões da mente dualista.
A dualidade reafirma as polaridades e as dicotomias. Ela divide a unidade sem divisão da experiência em isto e aquilo, certo e errado, eu e você. Desenvolvemos a partir dessas divisões conceituais preferências que se traduzem por desejo e repulsa, as respostas habituais que constituem o essencial do que identificamos como "eu". Queremos isto, não aquilo; cremos nisto, não naquilo; respeitamos isto e desprezamos aquilo. Queremos o prazer, o conforto a riqueza, a fama e tentamos evitar a dor, a pobreza, a vergonha o desconforto. Queremos essas coisas para nós e para aqueles que amamos, sem nos preocupar com os outros. Queremos outra coisa diferente do que temos, ou ainda nos agarramos ao que temos e queremos evitar as mudanças inevitáveis que conduzirão a perda.
A segunda variedade da ignorância é condicionada pela cultura. Ela vem, em uma dada cultura, dos desejos e aversões que são instituídas no sistema de valores e são codificadas. Na Índia, por exemplo, os hindus pensam que é incorreto comer carne de vaca mas que podemos comer carne de porco. Os muçulmanos creem que eles podem comer carne de vaca mas lhes é interdito de comer porco. Os tibetanos comem as duas carnes. Quem tem razão? Os indianos pensam que são os indianos, os muçulmanos pensam que são os muçulmanos e os tibetanos pensam que são os tibetanos. As diferentes crenças têm sua origem nos preconceitos e nas crenças próprias à cultura, não na sabedoria fundamental.
Encontramos um outro exemplo nas disputas filosóficas. Muitas doutrinas filosóficas são definidas uma com relação à outra, por desacordo sobre um ponto específico. Ainda que essas doutrinas sejam concebidas para conduzir os seres à sabedoria, elas produzem a ignorância na medida em que seus partidários aderem a uma visão dual da realidade. É inevitável para todo sistema conceitual, qualquer que seja, porque a mente conceitual é em si mesma uma manifestação da ignorância.
A ignorância cultural é promovida e mantida pelas tradições. Ela infiltra toda cultura, opinião, conjunto de valores, conjunto de conhecimentos. Para os indivíduos como para as culturas essas preferências são fundamentais ao ponto de serem consideradas como de bom senso ou lei divina. Crescemos e nos apegamos à crenças variadas, à um partido político, à um sistema médico, à uma religião, à uma opinião sobre como deveriam ser as coisas. Recebemos um ensinamento primário, um ensinamento secundário, até mesmo um ensinamento superior e, de uma certa maneira, cada diploma permite-nos expandir uma ignorância mais refinada. A instrução fortalece o hábito de ver o mundo através de uma certa lente. Podemos nos tornar até experts em visões errôneas, adquirir um conhecimento muito preciso e comunicar-se com outros experts. Pode ser o caso da filosofia, que estuda em detalhe os sistemas intelectuais e faz da mente um instrumento de busca muito refinada. Mas, enquanto a ignorância inata não é compreendida, estamos simplesmente trabalhando para aumentar uma nova tendência, não a sabedoria fundamental.
Nos apegamos até às menores coisas: uma marca de sabão, um estilo de corte de cabelo. Em grande escala, inventamos religiões, sistemas políticos, filosofias, psicologias e ciências. Mas ninguém nasce com a crença que é ruim comer carne de vaca ou de porco, ou que tal sistema filosófico é exato enquanto o outro é errôneo, ou ainda que esta religião é certa e aquela é falsa. Tudo isso deve ser aprendido. A adesão a certos valores resulta de nossa ignorância cultural, enquanto que a tendência em aceitar opiniões limitadas vem da dualidade, que manifesta nossa ignorância inata.
Não é ruim. É simplesmente assim. Nosso apegos podem conduzir-nos à guerra, mas eles se manifestam também sob forma de tecnologias úteis e artes variadas, que são de um grande benefício para o mundo. Enquanto estamos não-despertos, estamos na dualidade, e está muito bem. Um ditado tibetano diz: "Quando tens o corpo de um asno, regozija-te com o sabor da erva". Dito de outra maneira, devemos gozar esta vida e apreciá-la, porque ela é plena de sentidos e preciosa por si-mesma, e porque é a vida que vivemos.
Se não tomamos cuidado, os ensinamentos podem servir para manter nossa ignorância. Podemos dizer que é ruim para alguém obter um grau superior, ou errôneo observar restrições dietéticas, mas a questão não é esta completamente. Ou ainda podemos dizer que a ignorância é má, ou que a vida normal não é mais que uma estupidez samsárica. Mas a ignorância é simplesmente um obscurecimento da consciência. Aí estar apegado, ou repudiá-la, é sempre ainda o velho jogo da dualidade, jogado desta vez no domínio da ignorância. Podemos ver até que ponto ela é invasora. Mesmo os ensinamentos devem transigir com a dualidade – encorajando o apego à virtude, por exemplo, e a aversão pelo não-virtuoso – fazendo paradoxalmente apelo à dualidade da ignorância para triunfar sobre a ignorância. Que nossa compreensão torne-se mais sutil, senão podemos perder-nos facilmente! Eis porque é necessário praticar, para ter uma experiência direta em lugar de apenas estabelecer um outro sistema conceitual para aperfeiçoar e para defender. Vistas do alto, as coisas tem a tendência à se aplainar. Do ponto de vista da sabedoria não-dual, "importante" e "irrisório" não existem.

ATOS E RESULTADOS: CARMA E MARCAS CÁRMICAS
A cultura na qual vivemos nos condiciona, mas somos nós que carregamos as sementes do condicionamento conosco, seja onde formos. Tudo o que nos perturba está na realidade em nossa mente. Acusamos as circunstâncias de nosso mal-estar, ou nossa situação, e acreditamos que seriamos felizes se pudéssemos mudar o estado das coisas. Mas a situação na qual nos encontramos é a causa secundária de nosso sofrimento. A causa primária é a ignorância inata e o desejo que daí resulta de vermos as coisas serem diferentes do que elas são.
Podemos decidir de escapar às tensões urbanas migrando para o oceano ou a montanha. Ou ainda, podemos acabar com o isolamento e as dificuldades do campo pela excitação da cidade. A mudança será talvez agradável porque as causas secundárias são modificadas e poderemos experimentar contentamento. Mas somente por pouco tempo. A raiz de nosso mal-estar muda-se conosco para nosso novo lar, onde dará nascimento a novas insatisfações. Seremos bem rápido novamente presos em um turbilhão de esperança e temor.
Ou então, podemos pensar que com um pouco mais de dinheiro, um melhor companheiro ou uma melhor companheira, ou com um corpo, uma educação, um trabalho melhores, seriamos felizes. Mas sabemos que isto é falso. Os ricos não estão livres do sofrimento, um novo companheiro nos descontentará de uma maneira ou de outra, o corpo envelhecerá, o novo trabalho se tornará menos interessante, e assim por diante. Quando pensamos que a solução para nossa infelicidade se encontra no mundo exterior, nossos desejos podem ser apenas temporariamente satisfeitos. Não compreendendo isso, somos empurrados para cá e para lá pelos ventos do desejo, sempre agitados e insatisfeitos. Somos dirigidos por nosso carma e não cessamos de plantar os grãos de uma futura colheita cármica. Não somente esta maneira de agir nos distrai do caminho espiritual, mas impede-nos além disso de encontrar a satisfação e a felicidade na nossa vida cotidiana.
Enquanto estamos identificados com o desejo e a aversão da mente em movimento, produzimos emoções negativas: elas nascem no espaço que separa o que existe daquilo que queremos. Os atos criados por essas emoções – são praticamente todos os atos de nossa vida comum – deixam marcas cármicas.
Carma significa ação. As marcas cármicas resultam das ações, permanecem na consciência mental e influenciam nosso futuro. Podemos compreender em parte o que elas são aproximando-as daquilo que chamam no ocidente de tendências inconscientes. São inclinações, esquemas de comportamento interior e exterior, de reações inveteradas, das maneiras de pensar habituais. Essas tendências regem nossas reações emotivas aos acontecimentos e nossa compreensão intelectual, do mesmo modo que as emoções habituais que nos caracterizam, e nossa rigidez mental. Elas criam, e condicionam, cada uma das respostas que damos normalmente a cada um dos elementos de nossa experiência.
Eis um exemplo de marcas cármicas grosseiras (mas a mesma dinâmica está trabalhando em níveis os mais sutis e os mais profundos de nossa experiência). Um rapaz cresce em uma família onde discutem muito. Trinta ou quarenta anos talvez após ter deixado a casa, caminhando pela rua, o homem que ele se tornou ouve pessoas que discutem no imóvel ao lado do qual ele passa. Na noite seguinte, ele sonha que discute com sua mulher ou sua companheira. Ao despertar, ele sente-se desgostoso e reservado. Sua companheira nota seu humor e reage, o que o irrita ainda mais.
Essa sucessão de acontecimentos revela-nos alguma coisa das marcas cármicas. O homem, em sua juventude, reagia às altercações familiares com medo, raiva e dor. Ele tinha horror desses conflitos – uma reação normal – e esta aversão deixou uma marca na sua mente. Décadas mais tarde, passando ao lado de uma casa, ouve uma briga; é a condição secundária que estimula a velha marca cármica, a qual manifesta-se por um sonho.
Nesse sonho, o homem reage pelo ódio e a dor à provocação de sua companheira. Esta resposta é comandada pelas marcas cármicas acumuladas na consciência mental da criança e provavelmente muitas vezes reforçada depois. Quando sonha que é provocado pela sua companheira (que não é mais que uma projeção de sua mente), ele reage com aversão, exatamente como quando era criança. Esta reação onírica é uma ação nova, criadora de um grão cármico novo. Ao acordar, ele está mergulhado em emoções negativas que são o fruto de carmas anteriores; ele se sente ferido e afastado de sua mulher. Para complicar ainda mais as coisas, esta reage segundo suas próprias tendências cármicas habituais, talvez enfurecendo-se, ao se sentir ferida, se desculpando, ou humilhando-se, o que encadeia uma nova reação negativa do homem, semeando um outro grão cármico.
Toda reação à qualquer acontecimento – exterior ou interior, estejamos acordados ou sonhando – que tenha por raiz o desejo ou a aversão deixa uma marca na mente. A medida que o carma dita as reações, estas semeiam novos grãos cármicos, que ditarão futuras reações, e assim em seguida. Eis como o carma conduz a mais carma. É a roda do samsara, o ciclo sem fim da ação e reação.
Ainda que este exemplo refira-se ao carma unicamente ao nível psicológico, cada dimensão da existência é de fato determinada por ele. Ele dá forma aos fenômenos emotivos e mentais da vida de um indivíduo, a percepção e a interpretação da existência, o funcionamento do corpo, e a causalidade dinâmica do mundo exterior. Cada aspecto da existência, quer seja pequeno ou grande, é governado pelo carma.
As marcas deixadas pelo carma na mente são como sementes. Como elas, as marcas cármicas requerem certas condições para se manifestar. A semente necessita da combinação adequada de luz, umidade, de nutrientes e da temperatura para germinar e crescer; do mesmo modo, a marca cármica se manifesta quando encontra a situação adequada. Os elementos da situação que favorecem a manifestação do carma são conhecidos com o nome de causas e condições secundárias.
É útil compreender que o carma é a lei da causalidade, porque isso leva a reconhecer que as escolhas feitas em resposta a não importa qual situação, exterior ou interior, tem suas conseqüências. Quando compreendemos verdadeiramente que cada marca cármica leva em germe uma ação futura regida pelo carma, podemos utilizar esse saber para evitar de criar negatividades em nossa vida e para criar ao contrário, as condições que nos orientarão positivamente. Ou seja, se sabemos como fazer, podemos deixar as emoções se auto-liberarem no momento em que elas surgem; nenhum novo carma é mais criado."

Texto do livro "Os Yogas Tibetanos do Sonho e do Sono" de Tenzin Wangyal Rinpoche.

domingo, 20 de abril de 2014

Carnívoro ou Vegetariano? - por Yogananda

Yogananda
Como muita gente nesse mundo eu passei a comer só vegetais não porque não goste de carne, mas porque sinto claramente no corpo que ela não é saudável para mim, e também porque não quero proximidade com esse carma obscuro da matança dos animais. Fiquei muito impressionado quando assisti há anos atrás no Youtube alguns videos chocantes sobre como são normalmente sacrificados os animais para satisfazer o consumo das pessoas. Um horror. Muita gente que viu fez o mesmo, porque não adianta se fingir de morto e desvincular as duas coisas: o pacote de carne na prateleira do supermercado e animal vivo na natureza. Eles são a mesma coisa. Um morto e outro vivo. Infelizmente há muita gente assim, mas acredito que a ignorância sobre a ligação das duas coisas não nos livra dos efeitos.
Constatei também que tanto vegetarianos como carnívoros, são igualmente opiniáticos, senão radicais, e tem visões e argumentos pouco fundamentados sobre o assunto, e frequentemente uma certa dose de partidarismo. 
A visão de Albert Einstein, que era vegetariano, se concilia com a opinião de ecologistas e cientistas de que as pastagens de animais usam de forma improdutiva uma área desnecessária de terras para produzir menos alimentos que a agricultura. Essa visão é produto do fato de ele ser um ser muito evoluído vivendo nos nossos tempos. Ele diz: "Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará tanto as chances da vida na terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana"
Então eu procuro me orientar pela minha bússola interior sobre esse assunto, mas como nunca se consegue conciliar as duas opiniões divergentes sobre o isso, decidi postar a visão equilibrada de Yogananda,  um iogue respeitável já citado neste blog em pelo menos duas postagens deliciosas de se ler. Se você quiser lê-las, são O Segredo da Vida Equilibrada, uma experiência incrível com o seu mestre Sri Yuktésvar e a outra O Roubo da Couve Flor. Ele diz:

"A questão do consumo da carne e do vegetarianismo é assunto muito complicado e controverso, por isto vou apresentar os vários argumentos oferecidos pelos seguidores dos “cultos” dos açougueiros e dos vegetarianos, e acrescentar no fim, se possível, minhas próprias opiniões a respeito de ambos. O que direi será governado pelas necessidades atuais do mundo, e acredito que nunca poderá ser dada uma visão absoluta, que seja boa para todos os tempos e para todas as pessoas. 

A origem do consumo de carne 
Ao ver o peixe grande comer o peixe pequeno, a lagartixa recém-nascida pular sobre o pequeno inseto e engoli-lo, e o tigre e o leão, mais fortes, caçarem animais menores, o homem viu nisto o dedo indicador da Natureza, e começou a comer a carne de animais que satisfaziam o seu paladar. 
O elefante e o rinoceronte são tão fortes quanto o leão e o tigre, e apesar disto são vegetarianos. O homem aprendeu a comer vegetais e desenvolveu o instinto de alimentar-se de vegetais ao ver as criaturas da Natureza que também consomem vegetais. 
Como encontramos, no seio da Natureza, mais animais carnívoros do que vegetarianos, também vemos pessoas sobrevivendo mais de carne do que apenas de vegetais. Muitas pessoas 
dizem que comer carne produz câncer e diminui o tempo de vida. Eu acredito que o consumo 
excessivo de carne tende a produzir mais doenças do que o consumo excessivo de vegetais. 
O elefante e a tartaruga, que consomem vegetais, vivem por muito tempo. As vacas comem vegetais, porém morrem cedo; cães comem vegetais, mas também comem uma quantidade maior de carne, e vivem pouco tempo também. Os crocodilos comem frugalmente carne e jejuam por longos períodos de tempo, e vivem até 600 anos ou mais. Sabe-se que alguns iogues que comiam vegetais e que conheciam a super-arte de viver, viveram mais de 600 anos. 
Longevidade não depende somente de alimentar-se corretamente, mas também de se respirar menos, de não sobrecarregar o coração, da eliminação apropriada, do controle da força sexual e do correto recarregamento do corpo a partir da Fonte Divina. 

A interdependência da vida 
No seio da Natureza, vemos que os vegetais consomem os elementos químicos do solo, e 
as aves, os animais e os seres humanos comem vegetais e animais. Os vegetais gostam de 
fertilizantes de origem animal, como o sangue seco e os ossos de corpos animais em estado de 
putrefação, enquanto os animais comem a carne humana. Seres humanos comem animais, 
vegetais e elementos químicos do solo através da comida e dos remédios; a grande e velha 
Terra está sempre faminta e é canibal, uma vez que de seu útero vêm todos os elementos 
químicos que compõem os seres vivos, e em seu grande estômago devorador todos vegetais, 
animais e humanos devem retornar. Isto mostra que a Terra voraz, os vegetais, os animais e os 
seres humanos são ao mesmo tempo vegetarianos e carnívoros. 

As diferenças entre vegetais e a carne 
Vegetais e animais são diferentes apenas no grau de manifestação da vida. O Prof. J. C. Bose, da Índia, provou que os vegetais têm um sistema nervoso que responde a um estimulo favorável através do prazer, e a uma influência desfavorável através da dor. Eles têm batimento cardíaco, sistema circulatório, pressão da seiva e uma vida central, em certas células das raízes – o cérebro dos vegetais. Ampute um dedo seu e você não morrerá, corte um galho e a planta não morrerá, mas remova o cérebro humano e o corpo que o continha morrerá, exatamente como ocorre quando se corta a raiz de uma planta: ela morre. 
Assim como os animais respondem a certos tratadores, os vegetais crescem em abundância sob certas vibrações humanas benignas, e definham ou crescem pouco quando cultivados por pessoas com vibrações erradas. Pode-se anestesiar uma planta, fazer com que sinta prazer ou dor, ou até envenená-la e matá-la. Cortar a cabeça de uma couve-flor é o 
mesmo que cortar a cabeça de um carneiro. Instrumentos de precisão desenvolvidos pelo Prof. 
Bose nos mostram a dor e a agonia da morte em plantas torturadas ou moribundas. Um 
pedaço de estanho pode sentir prazer ou dor, e pode expressar suas emoções através de instrumentos sensíveis feitos pelo homem. A couve-flor abatida só pode expressar sua agonia 
pré-morte através dos instrumentos do Prof. Bose. Os metais e as plantas torturados não podem falar. Alguns peixes expressam sua agonia através de um grito agudo e curto. Aves e animais manifestam seus problemas através de diferentes sons específicos. O homem se aproveita do fato de que ele não entende a linguagem dos animais e então os mata contra a vontade deles. 
O homem civilizado não tem direito de matar os animais ou os silvícolas, somente porque não entende a linguagem deles. Mas, do ponto de vista de resposta a dor, o homem é a manifestação mais sensível da vida. Depois do homem, segundo a sensibilidade, vêm os diferentes graus de animais, peixes, plantas e minerais. O carneiro e o frango, quando estão sendo mortos, sofrem menos do que os animais que resistem e se ressentem, como o boi e o porco. A maior parte dos peixes desistem rapidamente quando estão sendo mortos. 
Não há dúvida de que o ser humano possui o sistema nervoso mais sensível, através do qual ele recebe e responde a estímulos na forma de prazer ou dor. Os animais são bem menos sensíveis e sentem menos dor e prazer. O animal, sendo menos sensível do que o homem, sente menos dor do que os seres humanos durante a morte. O sistema nervoso das plantas é bem menos desenvolvido do que o sistema nervoso dos animais. Os minerais são menos sensíveis a estímulos do que as plantas. Uma martelada pode matar uma planta, um animal ou 
um homem, mas não consegue facilmente extrair a Força Vital de um tenaz e menos sensível metal. No entanto, por meio de repetidas batidas, até mesmo os metais perdem sua tenacidade ou atributos da vida. Portanto, do ponto de vista da expressão através de sons e da sensibilidade do sistema nervoso, pode-se dizer racionalmente que o homem sofre mais quando é morto; que o boi sob o machado sofre mais do que o carneiro ou o frango, que o peixe sob a faca sofre menos do que o carneiro, e que os vegetais, quando comparados, sofrem muito menos do que o peixe, os animais e o homem. 
O canibalismo não existe apenas entre os homens, mas também entre as plantas, as aves e os animais. Lobos comem lobos. Os indígenas Jivaro comem seus prisioneiros de guerra e poupam o custo de manutenção e de despesas com a compra de carne. Eles encolhem as cabeças de seus inimigos prisioneiros até o tamanho de uma bola de tênis e as guardam como troféus de guerra, assim como caçadores penduram a cabeça dos animais que eles mataram.  
O consumo de carne obviamente não pode ser condenado sob o ponto de vista de ser um ato de matar, porque o consumo de vegetais e frutas também envolve a retirada da vida; o que é palpável é que a matança de animais desperta muito mais a nossa consciência e sensibilidade humanas do que a matança de vegetais e o descascamento e a mastigação das frutas. A maior parte dos consumidores de carne bovina desistiriam de comer carne se tivessem que matar os animais para obtê-la; mas nenhum vegetariano se importaria em descascar os vegetais e cortar as cabeças das cenouras ou de qualquer outro vegetal. O fato de que a matança de animais implica derramar sangue e produzir dor demonstra claramente que os animais são parentes próximos do homem e estão se aproximando dele na escala evolutiva. 
Os vegetais não gritam de dor nem derramam sangue quando são mortos. Do ponto de vista da sensibilidade humana, podemos dizer que é menos dolorido matar um vegetal do que um animal. As almas adiantadas hesitam até em remover as cabeças das rosas de seus corpos vegetais que florescem em jardins domésticos, da mesma maneira como as outras almas odeiam matar seus animais de estimação para obtenção da carne. 
Carne é alimento concentrado e é fortalecedora, mas é também altamente constipante e age como retentora dos venenos corporais, sendo assim precursora de doenças. Os vegetais têm de ser ingeridos com mais paciência e não são tão concentrados quanto a carne; por isto a ingestão inapropriada de vegetais não é boa fonte de energia. Frutas e vegetais, tendo um efeito 
laxativo natural, favorecem a saúde e a eliminação das doenças. 
Os iogues da Índia opõem-se à ingestão de carne, enquanto os seguidores do Tantra advogam seu uso. As nações que comem carne são, em geral, politicamente livres. A Índia é vegetariana e não tem sido forte o suficiente para dispersar invasões estrangeiras. Os americanos estão sofrendo de obesidade devido ao consumo exagerado de todos os tipos de proteínas, como por exemplo carne, leite e nozes. Os americanos deveriam se tornar 
vegetarianos. Hindus quase não têm proteína para comer e, por causa do fanatismo, abusam das dietas em que predomina o amido e, assim, morrem cedo e magros. Na Índia, os animais vivem mais do que os seres humanos. 
Apenas como um meio para um fim, ou como medida temporária, a Índia atual precisa comer carneiro, bodes e aves até que possa conseguir leite e substitutos da carne em quantidades suficientes. A vida espiritual hindu, mesmo que sustentada pelo consumo de carne, faria mais benefício ao mundo do que a dos animais mudos, aos quais se permitem viver sem fazer nada. A vida humana é mais valiosa e útil a todas as criaturas do que a vida de qualquer animal. Se uma escolha tem de ser feita entre um ser humano comer carne para sobreviver ou morrer sem comer carne, e os animais sobreviverem e não serem comidos pelos homens, eu diria que os homens deveriam sobreviver às custas dos animais. 
Ninguém pode escapar. Os animais são sacrificados contra suas vontades para alimentar o homem; este, então, contra sua vontade, tem de morrer para que sua carne recomponha os elementos químicos da Mãe Terra. Um bilhão e meio de pessoas multiplicado por 44,6 quilos de elementos químicos, que são retirados da terra em forma de vegetais a cada sessenta anos para alimentar as pessoas, devem, a um intervalo de cerca de sessenta anos, ser devolvidos ao solo para sustentar a saúde da Mãe Terra. Se os corpos de um bilhão e meio de pessoas, ao invés de se misturarem com o solo, evaporassem no éter a cada sessenta anos, então ao final de alguns milhares de anos, a Terra ficaria fraca e infértil, seria apenas um torrão desértico, 
habitado por seres humanos sempre-crescentes e devoradores como formigas. 
Testes químicos que introduziram sangue de certos animais em seres humanos, mostram que algumas pessoas podem comer apenas a carne de certos animais. Esse é um meio científico moderno para demonstrar quais carnes específicas se harmonizam com cada indivíduo. 
Igualmente, nem todas as frutas e vegetais são apropriados para todas as pessoas. Algumas frutas causam alergias em certos indivíduos. Algumas pessoas ficam doentes quando comem cebola. Batata às vezes causa constipação. Algumas pessoas ficam muito doentes quando comem carne bovina, e outras sofrem de azia ao comerem frango. A maioria responde favoravelmente à ingestão da carne de carneiro. Descobriu-se que carne de carneiro é mais 
compatível com os elementos químicos dos seres humanos, do que qualquer outra forma de 
carne. 
Em locais frios, como o Alasca, as pessoas bebem óleo e sangue de foca para se manterem aquecidas. Elas vivem de carne de peixe, foca, caribu e morsa. Assim como algumas pessoas comem vegetais e frutas secas, os esquimós comem carne seca quando um suprimento de fresca é difícil de se encontrar. Dizem que muitos esquimós morrem de tuberculose devido ao frio intenso. Algumas pessoas dizem que eles morrem devido à sua dieta de carne, enquanto
outras acham que suas mortes prematuras devem-se ao fato de quererem viver a vida não natural
do homem branco.
Descobrimos através de estudos que ambos, vegetarianos e consumidores de carne, podem viver vidas saudáveis e longas. Jesus, Buda e São Francisco comiam carne, enquanto
Shankara, Chaitanya e muitos santos crísticos da Índia não comiam carne. Em uma visão, São
Pedro viu alguns animais e uma voz pediu que ele os matasse e comesse.(Atos 10:10-15). O mandamento “Não matarás” destinava-se aos homens, não aos animais. Moisés e Jesus, ambos comiam carne,(Lucas 24:42-43) e foi Moisés quem transmitiu os dez mandamentos.
A vida se desenvolve de maneiras diferentes, nos seus diferentes estágios. Manifesta-se nos minerais, mas seus tecidos são duros e têm de ser reduzidos a pó e condicionados antes que possam ser absorvidos pelo organismo humano. Os minerais são emulsificados e transformados em forma orgânica na vida de vegetais para que possam ser consumidos pelos organismos menos duros de outros vegetais, animais e seres humanos. Os tecidos vegetais são
macios, mas raramente mostram a presença de um forte sistema central, e quando os vegetais
são abatidos com facas, eles nunca gritam de dor ou derramam sangue. Seu sangue é um fluido branco viscoso chamado seiva.
A vida desenvolve os tecidos de um peixe em tecidos mais complexos do que dos vegetais. A carne de peixe é em geral branca. Peixes têm sangue e um sistema nervoso, mas poucos peixes fazem qualquer som ou protestos quando são mortos. A vida evolui ainda para formas mais complexas de animais, portanto seus tecidos são diferentes do peixe. Animais protestam em voz alta durante o processo de matança. O boi e o porco, tendo sistema nervoso bem desenvolvido, sentem muita dor durante o processo a que são submetidos e protestam em alto e bom tom a qualquer tentativa que se faça de matá-los. Eles protestam mais
violentamente do que o carneiro. Isto mostra que embora os animais não possam conversar
inteligentemente como os humanos; ainda assim são evoluídos o suficiente para protestarem através de sons, que estão sentindo dor e não querem ser mortos.
O homem não é morto e consumido por outros homens, com exceção em tribos primitivas de canibais, porque ele pode protestar contra seu assassinato através de sons inteligíveis. Os homens não pensariam em matar animais se estes pudessem protestar contra a matança através da linguagem inteligível ou escrita perante um tribunal. Embora cães sejam consumidos em algumas partes do mundo, ainda assim ninguém pensa em matar um cão de estimação inteligente, quase humano, para servi-lo como repasto na mesa dos homens glutões. 
Assim, fica evidente, do ponto de vista do protesto sonoro, que o homem é a primeira criatura 
a recusar a matança e, portanto, não deve ser morto. 
Em seguida vêm os touros, bois, vacas, porcos, entre outros, que protestam alto o bastante que não querem ser mortos – que têm a mente e a consciência evoluídas o suficiente para perceberem o amor pela autopreservação e a injustiça no ato de se infringir dor, e portanto não devem ser mortos. Parece que os mudos vegetais, peixes e animais mansos foram intencionalmente dotados pela Natureza de um sistema nervoso menos desenvolvido, que não registra tanto a dor nem provoca protestos na forma de sons durante a dor. Essa talvez possa ser uma das razões pelas quais essas formas menos desenvolvidas foram criadas para serem sacrificadas em prol da manutenção das formas de vida mais evoluídas."


(Título original: “Meat Eating versus Vegetarianism, by Swami Yogananda”, publicado na revista East-West, abril-maio de 1935.)











domingo, 13 de abril de 2014

A Cruz Cardinal - Tensão Coletiva à Vista....

Cruz Cardinal começando por volta de 14/04/2014
A Cruz Cardinal já vem se formando no céu astrológico mas começa a se intensificar hoje (13/4/2014), continuando nesta quinzena e começando a se desfazer até Junho. A quadratura Urano-Plutão, dois planetas lentos que fazem parte da cruz, prossegue porém com sua influência até início de 2015.
O período potencialmente mais explosivo de 2014 é a quarta semana de abril, especialmente entre os dias 20 e 23, quando Marte, um planeta não muito gentil, faz um movimento retrógrado voltando até os graus da Quadratura T (por volta do 13º grau do signo) transformando-a num Grande Quadrado em signos cardinais. Dois eclipses agregam ainda mais adrenalina a este mês conturbado: o primeiro em 15 de abril (lunar total) e o segundo em 29 de abril (eclipse anular do Sol).
Como sabem os apreciadores da Astrologia, uma cruz zodiacal mostra um aspecto forte e portanto importante, porque os vários astros estão formando no mínimo quatro oposições entre si em forma de cruz, e portanto tensões fortes no céu astrológico. Essas tensões atingem pessoas, países, eventos, etc., conforme os planetas de suas respectivas cartas astrológicas específicas se relacionem (façam determinados ângulos) com os planetas que formam a cruz. Ela se chama Cruz Cardinal porque uma das classificações dos 12 signos em grupos de 4 é chamada cardinal, os outros grupos são os fixos e mutáveis. Os signos cardinais estão associados a ação, decisões rápidas, iniciativas e avanços - para o bem ou para o mal.
Muito bem, então vamos lá:

QUADRATURA EM T DESDE JUNHO DE 2013
Entre o final de 2013 e o início de 2014, Marte ativou Júpiter, Urano e Plutão. Um novo momento como este está para se repetir. Na segunda quinzena de abril de 2014, entre os dias 13 e 30 do mês, o céu terá a formação de uma Grande Cruz Cardinal, que é o principal evento astrológico do ano."Na segunda quinzena de abril de 2014, entre os dias 13 e 30 do mês, o céu terá a formação de uma Grande Cruz Cardinal, que é o principal evento astrológico do ano."
Entenda abaixo em quais circunstâncias esse fenômeno pode trazer tensões, libertar e abrir novas frentes. Aprenda também como lidar com esta fase.

HORA DE ESCOLHER NOVOS CAMINHOS
Os doze signos do zodíaco se dividem entre quatro Elementos, que são bem conhecidos do público: Fogo, Terra, Ar e Água. Na roda zodiacal, signos de mesmo Elemento ficam ligados por um triângulo, figura que transmite uma noção de harmonia. Pertencer a um mesmo Elemento é, simbolicamente, falar a mesma língua. Assim, por exemplo, Áries entende Sagitário com facilidade, pois ambos os signos pertencem ao Elemento Fogo.
No entanto, o que pouca gente sabe é que os signos também são agrupados em três ritmos: Cardinal, Fixo e Mutável, e que a figura geométrica que se desenha quando ligamos signos de um mesmo ritmo é um quadrado, com uma cruz interna. O quadrado remete firmeza, solidez, repouso, estrutura e ordem. É como uma base de algo que tem que ser construído. Mas toda construção dá trabalho, certo? Pertencer a um mesmo ritmo é, desta forma, ter algo em comum, mas também significa a necessidade de conciliar muitas diferenças.
A Cruz, assim, é uma formação em que dois signos se opõem entre si e fazem ângulo de 90º com outros dois signos que também estão opostos mutuamente. É uma configuração astrológica que envolve tensão e dinamismo. Quando, portanto, há uma Cruz no Mapa Astral da pessoa ou no céu do momento, a indicação é de que haverá muito trabalho interno para lidar com tendências e necessidades muito diferentes. Além disso, cada ritmo tem uma característica própria de funcionamento.
O ritmo Cardinal, que estará em destaque em abril, implica em pressões que levam a ações e acontecimentos bons ou maus, positivos ou negativos, ou ambos."O ritmo Cardinal, que estará em destaque em abril, implica em pressões que levam a ações e acontecimentos bons ou maus, positivos ou negativos, ou ambos."
Tais signos tendem a resolver suas questões sempre escolhendo uma direção ("é por aqui que vou") e investindo toda a sua energia nela. Por esta razão, engendram acontecimentos de uma forma rápida, decisiva e surpreendente, gerando, principalmente, novos caminhos.

A QUADRATURA URANO-PLUTÃO: MUDANÇAS E DESAFIOS ENTRE 2010 E 2015
Em meados de 2013, a quadratura Urano-Plutão se tornou ainda mais tensa, porque Júpiter passou a fazer oposição com Plutão e quadratura com Urano, formando no céu aquilo que denominamos em Astrologia como "Quadratura em T". A "Quadratura em T" é o que chamaríamos de uma "quadratura ainda mais apimentada", porque adiciona um elemento a mais.
Para a Astrologia, Júpiter, que passou a estar em contato com Urano e Plutão, é como um grande amplificador, que ainda teve a particularidade de estar mais forte do que o habitual por estar transitando, desde junho de 2013, por um signo com o qual tem muita compatibilidade: Câncer - concluindo este trânsito somente em julho de 2014.
Em Câncer, Júpiter intensifica as emoções de qualquer natureza: amor, alegria e pertencimento, mas também revolta. Câncer é o signo que rege o povo, e não é de se surpreender que justamente este povo tenha ficado mais participativo e presente desde o início da passagem de Júpiter por Câncer - signo que também rege as questões territoriais, históricas e étnicas. O recente caso da Crimeia, que voltou a ser anexada à Rússia e causou muita polêmica no cenário internacional, é um exemplo típico de manifestação da passagem de Júpiter em Câncer envolvido em aspectos tensos com Urano e Plutão.
Em abril de 2014, os quatro signos cardinais terão planetas transitando por eles e, por isto, uma Cruz Cardinal irá se formar no céu, transformando-se no principal acontecimento astrológico dos últimos anos.
O primeiro motivo que faz com que esta Cruz seja tão importante é porque os planetas Urano e Plutão farão parte dela. Para a Astrologia, os três planetas mais distantes - Urano, Netuno e Plutão - influenciam enormemente o coletivo, trazendo inclinações, tendências e transformações. A grande distância em relação ao Sol faz com que tenham trânsitos que duram vários anos, e que, devido a isto, causam grande impacto no âmbito coletivo e individual.
Urano e Plutão, dois planetas que estão ligados a mudanças e transformações, vêm formando quadratura entre si desde 2010. Esta quadratura teve - e terá até 2015 - muita influência no plano coletivo, pois o planeta da rebeldia (Urano) está em disputa com aquele que rege o poder (Plutão).
As repercussões desta quadratura foram analisadas em dois artigos do site Personare, um sobre a esfera coletiva e o outro sobre o âmbito individual. É este aspecto que, junto com outros fatores astrológicos que a ele se somam e o intensificam, está por trás de uma série de acontecimentos que temos observado nos últimos anos, desde extremos climáticos (secas causticantes em alguns lugares, enquanto outros estão exageradamente gelados) até abalos políticos e econômicos e, principalmente, a onda de protestos no mundo inteiro.

MOMENTO INDICA SURPRESAS NA VIDA FAMILIAR
Na vida pessoal, a Quadratura em T vem trazendo muitas temáticas relacionadas a Júpiter em Câncer. Este signo rege, por exemplo, as moradias e a rotina doméstica. Muita gente, desde meados de 2013, está vivendo questões ligadas a este tema: ter de sair de uma casa, ter um novo morador em casa, estar com problemas em alugar um imóvel (seja como proprietário ou inquilino), ter necessidade de encontrar um novo imóvel, precisar lidar com assuntos de inventário com imóveis, etc.
Outra temática canceriana é família, com muitas coisas novas aqui também, desde perda de gravidez até uma gestação inesperada ou desejo de engravidar; polêmicas, disputas ou fatos novos na família; desafios ou novidades nos relacionamentos familiares, etc.
E, finalmente, Câncer é também um signo de vida interior, indicando provavelmente uma fase de emergência de muitas questões internas e riqueza de emoções, obrigando a toda uma revisão de perspectivas, a fim de que elas se ampliem para acomodar uma nova fase de vida.

CRUZ SUGERE EPISÓDIOS DRÁSTICOS PARA ABRIL
 O que fará de abril um mês diferente dos demais é a ação de Marte, que irá fechar uma Cruz no céu, no que antes era uma formação em "T". Ocorre que Marte, para a Astrologia, é sabidamente um planeta desencadeador de acontecimentos. Ele dispara situações de todos os tipos, principalmente aquelas que nos desafiam e nos obrigam a mudar. Então, a pergunta é: o que poderá acontecer em abril?
A principal característica da quadratura Urano-Plutão é o seu fator de imprevisibilidade. Ao redor do mundo, em abril, poderão ocorrer desde um aumento de episódios drásticos com a natureza (terremotos, enchentes, temperaturas extremas, etc.), mas também problemas de ordem política, econômica e, principalmente, diplomática - já que Marte transita em Libra, signo ligado a isto. O maior receio dos astrólogos quanto aos próximos meses está ligado à possibilidade de ocorrer algum conflito ou guerra inútil, que ocasione perda de dinheiro e vidas."O maior receio dos astrólogos quanto aos próximos meses está ligado à possibilidade de ocorrer algum conflito ou guerra inútil, que ocasione perda de dinheiro e vidas."
Assim, podemos esperar que abril (com reflexos nos próximos meses, como maio, junho e julho) seja um período com muitos acontecimentos ao redor do mundo, desde escândalos que mexem com a sensibilidade e a opinião pública (há vários exemplos no Brasil), até eventos que colocam o mundo em suspense, como foi o caso da anexação da Crimeia e do episódio envolvendo o sumiço do avião da Malaysia Airlines.

NA VIDA PESSOAL, CRUZ PODE TRAZER À TONA SENTIMENTOS INTENSOS
No final de 2013 e no início de 2014, a Cruz Cardinal se formou no céu, contando também com a presença de Mercúrio no signo de Capricórnio. No entanto, Urano e Plutão não estavam em aspecto exato entre si e nem com Júpiter, embora estivessem todos próximos de um aspecto exato.
Em abril, os aspectos estarão exatos a partir da segunda quinzena do mês, e Marte estará retrógrado (entendendo-se a retrogradação não como um fenômeno real, e sim o movimento aparente, visto da Terra, de o planeta parecer estar andando para trás). Marte é muito mais belicoso e difícil de lidar quando está retrógrado. Quando em movimento direto, é como se a raiva, que é regida por este planeta, fosse expressa também de forma direta, ainda que com algum componente de racionalidade. Quando está retrógrado, Marte pode gerar uma revolta que vem de dentro, algo de natureza mais cega e visceral, não raro calcado em velhas feridas e ressentimentos.
Nos últimos dias de 2013 e nos primeiros de 2014, no plano individual, a Cruz Cardinal causou tensão emocional e disparou reflexões filosóficas (algo ligado a Júpiter), as quais levaram muita gente a fazer uma grande avaliação e revisão de vida naquele momento e nos meses posteriores. Para algumas pessoas, houve acontecimentos bem concretos, como parentes que podem ter sofrido algum problema de saúde ou a própria pessoa. "Dois exemplos notáveis desta época foram os episódios com Anderson Silva e Michael Schumacher. São figuras famosas bastante identificadas com o arquétipo de Marte, que rege os atletas. Ambos sofreram graves acidentes, que é algo ligado a este planeta também."
O de Anderson custou uma cirurgia e um longo período lutando contra dores excruciantes e precisando fazer fisioterapia, enquanto o ex-piloto alemão ainda está em coma em função de um sério ferimento na cabeça. Esta parte do corpo é astrologicamente regida por Marte, que participou da Grande Cruz. Já a fratura de Anderson ocorreu na região das pernas, parte do corpo ligada a Sagitário que, por sua vez, é regido por Júpiter. Portanto, é grande o risco de acidentes durante a Grande Cruz de abril. A recomendação, por isto, é que a pessoa evite se expor a situações de potencial risco ou se exceder de alguma forma. Exemplos: entrar no mar com placas de advertência de correnteza ou tomar banho de cachoeiras se houver perigo de chuva.

RECOMENDAÇÕES PARA O PERÍODO DA GRANDE CRUZ
 Como Júpiter, o planeta das viagens longas, está envolvido na Grande Cruz, viagens podem ser mais complicadas nesta fase. No início do ano, por exemplo, quem foi aos Estados Unidos enfrentou temperaturas muito baixas. Já os primeiros meses de 2014 também trouxeram temperaturas altíssimas no verão do Brasil, algo ligado à quadratura Urano-Plutão. Mas e se a viagem já está marcada, com tudo pago? Apenas saiba que você está viajando em uma época de muita mexida coletiva e também individual. Saber disso é algo que faz diferença, pois pode ajudar a trazer mais calma e discernimento, que ajudam muito em uma época com potencial de tensão emocional. Também é possível que a descarga da tensão aconteça no retorno da viagem, como uma tendência a se manifestarem viroses, por exemplo.
Outra coisa a se levar em conta é que abril é um mês de eclipses (dias 15 e 29/04). Quando eclipses ocorrem é como se perdêssemos a clareza, ficando momentaneamente cegos. Então, não se culpe se não estiver conseguindo ver determinados assuntos com clareza. Com o passar das semanas, você possivelmente entenderá melhor certas questões e saberá como lidar com elas.
"Cortes, rompimentos e mudanças também poderão acontecer em abril, maio e junho. Qualquer coisa que esteja por um fio ou já passando por crises poderá se agravar."
Mas é possível que as mudanças também não aconteçam imediatamente na segunda quinzena de abril, e sim depois, pois as grandes configurações astrológicas reverberam para além dos seus aspectos exatos, como uma pedra que é lançada em um rio e ainda produz círculos ao redor.
O mais importante será tentar segurar a onda emocional (amplificada por Júpiter em Câncer, conforme aqui explicado). E nisto, a ajuda e o apoio de amigos e pessoas próximas poderá ser muito útil, pois a passagem de Júpiter por Câncer também simboliza uma época de se nutrir mais de amor e carinho. Poderemos precisar mais disso, que será mais valioso para nós!
Leve em conta, também, que tudo poderá estar mais exagerado e hiperdimensionado, com maior estabilidade provavelmente ocorrendo ao longo das semanas seguintes, mas, ainda assim, com a possibilidade de acontecerem mudanças - como um pedido voluntário de demissão ou, ainda, o desejo de iniciar uma nova direção na vida, o que é bem condizente com o ritmo Cardinal, que rege o novo.

CRUZ CARDINAL DEVE OCASIONAR CRISES NA VIDA AMOROSA
A Grande Cruz Cardinal, por ter Júpiter em contato com Urano e com Plutão, mostra que desde o final de 2013, quando Marte passou por lá, nossa visão sobre algo pode ter sido mexida, sofrido uma mudança repentina ou cisão (Urano), ocasionando crises (Plutão). E o mesmo poderá acontecer de abril a julho.
Em caso de grandes "mexidas", será fundamental tomar o caminho de volta para uma maior estabilidade, buscando, para isto, o apoio de terapias convencionais ou alternativas, religião, introspecção, carinho de pessoas próximas ou qualquer ferramenta que ressignifique a visão de mundo. Pois Júpiter, para a Astrologia, é o planeta ligado a isto e também ao crescimento e à prosperidade. Sabemos que quando nossa visão de mundo está abalada ou comprometida por muito tempo, isto pode mexer diretamente com a nossa prosperidade, seja em uma única área (por exemplo, financeira) ou em mais de uma (ex: financeira e afetiva). Por isto será tão importante tentar reencontrar o equilíbrio e também procurar ter paciência (e evitar piorar conflitos) até o dia 19 de maio, enquanto Marte retrograda.
A retrogradação de Marte, que desde 1º de março ocorre em Libra, pode fazer com que o âmbito afetivo - regido por este signo - seja um dos que mais poderão ser mexidos por esta configuração, trazendo desde o surgimento de crises que precisam ser enfrentadas, até a revelação de relacionamentos que, no fundo, carecem de estrutura ou que são muito frágeis. Por isto, recomenda-se evitar criar muitas pressões e tensões nas relações, pois é grande a chance de relacionamentos romperem ou ruírem (como já aconteceu para muitas pessoas em janeiro e fevereiro, quando Marte ainda estava direto em Libra). Procurar estar mais independente, equilibrado e calcado na razão (Libra) será de grande utilidade, embora haja casos em que isto nem sempre vá ser fácil ou desejável, uma vez que um natural processo de limpeza poderá ocorrer.

NADA SERÁ COMO ANTES, ENTÃO ABRA-SE AO NOVO
 Em suma, devido a abril, maio e junho serem meses tensos e dinâmicos, é por este motivo que a visão de mundo e o otimismo (Júpiter) precisarão ser restaurados o quanto antes, com busca de novos rumos e descobertas. Lembrando que o segundo semestre de 2014 deverá ser mais fácil que o primeiro, quando Júpiter deixará de estar envolvido com a quadratura Urano-Plutão.
Esta última, por sua vez, só deve nos dar folga em 2016, depois de muitas mexidas em vários assuntos. Lembrando que mexer nem sempre é fácil, mas, não raro, é necessário. "No plano coletivo, uma das funções da quadratura Urano-Plutão é corrigir as distorções e os abusos de poder. No individual, é derrubar ou transformar alicerces que sejam frágeis, a fim de construir uma nova base."
Um novo quadrado, mais em sintonia com o que verdadeiramente somos e o que de fato queremos!
Parodiando o poeta, navegar é preciso. E mexer e transformar, de vez em quando, também. Nada será como antes, interna ou externamente, em menor ou maior escala. Por isto, procure projetar o melhor e lidar com mudanças, aceitando o novo da forma como ele vier - mesmo que ele seja provocado por você.
Uma leva de pessoas já teve a vida modificada a partir de janeiro/fevereiro, enquanto uma outra vai mudar ou começar a mudar a partir de agora - principalmente aqueles que têm planetas pessoais (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus e Marte) e sociais (Júpiter e Saturno), ou pontos importantes, como ascendente ou meio do céu, em torno dos graus 11 e 16 dos signos de Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio (a Cruz irá se formar no grau 13 destes signos).

Extraído de artigo da astróloga Vanessa Tuleski, editado no site http://www.personare.com.br/

Quem quiser ver um outro artigo sobre o tema, recomendamos ler http://www.constelar.com.br/constelar/190_abril14/grande-quadrado-abril-2014.php 




terça-feira, 1 de abril de 2014

Encontrar tempo para meditar?


“Querido Osho,
Eu sou um advogado. Eu não sei como meditar e estou ocupado todo o tempo. Por favor, poderia me sugerir o que fazer?

- É importante compreender isto, porque todos os professores de meditação no mundo dizem que você tem que separar um tempo para meditação. Os muçulmanos têm que meditar cinco vezes ao dia. Por cinco vezes eles devem fechar suas lojas, seus negócios, se forem realmente muçulmanos. Mas isto é absolutamente impraticável. Se o homem está dirigindo um trem ou viajando num avião, e se tiver que parar cinco vezes, isto não vai ser meditação, isto vai ser um massacre!
Minha abordagem para meditação é totalmente diferente. Eu não lhe digo que você tem que ter um tempo separado para meditação. Meditação deve ser exatamente como a respiração. Você não tem um tempo separado para ela, de modo que pela manhã você respira e depois vai para seu trabalho e esquece de respirar. Você segue fazendo suas coisas e continua respirando.
Meditação deve ser alguma coisa que corre como uma subcorrente (*) ao longo de todas as atividades de seu dia. Eu vou lhe sugerir uma meditação simples. Não interessa o que você estiver fazendo – pode estar cavando um buraco na terra, plantando novas roseiras em seu jardim, trabalhando em sua loja ou defendendo uma causa no tribunal de justiça. O que você estiver fazendo, faça com toda consciência, faça com atenção total.
Eu lhe direi o que significa isto. Certa vez Buda estava passando por Shrivasti com seu discípulo mais querido, Ananda. Uma mosca veio e pousou em sua testa. Exatamente como nós faríamos, ele simplesmente abanou sua mão e a mosca se foi. Então ele parou e levou sua mão muito cuidadosamente e conscientemente. A mosca não estava mais lá, mas ele abanou sua mão com grande graça. Ananda não conseguiu entender o que estava acontecendo. Ele disse, ‘A mosca estava ali há poucos instantes mas ela já se foi. Agora, o que você está fazendo?’
E Buda disse, ‘Daquela vez eu fiz errado, eu fiz sem consciência. Eu continuei conversando com você e mecanicamente eu levantei minha mão, sem estar consciente do que estava fazendo. Agora eu estou fazendo da maneira como deveria ter feito da primeira vez, para me lembrar de que isto não deve acontecer de novo.’

Qualquer ação feita com consciência se torna meditação. No começo será difícil, você vai se esquecer várias vezes.Mas não se desencoraje. Mesmo se em vinte e quatro horas você conseguir estar consciente por vinte e quatro segundos, isto já é mais do que o suficiente, porque o segredo é o mesmo. Se você conseguir por um segundo, você já terá conhecido a chave, você terá descoberto o jeito. Então é só uma questão de tempo. Aos poucos haverá espaços maiores em que você estará consciente. A ação continua; e não apenas continua, ela se torna melhor do que era anteriormente, porque agora você está fazendo com muita consciência. A qualidade do que você faz muda porque você está consciente, está totalmente presente, sua intensidade muda, o seu insight, a sua compreensão e as suas ações começam a ter uma graça própria.
A meditação deve se espalhar pouco a pouco por toda a sua vida. Mesmo quando for dormir, ao deitar em sua cama, tenha alguns minutos para si quando for dormir. Nestes poucos minutos, esteja alerta – quanto ao silêncio, à escuridão, ao corpo relaxado. Permaneça alerta na medida em que o sono começa a chegar em você, até o ponto de estar completamente dominado pelo sono. E você ficará surpreso porque se você continuar alerta até o último momento quando o sono toma conta, de manhã, o primeiro pensamento será novamente sobre consciência. Qualquer que seja o último pensamento antes que você durma, é sempre o primeiro de manhã, quando você acorda, porque ele continua como uma subcorrente ao longo do seu sono.
Você não consegue encontrar tempo, ninguém consegue. O dia está muito cheio. Mas seis ou oito horas durante a noite podem ser transformadas em meditação. Mesmo um Buda ficará com inveja de você. Mesmo ele não consegue meditar oito horas. É simplesmente um esforço inteligente para transformar o seu sono. Ao tomar um banho, por que não fazê-lo com consciência? Por que fazê-lo mecanicamente? Fazer feito um robô, porque você faz todos os dias, acaba se tornando mecânico. Faça tudo não mecanicamente e aos poucos a meditação não será uma questão que necessite separar um tempo. Ela se tornará espalhada por todo o seu dia, vinte e quatro horas. Somente então você estará no caminho certo.
As pessoas que meditam dez minutos pela manhã, não estão alcançando muito. Porque são dez minutos de meditação e vinte e quatro horas contra a meditação – quem você acha que vai vencer? Você tem que jogar o peso de vinte e quatro horas de meditação contra vinte e quatro horas de vida comum. Então haverá a garantia absoluta de que o sucesso será seu.”

(*) NT: Segundo o dicionário Aurélio, "subcorrente" é a corrente que existe sob a corrente superficial, o mais das vezes em direção oposta a ela.

OSHO – The Last Testament- Vol. 5 - Cap. 22 - Tradução: Sw. Bodhi Champak
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