sábado, 29 de dezembro de 2012

Oração Kahuna do Perdão


 Há tempos atrás publicamos A Cura pelo Perdão e falamos do difícil tema do perdão, presente no tradições como o Ho’ oponopono do xamanismo havaiano, e de passagem falamos da grande alma que é a famosa vidente, psicoterapeuta, curadora e escritora Barbara Ann Brennan, autora dos livros Mãos de Luz, e Luz Emergente. Hoje vamos tocar novamente no assunto espinhoso do perdão, através de uma oração ensinada pelos Kahunas, antigos polinésios.
Na simples leitura vamos sentir que algo se recusa a aceitar e se retorce dentro de nós. Porque é difícil? Porque o perdão é a antítese do ego, é o despojamento final, só comparável à aceitação da Morte. Esse texto foi feito de encomenda para mim. É pau puro, como dizem na Bahia.
Vamos à oração:

“Buscando eliminar todos os bloqueios que atrapalham minha evolução, dedicarei AGORA alguns momentos para “PERDOAR”. 

A partir deste momento, eu perdôo todas as pessoas que, de alguma forma, me ofenderam, me machucaram ou me causaram alguma dificuldade desnecessária. Perdôo sinceramente quem me rejeitou, me entristeceu, me abandonou, me humilhou, me amedrontou ou me iludiu. 

Perdôo, especialmente, quem me provocou, até que eu perdesse a paciência e acabasse reagindo agressivamente, para depois me fazer sentir vergonha, culpa, ou simplesmente, me sentir uma pessoa inadequada.
Reconheço que também fui responsável por estas situações, pois muitas vezes confiei em indivíduos negativos, escolhi usar mal minha inteligência e permiti que descarregassem sobre mim suas amarguras, suas histórias, seus traumas e seu mau humor. 
Por tempo demais suportei tratamento indigno, humilhações, medo, grosserias e desamor, perdendo muito tempo e energia, na tentativa de conseguir um bom relacionamento com essas criaturas.
Agora, me sinto livre da necessidade compulsiva de sofrer e livre da obrigação de conviver com pessoas e ambientes que me diminuem e, principalmente, destas pessoas que se sentem incomodadas com a minha presença e a minha energia. 

Iniciei, agora, uma nova etapa na minha vida em companhia de gente mais positiva, cheia de boas intenções, gente amiga, que se preocupa em ser saudável, alegre, próspera e iluminada. Gente preocupada em melhorar a qualidade de vida não só a nossa, mas de todo o planeta. 

Queremos compartilhar sentimentos nobres, aprendendo uns com os outros e nos ajudando mutuamente, enquanto trabalhamos pelo nosso progresso material e nossa evolução espiritual sempre procurando difundir nossas idéias de unidade, de paz e de amor.
Procurarei valorizar sempre todas as conquistas que fiz e o amor que tenho em mim, evitando todas queixas desnecessárias, que me seguram nesta freqüência, de onde já consegui sair.

Se, por um acaso, eu tornar a pensar nestas pessoas com quem ainda tenho dificuldade de convivência, lembrarei que elas todas já estão perdoadas. 
Embora eu não me sinta na obrigação de trazê-las novamente para minha intimidade, eu o farei, se elas demonstrarem interesse em entrar em sintonia.

Agradeço pelas dificuldades que elas me causaram, pois isso me desafiou e me ajudou a evoluir, do nível humano comum, a um nível de maior amor e compaixão, maior consciência, em que procuro viver hoje.

Quando eu tornar a lembrar destas pessoas que me fizeram sofrer, procurarei valorizar suas qualidades e também liberá-las, pedindo ao Criador que também as perdoe, evitando que elas sofram pela lei de causa e efeito, nesta vida ou em outras. 

Também compreendo as pessoas que rejeitaram meu amor e minhas boas intenções, pois reconheço que é um direito de cada um, não poder ou não querer corresponder ao meu amor.
Faça agora uma pausa e respire profundamente por algumas vezes para acumular energia... 
Quando se sentir pronto(a) continue.

Agora, sinceramente, peço perdão a todas as pessoas a quem, de alguma forma consciente ou inconsciente, magoei, prejudiquei ou fiz sofrer.
Analisando o que fiz ao longo da minha vida, sei que minhas intenções foram boas, embora nem sempre tenha acertado e que, estas coisas que fiz de bom, são suficientes para resgatar a dor do meu aprendizado, ainda deixando um saldo positivo ao meu favor.

Sinto-me em paz com minha consciência. (de cabeça erguida, respiro profundamente - prendo o ar -  e me concentro para enviar uma corrente de energia destinada ao meu EU SUPERIOR)
Ao relaxar, minhas sensações revelam que este contato foi estabelecido.

Agora, dirijo uma mensagem de fé, ao meu EU SUPERIOR, pedindo orientação, proteção e ajuda para a realização, de um modo acelerado, de um projeto muito importante que estou mentalizando e para o qual estou trabalhando com dedicação e amor. (citar o projeto) e que será, com certeza, para o bem maior de todos os envolvidos.

Também peço que minha fé seja firme e que eu possa, cada vez mais, tornar-me um canal, uma conexão permanente com os Seres de Luz, desenvolvendo todos os potenciais que possam facilitar esta comunicação. 

Que eu perceba todas as respostas às minhas perguntas e dúvidas, reconhecendo os sinais claros que estiver recebendo, sempre protegida e amparada pelo Universo. 

Agradeço, de todo o coração, a todas as pessoas que me ajudaram e me comprometo a retribuir trabalhando para o bem do próximo, para sua alegria, seu bem-estar, atuando como agente catalisador de harmonia, entendimento, saúde, crescimento, entusiasmo, prosperidade e auto-realização.

Tudo farei sempre em harmonia com as leis da natureza e com a permissão do nosso Criador eterno e infinito que sinto como único poder real, atuante dentro e fora de mim.

ASSIM SEJA E ASSIM SERÁ."

sábado, 22 de dezembro de 2012

O Problema Econômico


O ser humano está - como réu, vítima e juiz - no centro de uma crise econômica de alcance global, simples de entender. A maior potência do planeta está, como vários outros países, com a faca no pescoço porque entre outras coisas gastou  mais do que ganhou, emitiu moeda sem lastro já que o mundo compra seus ativos, não controlou os bancos, consumiu desenfreadamente,  e valorizou seus ativos ávida e artificialmente acima do valor real. Já a segunda potência, uma auto-proclamada comunidade, além desses pecados todos, pensou que comunidade econômica é um ajuntamento de países sem objetivos comuns, e sem atividades convergentes e, principalmente, sem controles econômicos, financeiros e bancários recíprocos, rígidos e complementares. Basta ter uma moeda única e tudo bem... E todos estão ameaçados por uma potência rival milenarmente focada no poder a qualquer custo, seja custo ecológico, social ou humano,  com um governo ditatorial disfarçado, ferreamente disciplinada, austera, altamente produtora, poupadora e eficaz, dentro dos padrões aceitos pelos “vencedores”. Há mais de 2 mil anos um general romano dizia "devemos administrar o Império, mas sempre com um olho na China".
Mas isso tudo é apenas efeito. O ponto principal é que, no pano de fundo, o que há é um organismo econômico capitalista egoísta e selvagem, apesar dos disfarces, dando sinais inequívocos de esgotamento e incapacidade de se renovar. Orientado por uma busca hedonista do consumo e prazer a qualquer custo, mesmo diante do impasse estrutural e histórico, não quer largar o osso.  Por mais que o conjunto dos ricos acumule riqueza, não consegue atender as demandas da humanidade no seu conjunto. Um belo quadro...  A pedra angular desse jogo é uma premissa curta e grossa do capitalismo: do ut des, que em bom latim significa lacônicamente eu dou se você der. É a peça chave do impasse, a ser mudada por algo de fato justo, e compassivo, se se quiser soluções. 
Se um alienígena descesse aqui e convivesse uns anos conosco no ocidente, diria: “Não é possível esse povo ser tão ignorante, egoísta e agressivo a ponto de por a perder tudo o que construíram a duras penas durante séculos, só por falta de altruismo e adaptação das premissas que já estão antiquadas”... Aliás os budistas vem falando isso há milênios no símbolo dos 3 animais que simbolizam a ignorância, o apego e o ódio, sabiamente aplicáveis ao mecanismo econômico capitalista.
Para agravar, é um constructo econômico que não consegue compatibilizar a geração de resíduos com a saúde física da humanidade, cuja população cresce sem que ninguém controle a natalidade como uma variável crítica central. Quase não se fala no assunto. Só se fala nos efeitos. Uma atitude de avestruz.
Curiosamente um homem muito pouco conhecido e estudado pelos economistas e mais pelos espiritualistas deu as dicas dessa crise no início do século passado em um livro escrito antes da segunda guerra mundial em 1937, chamado A Grande Síntese. Seu nome é Pietro de Alleori Ubaldi, mais conhecido como Pietro Ubaldi, nascido em Foligno, Itália em 1886, e falecido em São Vicente, SP, Brasil, em 1972 após viver anos aqui no Brasil. Os livros escritos por ele foram recebidos por inspiração de alguém que ele chamava “Sua Voz” e abarcavam desde uma cosmogonia abrangente desde o macro ao micro-entendimento da Física e do Espírito do Universo,  até temas singulares como economia, sociologia, psicologia, ciências, amor, compaixão, etc. Um iluminado.
A Grande síntese não é um livro fácil. Exige um pouco de atenção, disciplina e algum conhecimento.  Foi escrito num linguajar de quase cem anos atrás, mas qualquer político pode entender se quiser, mesmo um presidente da república qualquer.  Vamos lá:
O PROBLEMA ECONÔMICO
“Vossa ciência econômica acredita justificar-se, como se partisse de um princípio de justiça original, afirmando, com sua premissa hedonística, a presença de um tipo abstrato de “homo economicus”, como que se pudesse isolar, na realidade, um aspecto, como  se cada  fenômeno  não  estivesse  vinculado  a  todos  os  fenômenos,  na  lei  universal.  Vossas  ciências sociais  baseiam-se facilmente em  qualquer  mentira  piedosa.  Mas,  dizei  a  verdade:  dizei  que  quase  sempre  o  homem  é  realmente  — não  como hipótese econômica — um perfeito hedonista; no campo dos negócios, limita-se a aplicar sua natureza egoísta; que o “do ut des” não é  um  equilíbrio  de  direitos,  mas  um medir  as  forças  para  estrangular-se  mutuamente;  declarai  a  impotência  da  maioria  para compreender uma aproximação, ainda que mínima, do amor evangélico; dizei que o homem é uma fera envernizada de civilização e então tereis as  bases reais do fenômeno econômico. Reconhecei: a ciência que o estuda é a  codificação do egoísmo, isto é, do instinto mais desagregador do complexo social.
A  premissa  hedonística é  o princípio  anticolaboracionista por  excelência;  é  um  princípio  de  dissolução,  que  o  edifício econômico  carrega consigo,  como  insanável  vício  de  origem, reaparecendo sempre  nos momentos  de crise. Egoísmo  de capital, egoísmo  de  trabalho,  egoísmo  de  produtor,  egoísmo  de consumidor;  egoísmo  individual,  de classe,  de  nação  (sistema protecionista);  coalisão  de egoísmos,  organização de egoísmos,  sempre egoísmo!  As  mercadorias,  a  riqueza,  o  trabalho, precipitam-se atraídos (no regime de livre câmbio) ou subjugados por essa grande força, mesmo que seja ilógica e contraste com as supremas exigências das ascensões humanas. No entanto, esta é a meta inderrogável, ética elevada, à qual todas as funções sociais têm de subordinar-se para o objetivo único da evolução. Ao contrário, egoísmo é luta, atrito, dispersão, germe de destruição. É o ponto fraco do mecanismo, um fardo enorme que tem de ser arrastado, e o torna imperfeito, ameaça-lhe a jornada, qual cego que avança entre choques  e reações.  Para  quantas  dores  haveria fácil remédio, “se cada  um  amasse  o próprio semelhante como  a si mesmo!”
Se  o fenômeno econômico é a expressão da lei do menor  esforço, assume sempre a forma de coação. O equilíbrio entre oferta e procura é resultante de uma luta, o oferecimento de uma mercadoria é apenas a exigência de um preço; tudo move-se pela própria  necessidade,  não  pela consciência  das  necessidades  recíprocas;  um sistema carregado de atritos,  um  equilíbrio forçado entre  forças  antagônicas,  tensas  para eliminar-se, sobrecarrega-se  pelo  peso  do  egoísmo.  Não  era  possível  deixar  de chocar-se, mesmo  neste campo,  numa  manifestação  da  lei  universal,  e  não  encontrar  equilíbrios.  Mas,  diante  do princípio  do  ut  des,  da procura e  da  oferta,  o  egoísmo  caminha  triunfante,  seguindo  a  lei  do  menor  esforço,  para equilíbrios  móveis,  mas matematicamente exatos, que  podeis calcular, mas que conservam sempre a marca da premissa original: o egoísmo demolidor. O instinto hedonista, em sua inconsciência de todos os outros valores sociais, caminha calcando todos eles, contanto que se realize a si mesmo. Força primitiva, brutal que, se em vosso nível é impulso de criação, também constitui princípio de destruição, pelo qual sofreis infinitas crises e reveses.
Mas  a evolução, fenômeno  universal, tinha  que funcionar também  neste campo,  com a gradual eliminação do princípio hedonístico,  por  cerceamento,  por  limitações  e elevações  progressivas,  até saber  compreender  os  interesses  de  ordem  geral  no próprio  âmbito.  Encontramos  por  toda  a parte  o  mesmo  processo  ascencional,  pelo qual  a força  tende à  justiça,  o  egoísmo  ao altruísmo, a guerra à paz, o mal ao bem. Na evolução não se pode isolar um campo do outro. Todos os fenômenos sociais porém, devem ser  concebidos  e fundidos  numa ética superior. O  conceito hedonístico,  colocado  como  base  das  ciências  econômicas,  é filho do agnosticismo de outros tempos, já agora superados. Se, num primeiro momento, o perfeito equilíbrio da balança — do ut des — é o máximo de justiça que a psicologia das permutas pode conter, nos momentos superiores o progresso impõe a introdução do fator  moral  no fenômeno  econômico  em  proporção  cada  vez  mais  ampla. Como  na evolução  do  egoísmo,  o  próprio  cálculo utilitário vos  levará a isso,  pois  nele  se exprime a  lei  do  menor  esforço.  Sendo  a  luta cheia  de atritos  que  implicam  enorme dispersão de energia, é vantagem suprimi-los.
Em vosso atual mundo, raramente a riqueza segue a estrada do bem; não é meio para conquistas mais altas, mas fim para gozos  que  premiam  as  aptidões mais rapaces e antisociais. Atenção, porém, porque essa psicologia é supremamente demolidora, mesmo no campo do utilitarismo individual (inconsciência coletiva), o oposto do colaboracionismo (consciência coletiva). Quando um fenômeno nasce envenenado por impulsos negativos, estes, indestrutíveis como todas as forças,  acompanham-no e o corroem até sua destruição; quando uma ação  está infeccionada no momento decisivo do nascimento pelo germe da desonestidade, ele se arrastará corroído por dentro, como um enfermo, até que a desagregação interna o resolva com a morte. Eis porque o vosso mundo econômico  está cheio  de crises  inevitáveis, sem  remédio,  e  porque  elas surgem sobre esses  equilíbrios  instáveis  e fictícios.  A solução  não se encontra  na criação  de  um rebanho  de irresponsáveis,  de mendigos, sustentados  pelo Estado, mas  na criação de uma sociedade de responsáveis, que saiba manejar conscientemente a grande força econômica. Não pressuponho uma mutilação, mas  um  aumento de consciência,  de  poder,  de liberdade,  de confiança,  de responsabilidade. O  homem  não  deve anular-se, mas manejar as forças da vida para aprender; deve correr livremente o risco de errar para que, ao sofrer as consequências, emende-se; deve  bater a cabeça para aprender a não batê-la mais. À força de crises, de derrocadas, de desastres financeiros, aprenderá que o negócio mais estável, mais sábio, mais lucrativo é a honestidade; que a posição mais utilitária é a que leva em conta o interesse de todos, a que se funde e não se isola no organismo coletivo econômico. Estas são as leis da vida e não constituem utopias.
Na  direção  desta  renovação,  o  órgão  máximo  só  pode  ser  a  consciência coletiva:  o  Estado.  O  fenômeno  econômico compete à autoridade  central do Estado, como personificação integral da ética humana,  das inoculações cada vez mais enérgicas de  fator  moral,  constrições  e correções  que  purificam  a  atividade  econômica e a  riqueza,  e as  canalizam  para  objetivos  mais elevados.  Compete ao  Estado  intervir  e corrigir,  introduzindo um  mínimo  ético  cada  vez  mais  alto,  no  fenômeno  econômico, dirigindo de dentro e de fora, o árduo equilíbrio das permutas para um regime de colaboração, que não é apenas compensação, mas compressão  de egoísmos;  não  apenas  coordenação,  mas  fusão  num  organismo  econômico universal.  Uma ciência  econômica diferente da atual que suporta a Lei, mas consciente dela, não deve surgir de bases hedonísticas, mas colaboracionistas porque, numa sociedade  mais  adiantada,  a  fase ética e utilitária é cooperação;  esta é a  revolução  econômica  fundamental  que,  neste campo, exprime vossa atual maturação biológica. Infelizmente, os sistemas que  modernamente dominam no mundo levam a uma seleção às avessas, a do mais astuto e desonesto, enquanto o honesto é eliminado. A sociedade não exalta o homem que dá, porque esse fica pobre, mas  o homem que apanha e acumula, porque esse fica rico. No entanto, o primeiro dá aos outros o que é seu, o segundo  tira  dos  outros  para si.  Este só  poderá justificar-se realizando sua função de conservar  e fecundar  a riqueza com seu trabalho.
Em vosso mundo, os melhores estão escondidos, porque são sensíveis, modestos, endereçados a outras metas, não têm as qualidades  agressivas  que condicionam  o  êxito.  Ao  invés,  os  ambiciosos  e  ávidos sabem  pisotear  tudo  sem  escrúpulos  para consegui-lo. O  que  brilha em  vosso mundo raramente coincide com os valores intrínsecos; o triunfo econômico muito rápido só pode significar ausência de honestidade. Ainda vos moveis no nível da força econômica (princípio hedonístico) e não ainda no da justiça  econômica (colaboracionismo).  Qualquer  crise  no  regime  hedonístico  tem  de  descer  até  o  fundo;  só pode  parar  por saturação, só  pode reerguer-se  por  uma reação  natural  do próprio fenômeno,  depois  de haver sido esgotado o impulso, pois não possui as capacidades compensativas do regime colaboracionista.
Em  vosso  mundo  não  há  proporção  entre  trabalho  e  lucro;  o  furto  é autorizado  na especulação;  parasitismos são inevitáveis  como  consequência  direta  da  premissa  hedonística.  O  princípio  do  do  ut  des gera  luta  para  tirar  o máximo  e  dar  o mínimo. Isto não apenas é o precedente da luta, mas implica toda a psicologia do furto, macula todo o mundo econômico, fazendo nele brilhar o egoísmo em lugar da justiça. Se o ponto de partida é a motivação hedonística, a vontade estará toda voltada para a exclusiva  vantagem  individual,  à  qual  só  se  renuncia  quando  constrangido  pela  vontade alheia,  que está  voltada  para  outra vantagem  individual.  Vossa  oferta  é apenas  um  pedido  de  dinheiro,  oculto  totalmente  pela  mentira;  não visa  o  interesse  do consumidor, mas ao egoísmo do produtor. Por isso, vosso edifício econômico é torturado e desgastado por esse constante atrito de exploração, que arrasa segurança e confiança, que são as bases desse edifício. Por isso, o mundo econômico não é um organismo de justiça, mas um campo de competições sem piedade.
Não existe proporção entre valor e preço. Este, o mais das vezes, não corresponde ao custo da produção, mas à maior ou menor  capacidade  que apresenta  de  suportar  o peso  da exploração.  Verdade,  porém,  que  o poder  esfaimado  da  procura  gera imediatamente a superprodução  e equilibra-se com  a  oferta, mas  esse equilíbrio espontâneo é com frequência ultrapassado pelo desequilíbrio originário do egoísmo, sempre voltado para reassumir a vantagem logo que possa. Além disso, não há quem não veja que  o aumento de preço, pelo simples fato de que a procura é intensa e a oferta escassa, esteja distante da justiça, especialmente quando o consumidor se acha em condição de necessidade e a penúria seja causada pela açambarcação.
Os bens na Terra, não buscam o caminho da necessidade, a riqueza é atraída pela riqueza e foge da pobreza. Ao invés de constituir  uma ajuda,  é frequentemente  um mal na vida social. A psicologia hedonística carreia o dinheiro para onde não serve, afasta-o de  onde  poderia aliviar  uma  dor,  proteger  uma  vida.  Todos fogem  do fraco  e  do  vencido; logo  que se  manifesta  uma fraqueza, tudo ocorre para agravá-la, empurrando-a para a beira do precipício. Para vós, a necessidade do próprio semelhante é um não-valor econômico, enquanto é valor a confiança que vos inspira uma sólida riqueza. Por isso, ela dificilmente executa a função que  deveria ser para ela a primordial, ou seja, um meio de vida e de melhoria. Por vezes, transforma-se até em meio de opressão que absorve e destrói, em lugar de fecundar e soerguer a vida. Essa hipertrofia do egoísmo constitui o mal que onera vosso mundo econômico e o ameaça. É ilógica e prejudicial essa canalização da riqueza para a riqueza, ao invés de sê-lo para a pobreza; essa atração  levada a agigantar  desigualdades  que  são  a  base  dos  desequilíbrios sociais  e  morais,  essa  tendência à  concentração, enquanto a saúde está na descentralização.
Em vosso mundo não existe acordo entre capital e trabalho. Esses dois extremos do campo econômico deveriam estender-se as  mãos  como  irmãos.  Torna-se  inútil  a  determinação  de  leis  e sistemas,  pois  o  capital  está  poluído  em suas  origens  pela desonestidade, que o tornará infecundo; cada remédio e cada controle ficam na superfície, pois na alma não existe a consciência da função social dessa  destilação do produto do trabalho, que é o capital, e se torna um meio de opressão. Para superar os conflitos que  oneram  a  humanidade  neste campo,  é  mister  também  superar  a  inconsciência  egoísta,  elevando-a até à consciência colaboracionista. Os dois pólos, capital e trabalho — como todos os contrários — são complementares, feitos para completar-se, porque cada  um  deles, sozinho,  não se sustenta; são feitos  para  unir-se e fecundar-se  mutuamente,  numa corrente  de  permutas contínuas,  que  devem  ser,  também,  amplexos  de espíritos.  Somente  na compreensão das  duas  forças  podem  praticamente combinar-se os impulsos da balança econômica. O único fato substancial que justifica vossas lutas, é que elas constituem um meio para chegar à compreensão, já que, também neste campo, como em qualquer outro, a evolução é irrefreável."

domingo, 16 de dezembro de 2012

A Morte

Algumas tradições, entre elas o Cristianismo e o Islamismo colocam o Paraíso, o Despertar depois da Morte. Outras insistem, e nós concordamos com essas, que a Iluminação deve vir antes da Morte, porque o chamado bardo, intervalo entre duas vidas, é como uma espera numa estação do caminho, para se fazer um balanço do que se viveu, do estado de Consciência que se atingiu, e se a pessoa não despertou, o que significa que o resultado não foi aprovado, (por ela mesma, vejam vocês...) ela deve aguardar o próximo trem para continuar um novo trecho da viagem. Na melhor hipótese, se o trecho da viagem que findou no planeta foi bom, foi bem aproveitado, não precisa continuar e ela fica por lá mesmo: não tem mais viagem, mas o aprendizado continua nessa outra dimensão não física. Para sempre, é o que dizem. Viver não tem muito recreio como na escola, não. É tempo integral...
Então, na sequência correta, na semana passada falamos de Despertar e agora  vamos falar da Morte. 
Esta é também uma transcrição de um vídeo de Eckhart Tolle publicado há algumas semanas atrás, pois tem muita gente que gosta mais de texto. Vamos lá:

Ouvinte:
- Um amigo meu morreu há dois dias atrás e então surgiu a questão em minha mente: O que acontece no momento da morte?
Eckhart Tolle:
- Obrigado (pela pergunta). Bem eu ainda não passei pela morte física... a um mestre zen foi perguntado sobre a vida depois da morte.  E ele disse: “Eu não sei.”
E eles disseram: “Por que você não sabe? Você é o mestre.”
E ele disse: “Sim, mas eu não sou um mestre morto...(rsrs)”. Mas eu entrei bem profundamente no que se poderia chamar de identificação com a forma. Então de certo modo eu entrei nesse contexto, e posso dizer e saber que, em última análise Morte é a dissolução da forma.
O Interno em nós, que a gente conhece de primeira mão, não pode ser tocado por isso (pela morte).
Eu diria que o que exatamente acontece depende de em qual “estado de consciência” você está, e qual o estado de consciência predominante neste seu tempo de vida.
Se neste tempo de vida você está continuamente identificado com a forma, seu corpo, ou a forma psicológica do “mim”, isso significa que a consciência, esta atual expressão de consciência, ainda está em um certo estado de sonho, que é a identificação com a forma.
Então você pode facilmente extrapolar que se a tendência da consciência em se identificar com a forma ainda está presente e o despertar ainda não aconteceu, então essa tendência continuará e haverá subsequentes identificações com a forma e o processo vai continuar , e a consciência que não está plenamente desperta,vai continuar a se identificar com as formas outra vez. Até que, gradualmente, chegue a um ponto onde o despertar aconteça.
Ou, caso já tiver ocorrido uma desidentificação com a forma nesse tempo de vida então você pode superar isso que é o impulso compulsivo para se identificar com a forma e buscar outra forma ou um outro ciclo de identificação com a forma. Esta compulsão por buscar subsequentes experiências que se identificam com a forma, ou estará mais fraca ou estará completamente ausente e nesse caso a consciência que você é, não mais está sujeita a esse reino e não mais buscará re-experimentar esse reino da forma.
Mas em ambos os casos eu posso lhe dizer que está tudo bem. Não importa realmente se essa pessoa necessita de subsequentes experiências de identificação, e nesse caso isso lhe ocorrerá, ou se ela já está livre dessa sujeição e nesse caso ela irá seguir em frente e viver num reino que não pode nem mesmo ser concebido a partir de onde a gente está aqui, e que está profundamente dentro daquilo que É.
Mas nós não precisamos falar sobre isso aqui. Tudo o que sabemos é aquilo que o livro “Um Curso em Milagres” sumariza em duas linhas:
“Nada que é real pode ser ameaçado”.“Nada irreal existe”. “Nisto está a Paz de Deus”
O que é real dentro dele, está além da forma. Todo mundo quando vê um corpo morto percebe que esse não é mais quem você conhecia, esse não é o ser que você conhecia, é apenas uma casca.
Então: “Nada que é real pode ser ameaçado. Nada irreal fundamentalmente existe”.
Isso é o porque que os sábios de todas as tradições falam que esse reino da forma é essencialmente ilusório. Essencialmente...
Depende de qual nível você está olhando.
O importante é que tudo está bem. Além da aparência no nível da forma que é o único nível onde a morte existe e que é a transição de uma forma para outra ou de uma forma para o sem forma. Isso é o que a morte é. Nada mais que isso. Nada real morre.
Em última análise pode-se dizer que não há tal coisa como a morte. É só algo que parece ser. É uma transmutação da forma. Ou a forma se dissolve ou passa a uma outra forma, a uma outra identificação com a forma.
Para você é importante, frente a morte, voltar-se para a quietude, dentro de si mesmo. Especialmente quando você está ao lado de uma pessoa que está no processo de morte ou quando se confronta com alguém que acaba de morrer. Imediatamente feche os olhos e volte-se para a quietude interior. E você percebe que você É. E quando você percebe quem você é, que é uma consciência sem forma, então você também percebe que nada real morre. O que fundamentalmente quer dizer que não há nenhuma morte. 
Isso não significa que você não pode ficar triste. Você pode permitir-se ficar triste e com lágrimas e ao mesmo tempo perceber que nada real morre.
Isso aconteceu comigo quando meus pais morreram há dois anos atrás em um espaço de seis meses um do outro. Então fui confrontado em um curto período de tempo com a perda de duas pessoas amadas. Sim, ouve lágrimas e eu estava triste,mas ao mesmo tempo havia a percepção que, em última instância, não havia nenhuma morte e quem eles Eram, em essência, não tinham sido destruídos.
Tanto quanto eu sei que eu, em minha essência, não posso ser destruído. Então o que vem da auto percepção, do auto conhecimento, é a percepção que o outro também está além da morte.
É assim que você pode ter a coexistência de que, sim, a este nível há lugar para tristeza, luto e lágrimas, o que acontece o que vem em ondas, e notar que quando geralmente alguém próximo morre a tristeza vem em ondas e você chora e isso o alivia e aí vem outra onda...E mesmo quando uma onda vem pode haver uma corrente subjacente de paz. Então você não está totalmente naquela emoção, não está sendo totalmente consumido por ela e ela está lá no seu espaço próprio. E o espaço que subjaz à emoção é a Paz.
E é somente a partir dessa paz interior que você pode perceber a Verdade. Que está além disso...

Transcrição de Paulo Azambuja, editor do segmento do vídeo original e tradução, gentilmente cedidos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Um Despertar


Quando postamos um vídeo da entrevista de Eckhart Tolle, há umas semanas atrás, falando em detalhes da sua experiência de Despertar, ficamos surpresos com o relato dos fatos: havia um tesouro na experiência, nos detalhes, nas verdades simples e mágicas de quem viveu isso. Nada de conversa de guru. Só a certeza tranqüila e lúcida do contato com a Verdade. Então resolvemos postar também a transcrição. Vamos lá:

Entrevistadora: 
- Eckhart, agora com a Eckhart Tolle TV, você tem a chance de responder a centenas de diferentes questões dos membros da comunidade, e eu não tenho mais perguntas. Mas o que eu estou realmente curiosa hoje é para saber sobre você, sobre a sua experiência. Muitas das questões tem sido sobre os membros de nossa comunidade e seu processo de despertar . No seu caso o despertar não foi realmente um processo foi uma súbita completa ultrapassagem, uma religação, uma reestruturação do ser. Mas sendo esse um evento tão importante, na verdade um evento raro, na vida da humanidade, você escreveu sobre ele em apenas alguns poucos parágrafos no seu livro “O Poder do Agora”. Mas eu nunca ouvi você contar a história dos seu despertar. E, se você permitir, é por aí que eu gostaria de começar, com tantos detalhes quanto possível.
ET:
- Bem o fundamento para isso começa vários anos antes num crescente estado de ansiedade e depressão nos meus vinte anos e mesmo na universidade... Fui para a universidade tarde porque inicialmente eu não tinha qualquer qualificação. Eu deixei a escola cedo, aos quatorze anos. Mais tarde na Inglaterra obtive a qualificação para entrar na universidade. Estava no início dos meus vinte anos e tinha um emprego em tempo integral, ao mesmo tempo. E naquele tempo gradualmente a depressão e muitos episódios de grande ansiedade também começaram a ocorrer. 
Eu me desempenhei muito bem na universidade. Eu trabalhei muito duro e não estava muito ciente disso naquela época, mas anos depois encontrei um colega contemporâneo da faculdade que me disse eu estava sempre trabalhando até meia noite na biblioteca e eu não podia acreditar mas ao ouvir isso percebi que tinha trabalhado muito duro. Mas a motivação era o medo e a ansiedade de não estar me desempenhando bem. Não era agradável. Eu era motivado pela ansiedade. E isso veio à tona ...
Depois que me formei, eu me desempenhei bem, fiquei feliz por duas ou três semanas e, aos poucos a ansiedade e a depressão voltaram ainda pior do que antes. Eu estava vivendo num pequeno quarto em Londres e tinha terminado a universidade e não sabia o que faria depois. Naquela noite, eu acordei de novo de noite com uma mente muito ativa. Mas naquele momento, sem dúvida, eu era a minha mente, eu não sabia que não havia uma “mente ativa” porque eu era o processo de pensamento que me mantinha acordado me dizendo das muitas razões que eu tinha para estar em estado de medo: incerteza com o futuro, aonde eu ia viver, o que ia fazer e assim por diante... Infelicidade com quem eu era como pessoa, inadequabilidade e assim por diante... Havia essa incessante atividade durante aquela noite novamente criando uma enorme ansiedade até o ponto de uma falta de ar. E me sentindo completamente destacado do mundo exterior isto é me sentindo estranho.
 Lembro-me olhando os objetos no quarto que pareciam completamente estranhos para mim. Anos depois eu li uma novela, não lembro muito dela, mas havia um semelhante sentimento era descrito nela e eu o reconheci. Era uma novela de Jean Paul Sartre e se chamava “Náusea” – angústia existencial – e era o que eu havia experimentado. Intensa infelicidade e medo e um novo pensamento veio enquanto eu estava deitado na cama de que a carga de viver era demasiada. Eu não queria mais suportá-la e aí surgiu o pensamento: “eu não posso viver mais tempo comigo mesmo”. Este pensamento se repetiu algumas vezes e chegou um momento que me dei conta desse pensamento como um pensamento. “Eu não posso viver comigo mesmo ” O que isso significa? Deve haver dois de “mim” aqui! Porque se “eu não posso viver com ‘mim mesmo’”, então quem é o “eu” e quem é o “mim mesmo?”
E de repente eu estava olhando para aquela declaração que minha mente havia criado e vi a estranheza dela. Eu tinha me separado em dois e pensei: quem é “eu” e quem é o “mim”
E essa questão foi o último pensamento, o último pensamento significativo antes da experiência do “Despertar”. 
Esse último pensamento significativo colocou a questão, e a questão era: “quem é esse ‘eu’ e quem é esse ‘mim’ com quem eu não posso mais viver”? Há um ou dois aqui? Eu sou um ou dois? Esse foi o último pensamento. E a resposta a essa questão não chegou como um pensamento, a resposta a essa questão - e eu não o sabia naquela época, mas isso foi o que aconteceu, eu posso explicá-lo agora e não o podia explicar então - A resposta a essa questão não chegou como um pensamento, mas como uma colocação interior por traz do pensamento. Uma desidentificação interior com o pensamento. Então eu subitamente percebi - mas não através do pensamento analítico - que aquele “mim” [self] com o qual eu não poderia viver não tinha uma realidade concreta, ele era um “mim” [self] infeliz. Então sua natureza ilusória foi reconhecida mas não mediante o pensamento, não pensando: “esse ‘mim’ é realmente ilusório” - não. Mas essa natureza ilusória foi um “reconhecimento direto “- além do pensamento. Eu pude ver que ele não era nada, mas sem dizer isso mentalmente. 
Eu sou um ou dois? Essa última questão conduziu a uma desidentificação com o “mim” infeliz e com todo o senso de “self” que estava carregado de infelicidade, medo, ansiedade, inadequabilidade e assim por diante. Então esse “self” como que se dissolveu, porque eu devo ter removido completamente toda a minha identificação. Saí para fora do “self” criado pela mente e o que restou foi eu mesmo como consciência, mas não como o “mim” infeliz. Então o “mim” infeliz começou a sacudir e algo aconteceu com ele e no estágio final eu me senti quase desaparecendo em algum buraco negro. Porque foi um tipo de experiência de morte. Foi a morte do “mim” infeliz. 
A percepção disso não era tanto visual mas mais como um sentimento, como se eu estivesse desaparecendo em algum buraco. E havia ainda algum medo deixado lá, ansiedade sobre o que o que estava acontecendo comigo. Então eu ouvi uma voz – não uma voz audível mas era mais uma percepção: “não resista ou resista nada”. Então eu simplesmente deixei ir, e então uma espécie de vácuo se abriu, mas não um vácuo visual. E eu não lembro mais. Devo ter caído no sono logo após isso.
Então[recapitulando] houve: Sou eu um ou dois? - foi a questão que surgiu. Eu não posso viver com “mim mesmo”. Essa questão trouxe uma separação interior entre o “mim”, criado pela mente, e a consciência que tinha se identificado com ele numa percepção ilusória. Então a consciência que criou essa figura onírica se afastou dela. Então eu percebi que sim eu era dois: o “self” e o “eu”, mas somente um era real. Então a consciência que eu era, era real e a outra parte, a “não real”, não mais podia ser sustentada pela minha identificação com ela.
Eu estou explicando agora, mas eu não podia explicá-lo então. Simplesmente aconteceu! Levou alguns anos, eu nem sei quantos... talvez pelo menos sete ou oito anos, antes que eu pudesse explicá-lo do modo que o estou explicando agora. E na manhã seguinte eu acordei. No princípio eu não me lembrei do que tinha ocorrido à noite. Então meus olhos se abriram e a primeira impressão foi a que tudo era fresco e novo a minha volta nesse velho quarto familiar. Tudo parecia vivo, tudo era maravilhoso e mesmo os mais simples objetos cuja simples presença era adorável de olhar. 
A vida partindo das cortinas que eu sabia estarem vivas e, o mais importante de tudo, uma profunda impressão de paz interior. Então eu estava olhando tudo através da paz. E então eu disse: Uau, maravilha! Eu pequei algo e me senti como se tivesse nascido nesse mundo naquele momento. E sem dúvida eu posso dar uma explicação adicional agora mas eu não podia dá-la então. Eu estava trazendo o passado para a minha percepção sensorial, era tão somente a percepção sensorial sem uma rotulação dessa percepção sensorial. Era somente um pacífico fundo para ela. E eu não estava nomeando nada. Não eram os velhos objetos familiares no quarto, porque o velho “self” familiar não estava mais lá. 
Havia consciência lá. Uma sensação de consciência. E naquele dia eu pequei um ônibus para o centro de Londres e continuava a mesma coisa. No meio do tráfego, observando as pessoas saindo do ônibus, andando pela cidade... Aquela incrível sensação de paz! E eu pensei: “Bem, é incrível toda essa sensação de paz. E no dia seguinte a mesma sensação de paz. Então eu pequei um caderno de notas e escrevi: “algo importante aconteceu comigo mas eu não sei o que é, mas eu vou escrever sobre essas coisas porque eu posso perde-las outra vez e esquecer o que aconteceu”. A propósito eu não mais olhei para esse caderno por muito, muito tempo, então eu não sei exatamente o que escrevi lá. Eu gostaria de vê-lo. Deve ser curioso. Sim, vou olhá-lo um dia desses. 

- Você estava deitado durante toda essa experiência de separação? 
- Sim, na cama e estava escuro, sim. 

- Algumas vezes as pessoas dizem que você não pode descrever o despertar como uma “experiência”. E mesmo em seus encontros há alguns aspectos que você tenta achar as palavras porque não há um processo para essa difícil visão.
- Sim. Não é propriamente uma experiência. Sobre o que aconteceu lá você não pode propriamente dar uma visão para isso, não pode propriamente dizer que é isso ou aquilo. Pode-se dizer que não é uma experiência como tal, porque uma experiência é algo que se acrescenta a você; quando você experimenta algo novo que é acrescentado à sua vida. É o que chamamos de “experiência de vida”. Isso não é definitivamente uma “experiência de vida”. É o oposto de algo sendo acrescentado a você. Nesse sentido é o oposto de uma experiência. Porque ao invés de algo que está sendo acrescentado a você, algo está sendo removido de você. Então, algo que antes era denso e parecia substancial... Algo foi dissolvido ao invés de algo ser acrescentado.
Ele deixa por trás algo que não é inteiramente novo mas tinha sido bastante obscuro antes. Então não é um acréscimo por sobre. Então, talvez, para os buscadores espirituais há uma coisa importante a considerar nisso. Porque muitas pessoas estão procurando alguma experiência espiritual como se fosse algo que lhes pudesse ser acrescentado, e não é assim.
Digamos que é uma experiência de subtração. Tudo que se pode dizer é que é uma perda ao invés de um ganho. Mas é uma perda muito bonita. Mas no momento de transição essa perda pode ser dolorosa porque é um tipo de morte. Então você perde algo mas o que você ganha não é algo que lhe vem de fora, mas é algo que emerge. Sempre esteve lá. É a realidade essencial. Mas não é acrescentando. Podemos tão somente ponderar sobre isso. 
Então o importante é não procurar por uma experiência de acréscimo porque tudo mais é desse modo: queremos ter mais, ter mais experiências. Vamos buscar pela grande “menos” experiência (-) e não pela “mais” experiência (+). 

- Você colocou que a experiência de despertar se faz mediante a integração do processo físico com esse vasto, infinito estado de ser, criando certas interessantes experiências, desafios, algumas vezes as pessoas alcançam grandes estados de abertura onde podem ver o seu corpo tremer sentido grande energia. Então essa forma física se enche de energia. Sua experiência é uma (-)experiência. Então, uma completa gigantesca reestruturação. Como foi isso para você fisicamente? 
- Eu não me lembro de nenhum tipo de experiência física dolorosa acompanhando isso. Parte do senso de paz vinha de um mais escondido senso de vida do campo de energia interior do corpo. Então meu inteiro ser se sentia mais vivo. Eu dificilmente sabia disso, pois isso era parte da experiência total posterior; não uma experiência, porque era duradouro. Esse vibrante e vívido senso de paz interior que estava lá todo o tempo e parte disso era a vida que eu podia sentir a partir de todo o corpo. Mas isso era muito prazeroso, não era uma coisa desagradável. 

- Então, porque algumas pessoas parecem experimentar esse incremento de energia como algo até mesmo doloroso?
- Pode ser que a dor ou a pressão seja sentida quando ainda há bloqueios no corpo. Pode ser que o que me rodeava aquela noite pode ter também dissolvido, aqueles bloqueios que ainda estavam lá. Mas eu estou supondo, eu não sei a resposta definitiva do porque eu não o experimentei. 

-Você alguma vez esteve consciente do corpo interior “antes”. 
-Não. Eu estava completamente “na cabeça”. Eu não me sentia vivo exceto quando a cabeça se sentia um pouco viva, mas não era uma presença viva.

- Pode me descrever em maior detalhe como é esse sentimento dentro do corpo?
- Bem como você sabe muitos anos depois isso se tornou parte do ensinamento em que eu mostrei às pessoas que um aspecto do que me aconteceu acidentalmente eles podem realmente conscientemente dirigir sua atenção para fora do que normalmente habita no movimento do pensamento e dirigir a atenção... Quando me perguntam com que se parece,  minha resposta é orientar você ou quem esteja ouvindo isso... E você realmente pode ir lá agora, dentro de você mesmo, e reviver o que aconteceu lá comigo acidentalmente, mediante escolher dirigir a atenção, conscientemente, para o campo interior de energia do corpo. Usualmente eu peço as pessoas para começar com uma parte do corpo. Colocar a atenção nas suas mãos por exemplo.

-Pode descrever o que se sente?
- Um zumbido pode ocorrer, algumas pessoas o descrevem como um zumbido interior. Um Zuu... Se eu pudesse fazer um som, não há um som, mas se houvesse um som seria: Zuu....
Parece como uma vibração mas não é bem uma vibração. É muito difícil colocar em palavras porque a linguagem é desenhada para refletir objetos, sejam objetos físicos ou mentais. Mas a linguagem não pode realmente achar palavras adequadas para falar sobre isso porque não há objetos nele.
Aproximadamente o que pode ser dito é que é um tanto parecido com um zumbido ou um tanto parecido com uma vibração e pode mesmo ser como um calor. Algumas vezes a temperatura do corpo aumenta quando eles se tornam mais atentos para o que estamos chamando agora de corpo interior. E uma vez que você sinta essa energia dentro de suas mãos como um zumbido vibrando a sua vitalidade, muito sutil mas que sempre está bem.
Então você pode estar atento também a outras partes do seu corpo. E é um modo prazeroso de se tornar enraizado mais profundamente no SER que você é. E também é um modo bem efetivo de se tornar ancorado ao momento presente. A mente sem descanso nunca está realmente no momento presente está sempre em outro lugar. Então você põe sua atenção fora do pensamento, para dentro disso, e então você repousa nisso. E você ainda pode falar, ouvir e mesmo pensar. Mas você não terá mais pensamentos do que realmente sejam necessários para aquele momento. E pode ser que você não necessite ter nenhum pensamento para o que você precisa fazer naquele momento. 
O corpo interior é parte do que eu chamo agora de PRESENÇA, “estado de presença”: Você é presença com todo o seu corpo. 
Isso aconteceu comigo acidentalmente e eu posso dizer que quando eu comecei a entender, depois de anos, o que aconteceu comigo acidentalmente e quando eu comecei a trabalhar com pessoas que chegavam a mim com perguntas, então comecei a falar com elas e as respostas vinham e aquilo que aconteceu comigo acidentalmente tornou-se parte do ensinamento, e eu percebi que isso é não algo que você tenha que esperar que aconteça com você acidentalmente nem o despertar do corpo interior nem o contexto envolvente, o que quer ele seja, essa des-identificação com o pensamento. Todas essas coisas você pode realmente fazer. Eu estou mostrando às pessoas um modo de ir em frente.
Muito do ensinamento sai dessa ocorrência espontânea que aconteceu comigo, por assim dizer, e o que aconteceu aquela noite eu gradualmente, na medida em que comecei a entende-lo, ajudando as pessoas com seus problemas, isso gradualmente no decorrer dos anos tornou-se mais diferenciado e tornou-se um ensinamento espiritual.  Levou anos e anos e tornou-se um processo orgânico. Os fundamentos não mudaram.

- Você diz que no estado de presença o corpo interior estará sempre lá num estado de pleno despertar...
- A vida está lá. A presença é um inteiro estado do corpo. Parece também que na Presença as coisas ao seu redor estão mais presentes. Ela realmente afeta tudo. Seu corpo, e no momento que, em estado de presença, você olha as coisas você percebe que elas são Um com você, você se torna mais vivo e parece que o mundo a sua volta se torna mais vivo. Ou talvez não é que esteja mais vivo, mas é que você reconhece pela primeira vez sua vitalidade. E você compartilha. Você compartilha essa vitalidade com a flor. Vitalidade é uma palavra que eu uso; eu poderia usar outras palavras.

- Quando você começou a verificar o sentido e a estrutura de sua experiência alguma vez se perguntou: “Porque eu?”. Esse súbito despertar que ocorre tão raramente em uma geração você se perguntou: “Porque aconteceu comigo?” 
- Não. Eu nunca tive esse pensamento, e eu a acho que a razão é porque eu nunca percebi isso como algo que realmente tenha acontecido comigo. Quando eu falo sobre isso, por usar a linguagem, se parece como que tenha sido algo que aconteceu comigo. Mas a linguagem não é como isso. Eu não sou capaz de usar a linguagem de modo algum. Mas mais profundamente eu nunca tive um sentimento que isso foi algo que aconteceu comigo. Isso porque a essência disso é o desaparecimento do “mim”. O senso de uma identidade pessoal separada: “mim”; “mim”... Nesse sentido da formação dessa identidade, “mim” se torna tão fraca nisso, que algo está brilhando através de onde o “mim” estava e havia tão somente uma transparência; havia ainda, em alguma extensão, a forma, naturalmente, mas nenhuma identificação nela, e sem identificação a forma se torna semi-transparente e a coisa inteira que acontece é que o “mim” se torna transparente e a consciência surge muito forte. Portanto não é o “mim” mas a consciência e isso nada tem a ver com a pessoa. Então isso acontece porque o “mim” quase desaparece e essa é a razão pela qual não me ocorreu perguntar porque isso aconteceu comigo.

- Faz sentido, mas há uma questão que ainda permanece para mim. Esse corpo, a mente, a forma foi de alguma maneira selecionado pelo cosmos para passar por essa experiência para benefício de outras pessoas. Ocorreu que esse particular corpo-mente foi escolhido e porque foi assim?
- Eu não sei se ele foi escolhido. Isso poderia sem dúvida ter ocorrido com qualquer “mim” em qualquer parte do mundo que reconhece que essencialmente seu senso de identidade fosse, em grande extensão, ilusório e então a realização está lá. Por que a realização ocorreu a essa ilusória identidade em particular, eu não sei. Eu realmente nunca me fiz essa pergunta. É um mistério...

-Você nunca se fez essa questão no passado mas nesse momento, quando você dá uma olhada nela, você tem alguma idéia de porque há muitas pessoas que entendem o que você disse sobre seus pânicos, ansiedades, e que tem o senso do pequeno “mim”, mas embora rezem para ter a mesma experiência que você teve, ao passarem por isso nada lhes acontece e acordam na manhã seguinte da mesma forma que estavam e talvez se tornem membros da Eckhart Tolle TV. Vêem o que lhe aconteceu como algo único. Para você é isso tão somente um mistério?
- Sim. Talvez a forma estava pronta mediante vidas passadas de um modo ou de outro. Eu nunca investiguei sobre vidas passadas porque eu perdi o interesse no passado. Bem pode ser que a forma tenha sido preparada para isso e essa seja a razão de porque isso aconteceu. Eu seria relutante em dizer que esse foi realmente o caso porque isso significaria que o único modo em que você poderia realmente despertar seria se você tivesse suficientes encarnações. O Ensinamento está realmente realçando que virtualmente qualquer um pode despertar , não tão drasticamente quanto aconteceu aqui, mas que quase todos podem, pelo menos, entrar no processo de Despertar sem ser uma entrada extrema. Sim, algum grau de prontidão é requerido. Mas qualquer um que leia um livro como “O Poder do Agora” ou qualquer outro livro espiritual que tenha sido escrito a partir de um profundo lugar de realização; em qualquer um que leia isso, que esteja aberto e reconheça a verdade essencial nisso, em qualquer um dirigido ao ensinamento espiritual, há uma abertura ali. Mas há ainda milhões de pessoas que ainda nem tocaram em livros espirituais e mesmo se o abrissem lhes seriam totalmente sem sentido, então eu não estou falando dessas pessoas, pois sem dúvida elas terão que esperar mais um tempo. Mas em outros em quem há uma abertura, o processo de despertar pode começar, eles podem entrar no processo de abertura e isso é tudo que é necessário. Eu não posso me ver como “o escolhido”, há algo dentro de mim que diz não a isso. Mas eu posso estar errado.

- Eu tive a oportunidade de te entrevistar cerca de dez anos atrás e uma das coisas que você colocou então foi que depois deste despertar você experimentou uma redução de cerca de oitenta por cento de sua atividade mental. Eu estou curiosa a respeito de como é a vida para você em termos de seu relacionamento com os pensamentos. Literalmente não há nenhum pensamento ou os pensamentos passam e nenhuma atenção lhes é dada. Qual a diferença de por exemplo você estar num aeroporto ou relaxando em casa....
-Sim, sim. Bem, há longos períodos sem pensamentos e eu posso funcionar nesses estados. Por exemplo você falou no aeroporto eu posso perfeitamente fazer meu “check-in”, ir para a revista da segurança e ir para aonde for sem nenhum pensamento. Isso não é incomum. Eu vou fazer algo ou entro no carro e dirijo para uma loja para comprar algo e virtualmente sem pensamentos. Isso não é incomum. Ocasionalmente pequenos fragmentos podem surgir como pequenos estalidos de nuvens e então eles vão. Pode ser, por exemplo, eu estar sentado em casa sem fazer nada e ocasionalmente os pensamentos podem fluir para dentro e para fora do estado da atenção como pequenas lufadas de nuvens surgindo de tempos em tempos no céu azul e então se vão... Eu não sigo os pensamentos e eles nem mesmo tentam mais prender minha atenção, como é o caso das pessoas que estão ainda fortemente identificadas com os pensamentos. Cada pensamento te puxa aonde você vá. Os pensamentos já não tem muito mais a capacidade de puxar. Quando eles aparecem há um céu azul e as nuvens aparecem e desaparecem... Eu posso mesmo ter ocasiões de uma cadeia de pensamentos, em certas situações ou nem mesmo conectadas com que aconteça fora de mim. Pode haver ocasiões onde há certas sequências de pensamento... Mas, de novo, são inofensivos. Não são pensamentos que tem esse empuxo gravitacional que você tem que segui-los com sua inteira atenção. Sim, de tempos em tempos podem mesmo haver nuvens no céu azul mas essas nuvens não são mais nuvens de um tempo pesado que eu tive no meu passado e que outras pessoas podem reconhecer em toda a sua vida. Elas são mais como inocentes pequenas nuvens pulsantes mas nenhum pensamento importa muito. E então eles desaparecem. Não são amplificados por serem empurrados para cima e identificar-se com eles, nem então se tornam pesados e o tomam em possessão. Então eu nunca sinto que qualquer pensamento está me tomando em possessão.
Então, para sumarizar: penso que qualquer um que entrasse no meu estado interior ficaria surpreso quão pouco pensamento realmente há, comparado com o que ainda há nas maiorias das pessoas “normais” em um “quase contínuo”. Sim há alguns pensamentos, mas quando há não há mais um peso que há quando você se identifica com os pensamentos, e há um empuxo gravitacional e se desenvolvem em fluxos e você se perde completamente neles. Isso não acontece. Então o “não pensar” é o predominante a não ser que haja algo específico para se pensar. Ocasionalmente, sim, as nuvens vem e vão mas há sempre o estado de atenção do céu. Eu posso estar andando na floresta em contato com a natureza: olhando ao redor... andando... olhando... um cachorro... Nenhum pensamento... as árvores, as flores, há vida nelas... vendo o seu campo de energia... E então um pensamento pode vir: Oh! quando eu for para casa eu preciso fazer isso... Eu preciso comprar algumas bananas mais tarde... Ok, então ele se vai... Hum... Então algum outro pensamento vem ... Pode ser qualquer coisa, um caminhante que eu tentei contatar um outro dia ... Então ele se vai de novo... Então vem e vai. Predominantemente há o estado de atenção que é muito melhor que o pensar.

- Nunca lhe aconteceu que um pensamento tivesse um “anzol” que lhe puxasse pela garganta do tipo: eu esqueci de fazer tal coisa e então...?
- Boa pergunta. Eu tive experiências no passado em que ocasionalmente algum pensamento fisgasse - o que é uma boa analogia - querendo mais de mim do que tão somente aparecer e desaparecer. É como algo assim... ele puxa e deixa. Usualmente eu o noto e há uma intensificação da presença, nesse momento há uma escolha da consciência em estar mais intensamente presente. O mesmo acontece quando no dia a dia um desafio aparece, algo dá errado e o desafio vem; o que de outro modo poderia se desenvolver num pequeno drama. Usualmente isso nem é mesmo uma escolha da consciência, isso acontece naturalmente e imediatamente há uma intensificação da presença. Isso é algo que eu não tinha mencionado antes: Isto é a tomada do nível normal de presença que é quando o desafio surge, o que eu chamo algumas vezes de “chave reguladora”  é aumentada e há uma mais intensa presença quando o desafio chega. Porque somente a intensa presença pode dar conta do pensamento que assim surge. Não há como descrever como é um aumento de presença mas eu posso representá-lo. A presença normal é assim...(ET encena com os olhos), uma presença mais intensa é ...(ET encena observando mais atento), e de volta ao normal...e mais intensa... A presença mais intensa se torna uma espada afiada que é rodeada pelo pandemônio (rsrs). Isso é requerido se há um puxão muito forte do pensamento dizendo: “venha cá, eu vou te conduzir a um lugar maravilhoso chamado drama e infelicidade, siga-me.  Você vai adorar”. Você não pode brigar com isso: “Não! Vá embora!”. Assim lhe dá mais poder. Você tão somente... Você tem que ter essa coisa feroz. A presença se torna uma presença feroz. Como era antes, a presença era meiga. Uma presença meiga.

-Você notou que tipos de pensamento aconteceram em sua vida que requereram esse aumento de intensidade da presença?  Eu não estou sendo pessoal aqui...
- Bem...o incompreensível mundo pessoal das finanças; ter que ver minhas contas amanhã por exemplo, e não compreendendo toda aquela papelada e assim por diante... E a atenção da mente para tudo isso. E então eu percebi que tinha que voltar para a presença. Isso pode ser um exemplo.

- E sem dúvida você ensina algumas abordagens para se obter essa presença...  O que você faz para ampliar a presença, você tem uma abordagem padrão para intensificá-la?
- Eu posso dizer que às vezes eu faço e às vezes simplesmente acontece. Mas eu não posso dizer o como disso porque não há um “como”. Se você não faz isso eu posso recomendar para alguém estar mais intensamente presente no seu corpo interior, mas no meu caso eu não fico dizendo: “ok eu preciso ter uma presença mais intensa no meu corpo”. Simplesmente acontece sem nenhuma etapa intermediária. Eu posso mesmo fazê-lo aqui. Eu posso estar com uma presença meiga normal e eu posso demonstrar uma presença mais intensa que é a “navalha afiada”. Não requer nenhuma etapa. Acontece imediatamente. São ambas as presenças muito prazerosas. E você pode ter... vamos dizer... Eu estou participando numa conversação e então a presença está no fundo. Então eu posso estar falando ou contribuindo para a conversa e a presença está lá como um senso de vitalidade o que eu muitas vezes chamo de “sentir o espaço interior”. Isso é vital porque caso contrário a mente toma conta. Afortunadamente isso não acontece mais.

-  Uma das coisas que eu descobri sobre você nesse meu trabalho aqui na Eckhart Tolle TV, e passei a te conhecer melhor nos últimos anos, é o quão afinada e precisa é a sua mente. No princípio eu não notei isso e penso ser porque seu ensinamento é sobre explorar o espaço entre os pensamentos. Por exemplo quando você conta uma história ou quando você ensina num livro, você é muito exato. Você acha que há uma relação entre o espaço de sua mente e a exatidão e a precisão de sua mente e qual pode ser a causa dessa relação?
- Quando há o senso de espaço você pode atuar melhor: mais precisa, mais simples e mais vigorosamente do que... vamos comparar por exemplo com um motor de um carro em que o dono senta no carro e a maioria do tempo fica em ponto morto e põe o pé no acelerador só para ouvir o barulho do motor e fica assim por horas: Vurrr... Vurrr... Vurrr... não indo pra lugar nenhum. E quando ele tem uma necessidade de ir para algum lugar o motor não está mais eficiente porque esquentou demais. O mesmo se aplica à mente. Esse contínuo mau uso da mente. Você nem mesmo pode chamar de uso porque a mente foi assumida. E a cada hora do dia há o contínuo fluxo de um montão de pensamentos inúteis, repetitivos e mesmo negativos. E quando essa pessoa que está perdida nessa inútil, densa e repetitiva corrente de “barulho mental” tem que realmente aplicar sua mente, para analisar algo, relacionar algo ou achar a solução para um problema - pois certas situações requerem pensamento - e aí ele não está mais eficiente porque a máquina de pensar foi mal usada e perdeu sua precisão e sua potência. Então eu estou usando uma melhor analogia e acredite-me isso é verdadeiro. minha mente se sai melhor agora do que quando eu estava na universidade. As pessoas dizem: bem, você perde seu poder mental quando vai envelhecendo. Eu não acho isso. Meu poder mental aos meus vinte anos era menor do que é agora e eu posso ser mais criativo agora do que podia ser então.

- Ok, Eckhart. Acho que tivemos uma boa noção de sua mente e agora eu gostaria de falar sobre as emoções. Alguns professores que enfatizam a des-identificação ainda valorizam uma total gama de experiências com emoções. A abordagem tântrica: induzir a raiva, induzir o desejo, induzir a tristeza trazem diferentes nuvens desses sentimentos, mas com você não é assim em termos da gama e da profundidade da experiência com emoções. Não é desse modo! Eu já senti.
- É relativamente pouco e quando acontece é muito breve. Ela pode vir, digamos, ira em algumas raras ocasiões, como um flash que atravessa e passa. O pensamento não a segura e começa a amplificá-la e prolongá-la. Alguma emoção que surge, tristeza talvez quando vejo uma mulher sofrendo, a tristeza surge, eu posso chorar - ocasionalmente eu choro quando estou vendo um filme. Então a emoção está lá, surge e passa; dura um minuto, dois minutos ou menos. E isso é raro realmente e não acontece frequentemente nenhuma forma de emoção. Isso não significa que eu estou morto por dentro. Se não houvesse a Presença e também não houvesse emoções eu estaria morto por dentro. Então, se você não tem nenhuma presença nem nenhuma emoção isso significa que não está verdadeiramente vivo por dentro. Mas se há Presença e Conhecimento em você, essa é a fonte primordial da Vida. E comparado a isso a emoção é tão somente uma turbulência dentro dessa Vida primordial. Se você não tem acesso à fonte primordial da Vida então você precisa da turbulência para lhe dar algum sentido de vida. E isso é o porque muitas pessoas precisam desse drama diário ou desse drama semanal ou drama nos relacionamentos, para se sentirem ainda vivas. Sem o drama tudo parece morrer. Então as pessoas amam esse drama. Elas o criam inconscientemente na sua vida diária porque pelo menos isso lhes da algum sentido de vida. “Eu fico excitado com os meus problemas e falo sobre eles, pelo menos assim eu sei que estou vivo. Eu não tenho isso. Você realmente não precisa dessas coisas tendo essa Presença. Então, dentro do campo da Presença ocasionalmente um pouco de turbulência acontece, mas é raro e é assim que eu experimento isso. Eu não quero pronunciar um julgamento sobre as pessoas que dizem que estão na Presença mas são indulgentes com todos os tipos de emoções. Eu não estou dentro deles então eu não posso realmente dizer o que eles querem dizer com isso: É só uma justificação para a perda de estado de consciência ou é tão somente pelo fato que eles amam se entregar às emoções apesar do fato de estarem em estado de consciência. Eu teria que entrar nessas pessoas para saber como elas experimentam isso e assim não quero pronunciar um julgamento sobre isso. Muitos dias passam sem que eu tenha uma emoção em particular. É muito mais comum eu não ter nenhuma emoção. A propósito, sentir empatia com outro ser humano, sentir amor ou uma gentileza amorosa com outro ser humano eu não vejo como uma emoção. Emoção é a necessidade de uma ligação com outro ser humano. Mas o fluir de gentileza amorosa ou amor endereçado a outro ser humano não é uma turbulência, é algo profundo que emerge do reconhecimento que a Consciência que eu sou é a essência do que também você é. Quando eu estou amando é a consciência amando a si mesma. O que eu amo no meu cachorro... quando eu olho pro meu cachorro além da sua agradável e macia pelagem, o que faz adorável tocá-lo, mas quando eu olho nos olhos do cachorro, há algo que eu amo no cachorro que é mais que seu pelo ou seus tecidos ou seu sangue e ossos que estão lá. O que está sob aquela pelagem é tão somente uma bagagem de órgãos e ossos, tecidos, sangue que não são os mesmos do ser humano e que não é o que você ama, mas o que você ama no cachorro é a consciência do cachorro que eu posso ver lá. Dentro das limitações da forma do cachorro há uma consciência emergindo e eu posso ver a mim mesmo dentro dessa diferente forma. E é o mesmo quando você olha outro ser humano. Há uma conexão interior. Para mim não é de modo algum uma emoção que não é tão profunda quanto isso. Eu amo tantas coisas que não estão conectadas com os humanos. Eu não tinha falado sobre isso ainda porque isso chega a mim e é tão natural que eu não penso sobre isso. Eu amo objetos inanimados. Muitas vezes eu pego alguma coisa e o seguro por alguns segundos porque amo a sua presença. Uma pasta de dente, pode ser um livro, não pelo que está escrito nele mas pela sua simples presença física. Pode ser qualquer coisa: a mesa, ... Então o mundo é... Há um aspecto que eu diria que é o senso de vida no mundo que você habita. E não estou reduzindo tudo a sua volta para uma finalidade “isto é”: eu estou usando isso ou aquilo para esse propósito, para me levar lá... mas é apreciar as coisas pelo que elas são e não pelo que elas podem fazer para você. Então isso faz você amoroso para as coisas. A apreciação das coisas. Mas tudo isso não é emocional. Não há emoção aí. A emoção pode ser parte, mas o mais profundo fundamento para a conexão entre seres humanos é a Atenção, a Presença, a Consciência que os conecta. Em acréscimo a esse fundamento pode haver emoções flutuando na superfície, mas elas não são o ponto focal, elas não são a coisa principal que os conecta. Eu não quero criar a impressão para ninguém que ele deve livrar-se de suas emoções. Não é assim que funciona. Algumas pessoas melancólicas podem pensar que algo como a tristeza pode ser bonito e interessante e que vale a pena passar algum tempo com isso. Mas para você é como uma formação de nuvem que passa. Sim, sim. Eu não sinto que ser atraído pela música seja emocional. Então eu não tenho medo das emoções. Mas há um lugar que é mais profundo que qualquer emoção e permanentemente cheio de vida e não algo temporariamente alto e temporariamente baixo como são as emoções.

- O que você parece dizer, sem um específico julgamento, é que as pessoas que se satisfazem em “levar suas emoções para um passeio” é porque representam com isso um substituto para o Despertar e para a Vitalidade.
- Sim, e tanto quanto lhes diz respeito elas estão certas porque estão conectadas com esse senso substituto de vitalidade e pelos menos há alguma vitalidade nelas. Assim ao invés de estarem “mortas” há algum drama nelas.

- Eu tenho agora uma questão diferente. Algumas pessoas que experimentaram algum grau de despertar parecem ainda manifestar tempos difíceis em algumas áreas de suas vidas: pode ser nos seus negócios ou nos seus relacionamentos ou pode ser na saúde física e a abertura espiritual que elas tocaram parecem não ter penetrado nesses outros aspectos de suas vidas. Você pensa que o toque espiritual na pessoa resolve os outros problemas ou ao mesmo tempo é importante para as pessoas trabalharem o seu aspecto psicológico, sua saúde física, preocuparem-se com a nutrição... Isso acontece naturalmente?
- O despertar espiritual não resolve imediatamente todos os problemas e também não significa que a sua vida dai em diante será livre de desafios. Então os desafios continuam. Não é também que você se verá em contínuas situações de disfunção, o que é pouco provável quando você está desperto espiritualmente. Mesmo se você está relativamente consciente e não totalmente desperto é pouco provável que você se veja em longos períodos de tempo ou a maioria do tempo em estado disfuncional ou em situações desagradáveis de drama e assim por diante. No entanto os desafios continuarão. A vida continuará a lhe dar desafios o que é parte de “se estar aqui como forma física”. Então não haverá nenhum fim para qualquer desafio de qualquer tipo. Eles virão de tempos em tempos. Não é que o despertar espiritual remova todos esses desafios, ele realmente incrementa a sua vida imensuravelmente mesmo em um nível mais externo em grande extensão mas os desafios ainda aparecem. E em qualquer nova situação que você vá haverá alguns novos desafios que surgem aí. O despertar espiritual não significa que isso não acontecerá. O que acontece com o despertar espiritual é que mesmo que você seja confrontado com o desafio, o desafio é visto dentro do contexto da mais profunda dimensão interna transcendente. Há um espaço no qual o desafio não é visto como uma coisa gigantesca que ocupa completamente a sua atenção. Está aqui como desafio mas dentro do espaço da Presença. Você primeiramente habita na Presença, você não habita no problema. Isso é porque o desafio não se torna um problema. Ele permanece um desafio. Então você permanece enraizado na dimensão transcendente e de lá você faz o que pode, se é que haja algo a fazer, para lidar com o desafio. Também você nunca encontra situações na vida que são totalmente satisfatórias. Você nunca encontrará uma localização física que seja totalmente satisfatória; você nunca encontrará uma situação de vida que seja totalmente satisfatória;mesmo relações que sejam totalmente satisfatórias; ou uma atividade que seja totalmente satisfatória, você não poderá nunca encontrar isso. Não importa onde você vá ou o que você faça sempre encontrará elementos de insatisfação. Isso é parte da “vida na forma”, na qual cada forma é limitada. Não é o caso de acreditar que quando da realização espiritual o elemento de insatisfação irá desaparecer de sua vida exterior. Não, ele permanece. Mas isso não é mais um problema pois é tudo visto num contexto mais amplo no que eu algumas vezes chamo de dimensão transcendente. Em outras palavras: sua felicidade ou seu senso de satisfação nunca derivará das condições de sua vida. Mas é ai, nas condições da vida, que as pessoas, antes de despertarem, buscam por satisfação. Quando não estão despertas elas buscam por satisfação nas condições de suas vidas. Por um instante elas a acham aqui, por outro instante as acham ali, mas as condições de vida, em última instância, sempre proverão mais insatisfação. E é um fato que por fim tal produzirá mais e mais sofrimento e o sofrimento por fim produzirá o despertar. Portanto fica tudo certo. Mas o fato é que as condições não podem lhe dar felicidade e satisfação porque haverá sempre algo que falta. A diferença entre estar ou não desperto ou entre um ser humano inconsciente e um que já é de algum modo um ser humano mais consciente é que o inconsciente continua a procurar as condições adequadas como um pré-requisito para a felicidade. Um ser humano desperto já não mais busca pelas perfeitas condições em sua vida porque a sua felicidade, satisfação, alegria, vitalidade ou paz ou como você queira chamar ele não mais necessita derivá-las das condições de sua vida, mas elas vem da consciência incondicionada e da presença vivente que você experimente, que você é: a consciência em si mesma. Essa é a definitiva satisfação e essa é a dimensão transcendente da vida – sem forma. Não tem nada a ver com as condições de sua vida. E então você passa a ter um espaço de relacionamento com as condições de sua vida, sem estar agarrado às condições ou sem se tornar repelido pelas condições. Você pode ter um espaço de relacionamento com as condições, permitindo-as serem o que são nesse momento, por um instante, em toda a sua amorosidade ou em todos os seus defeitos: algumas vezes algo está faltando ou algo está errado nelas. E a vida se torna pela primeira vez satisfatória porque você não está mais dependendo das condições de sua vida para sua satisfação ou felicidade. E isso é uma grande liberação. Então há um erro de percepção nas pessoas que pensam que quando despertarem espiritualmente tudo em volta será absolutamente excelente. Não. Não é da natureza do mundo das formas ser desse modo. É uma contínua flexão. É uma contínua mudança. Nada permanece. O que é absolutamente excelente hoje não o será amanhã ou no próximo ano. E você não precisa disso. O que você precisa é estar em contato com aquilo que transcende todas as condições. E isso Buda também coloca muito claramente nos seus ensinamentos.

- Depois do seu despertar você não precisou de ver um terapeuta para um problema psicológico ou ver um instrutor físico para isso ou aquilo, para trabalhar algo que restava ainda problemático?
- Não. Nunca me ocorreu que eu precisava buscar ajuda para algo a nível psicológico. Eu poderia buscar ajuda para o meu corpo pois ele não é absolutamente um corpo perfeito. É um pouco torcido aqui ou ali... Mas eu estou bem assim. Não me causa absolutamente muitos problemas. Pode ser que poderá acabar causando algum problema... Alguns amigos me dizem que eu deveria ver um fisioterapeuta. Poderia ajudar, mas de algum modo eu não gosto que meu campo de energia seja invadido por alguém não importando quão consciente o fisioterapeuta possa ser ou quão excelente seja seu trabalho. Eu tenho uma relutância em ter meu campo de energia invadido por isso. Eu não estou dizendo que haja necessariamente grande sabedoria nisso mas é tão somente uma característica minha.

 - Bem vamos à pergunta final. Em se falando da sua (-)experiência pode ser que haja um intervalo entre as muitas pessoas no processo de despertar e a dramática experiência de Eckhart Tolle. Eu quero ter uma possível visão ampla sobre isso. Então quão individual você acha que o despertar pode ser?
- Parece que pode ser muito diferente em relação a cultura e ao lugar onde ocorre... provavelmente o que acontece no Despertar deve ser o mesmo em qualquer ser humano, mas o modo pelo qual esse ser humano então interpreta o que acontece ou o modo em que fala sobre ele pode ser bem diferenciado, Vai depender do contexto cultural ou particular forma de espiritualidade dessa pessoa. Por exemplo se o despertar acontece a alguém num “ashram” na Índia pode ser interpretado bem diferentemente. Ou alguém que é cristão poderá falar do “nascimento de Cristo em mim”, pode dizer: “eu subitamente tive essa incrível sensação de Cristo entrando em mim”. Esse poderia ser um modo de interpretação do processo de despertar. O que não seria inteiramente errado porque se Cristo significa o homem transcendente - Jesus se tornou O Cristoo Cristo não se refere ao passado mas sim à realidade transcendente. E mesmo Paulo disse no Novo Testamento algo como: “ Eu devo diminuir e Cristo em mim deve crescer”. Eu falo sobre isso e outro que fala sobre isso e pode parecer como se fosse totalmente diferente, mas fundamentalmente não é. É somente quando aquilo que aconteceu na “não forma” chega a dimensão da forma é que pode parecer diferente de pessoa a pessoa. Mas a des-identificação fundamental com as formas mentais pode ser a mesma. Porque é somente então que a Consciência Crística ou a Natureza Búdica, ou como quer que você a chame, então subitamente nasceu em você. Não importa o modo que você a chame e isso é belo. Então essa é uma parte da resposta. A segunda parte é o que essa pessoa faz com esse estado de despertar, como esse estado de despertar funciona naquele particular ser humano, quando esse ser humano interage no mundo com outros em situações que também variam muito. Então nem todos que despertam escrevem um livro ou se tornam um instrutor espiritual formal. Pode ser bem diferente. Pode ser que alguma criatividade emerja em você e você trabalhe com um grupo de pessoas. Pode haver inúmeras possibilidades que variam de pessoa a pessoa. Pode ser também que algumas poucas características pessoais perdurem. Você não tem mais o ego então não está identificado com elas, mas certos negócios que você tinha antes podem perdurar depois do despertar. Isso aconteceu mesmo na Índia com um famoso instrutor espiritual. Ele queria deixar de fumar antes de despertar e queria deixar de fumar depois de seu despertar. Ele morreu sem dúvida porque fumava muito. Então há variações na superfície mas o núcleo é o mesmo, eu estou certo disso, o que acontece profundamente em você é o mesmo com todos no processo de despertar.

- O que você pode dizer para as pessoas que estão almejando por um mais profundo processo de despertar?
- Bem o almejar pelo despertar já é parte do despertar. Então se você está almejando pelo despertar a porta já está lá um pouco aberta. Porque de outra forma você pertence a esses milhões que não somente não tem nenhum desejo de mudança como mesmo decisivamente não gostam de nenhum conceito de despertar ou nunca ouviram sobre isso e nem mesmo entrou em sua consciência. Então se há um desejo de despertar você já o está tocando e ele já está começando a acontecer porque o desejar está lá, porque você já está reconhecendo que algo que nós estamos dizendo aqui é verdade e você imediatamente diz: Sim... Em algum nível você pode sentir que há uma verdade aqui sobre a condição humana e sobre você. E isso em você, que já pode sentir isso, é aquela parte que já está desperta. E isso precisa crescer em você, mas não acredite no que sua mente pode estar lhe dizendo que você não está lá ainda de modo algum. Sim, você está ouvindo isso e diz: Sim! Isso significa que parte de você já está despertando. Então não acredite em sua mente, porque a mente não sabe disso, pois a mente pensante não pode reconhecer o despertar, e diz: “Eu preciso despertar”... Já está acontecendo!! Então reconhecer isso será de grande ajuda.

- Obrigado Eckhart por essa entrevista.
- Obrigado! 

Transcrição de Paulo Azambuja, editor do segmento do vídeo original e tradução, gentilmente cedidos. http://pauloaza.blogspot.com