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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A Obsolescência Planejada. Como Fomos Enganados

O ser humano deixou o Capitalismo fazer e conduzir as regras de funcionamento do mundo incluindo as leis, governo, religiões, saúde, etc. Agora estamos todos numa sinuca de bico. Observe:
 Na primeira fase o Capitalismo começou produzindo o que as pessoas necessitavam, e os produtos duravam muito. Lembro-me de uma geladeira de casa, quando era criança (geladeira era como a gente chamava os refrigeradores) que durou 40 anos e terminou seus dias na casa da praia, toda enferrujada e foi para o lixo. A próxima durou só 10 anos. 
E foi assim com alguns produtos como o "fusca", o modelo de carro "besouro" alemão (aliás desenhado por Ferdinand Porsche para Hitler, para atuar na guerra do deserto do norte da África), e outros como o Ford ano 51, o avião DC3 que voa até hoje desde 1935. Mas eram exceções.
 Na segunda fase o que as empresas capitalistas queriam era mais venda adicional, aproveitando-se da força da vaidade, da inveja e ganância da natureza humana. 
Na terceira fase  acrescentaram-se conceitos novos e já se produzia baseado no conceito de que "só o novo é bom", ou ainda "só o novo diferencia você dos outros". Então só os novos modelos de tudo o que existe seriam os desejáveis por esse código. 
Mas não parou por aí. As grandes empresas queriam mais lucro e desenvolveram as "estratégias de marketing" para descobrir as brechas na mente e emoções do consumidor, inclusive atingindo o público infantil através da publicidade. E tome venda. 
No dia de Natal de 1924 em Genebra na Suiça, as grandes empresas do mundo formando um cartel, combinaram um jogo esperto: vamos diminuir o ciclo de vida dos produtos e fazer o povão ignaro (nós) comprar mais (veja o vídeo abaixo). Essa é a obsolescência planejada, ou seja, as coisas acabam mais cedo e vende-se tudo de novo. E o que ficou "velho" vai para o lixo. E dane-se o meio ambiente com o excesso de lixo indesejável.
Ao reduzir a vida útil de um produto, a indústria não apenas nos incentiva a consumir mais, mas também nos incentiva a degradar mais...
O principal objetivo das campanhas publicitárias não é convencer o consumidor a comprar, mas convencê-lo de que comprar é o seu motivo existencial...
Quando a indústria do entretenimento, voltada para o público infantil, criou centenas de filmes para promover seus produtos, um novo mercado passou a existir. A ideia de criar fantasias completas na forma de heróis, em desenho animado, era grandiosa e fantástica, e se desse certo, teriam pela frente um mercado que antes era quase ignorado. E deu certo. 
A abordagem era simples: Primeiro criariam as séries em filmes de desenho animados, um tipo de mídia com grande poder sobre as crianças, e estas seriam distribuídas às estações de televisão de todo o mundo, a custos tão incrivelmente baixos, que seria quase impossível a recusa em tê-los, e o mais importante, exibi-los. O argumento para a promoção de tais seriados, era passar a ideia de que teriam um conteúdo educativo, ou edificante, para as crianças do mundo inteiro. 
Mas havia um problema, pois ainda, nas televisões do mundo afora, não havia a cultura dos programas infantis diários, com os apresentadores infantis e todo o circo em sua volta, como vemos hoje, e que serviria de pano de fundo, de veículo, ou palco, para a exibição desses filmes. 
E eles não apenas distribuíram os modelos de funcionamento de tais programas mundo afora, como também financiaram muitos deles, tornando viável sua exibição, e assim puderam distribuir seus desenhos, suas vitrines animadas para promover uma indústria milionária que estava prestes a surgir. 
Não estavam sozinhos, pois logo outros segmentos viram naquela iniciativa, a oportunidade da criação de novos nichos de mercado, como o de produtos alimentícios, roupas, e itens de consumo, que as crianças jamais imaginaram que seria possível, um dia, possuir. Assim, a criança ganhou um perfil, status, que antes, no mundo corporativo do consumo, pertencia apenas aos adultos. 
Brinquedos, alimentos, roupas, publicações especiais, colônias de férias, pacotes de viagens, linhas especiais de cartões de crédito, poupança programada, fundos de investimentos para financiar estudos no futuro, aparelhos eletrônicos especialmente projetados para o público infantil, enfim, uma oferta de produtos tão vasta, como nunca se viu antes. 
Criaram até um estilo de vida próprio para cada faixa etária infantil, determinando como deveriam se vestir, o que deveriam consumir, e tantos outros modelos de comportamento que deveriam adotar. E a intenção de tudo isso? Escoarem seus produtos, os novos e os velhos com cara de novos. 
Há uma transformação evidente nas formas de consumo, e o tempo de duração de cada produto que chega ao mercado, tem o firme propósito de preparar o caminho para o seu sucessor. Já chega às prateleiras das lojas, com o dia do seu fim decretado. Isso não significa o fim de sua utilidade, mas a data a partir da qual seus possuidores deverão ser alertados para a necessidade de troca. 
É uma abordagem psicológica, e mesmo que o objeto esteja em perfeitas condições de uso, psicologicamente, a máquina de vendas irá se encarregar de torná-lo indesejado na mente do consumidor, tornando-o sumariamente obsoleto, ultrapassado. É uma obsolescência planejada, e um produto abrirá caminho para os muitos modelos que virão no seu lastro. 
A cor da moda, se antes se limitava à indústria do vestuário feminino, há muito tempo seu domínio se estendeu às outras áreas. Os objetos mudam de cor de acordo com as estações do ano. E quando meia dúzia de consultores, os principais acionistas por trás dessa gigantesca indústria de criar novas manias de consumo, se reúnem para decidir o que é ou não estético no modo de vida das pessoas, ali também já fica acertado quanto tempo essa nova tendência, a ideia, o comportamento programado, deverá permanecer em atividade na mente do público. 
Desse ponto em diante, os criadores de tendências e reprogramadores do consciente e inconsciente coletivo, deverão entrar em cena com suas abordagens “mágicas”, cuidando de deixar o caminho aberto para os novos lançamentos. 
Mas um produto não precisa ser de fato novo para tornar um outro obsoleto, e de fato a maioria não o é. Basta a inclusão de um pequeno detalhe no design, uma mudança dos padrões de cores, no nome, a inclusão de um item desnecessário, e depois a máquina de marketing irá se encarregar de convencer seus cativos que de fato se tornarão infelizes, caso insistam em continuar com o modelo antigo. 
A euforia coletiva parece ser o caminho mais curto para a rápida disseminação de uma ideia, que é a força motriz para que os novos produtos, chegando ao mercado, ganhem a preferência do público. Eles promovem uma ideia, ou um conceito abstrato em forma de produto, com tamanha eficiência que, o infeliz consumidor adquire alguma coisa, totalmente convicto de que aquela magia, que é a mensagem promocional do novo produto, irá transformar sua vida. 
As abordagens promocionais são claras e promovem a ideia do êxito fácil, e há uma intenção deliberada de incutir na mente do indivíduo, que a simples identificação do mesmo com aquele produto, ideia ou corporação, é uma espécie de chave, ou símbolo mágico, capaz de torná-lo importante, superior, diferenciado dentre os demais. 
No entanto, o maior trunfo dessa máquina de convencer pessoas a comprar, está em criar novos hábitos antes inexistentes. E, depois de criada a dependência, abre-se o caminho para futuras e sempre constantes atualizações. Assim, o consumidor não compra apenas um produto, ele acaba sendo convencido de que está levando para casa muito mais que um simples objeto ou utilitário. É a estratégia do condicionamento mental, através da indução uma calculada postura psicológica, que acaba por se tornar um importante valor agregado ao produto. 
E a compra de um bem para uso diário é convenientemente, eufemisticamente, rotulada de investimento, uma conquista social, um status, algo que proporcionará ao seu feliz possuidor, vantagens que extrapolam, que vão muito além, daquelas que parecem óbvias.

Dê uma olhada neste vídeo interessante sobre como os grandes cartéis combinaram a portas fechadas a estratégia de tornar os produtos obsoletos. Eles contam com você e as suas fraquezas para que tudo dê certo:



domingo, 8 de abril de 2012

Dinheiro, Cupins, Suicidas, Guerra, e outros bichos;;;

o suicida lento e paciente
Há poucos dias a vida me deu uma rasteira para eu deixar de ser bocudo e metido a besta: tive que fazer uma “barreira química” contra os cupins subterrâneos que estavam perfurando o concreto da minha nova casa atrás de celulose para comer. Logo eu, ecologista briguento de carteirinha... o fato esticou a corda da incompatibilidade entre interesses e princípios. Tremendo stress.
Barreira química: Esse é o nome que os experts dão ao serviço de furar todo o chão da sua casa e despejar um bocado de veneno no subsolo para matar a rainha do cupinzeiro, diferentemente da chamada dedetização comum. Pelos meus cálculos, só essa empresa faz 500 operações dessas por mês, só na região de São Paulo. Antes de tomar a decisão fui fundo na Internet e aprendi com gente do ramo muita coisa sobre o assunto. Você sabia que o Parque do Ibirapuera é o cupinzeiro central da cidade de São Paulo?
 Só não aprendi como agir com os cupins de uma forma alternativa e sem potenciais danos ao meio ambiente. Ainda não digeri o assunto, apesar de o técnico, um engenheiro simpático, me garantir que “o produto moderníssimo, de alto avanço tecnológico-químico, não apresenta nenhum risco ao meio ambiente”... Lembrei-me do episódio da explosão na Índia da fábrica de produtos químicos Union Carbide em 1984 (hoje Dow Chemical) cujos efeitos maléficos persistem até hoje, segundo o Greenpeace. Também "não havia na época nenhum risco ao meio ambiente”, segundo a empresa.
E esse episódio de dano ambiental me remeteu também ao do vazamento do navio petroleiro da Exxon - Valdez no Alasca (US $ 2,9 bi de prejuízo em dinheiro, e não-se –sabe-quanto de prejuízo ecológico). Sem contar o recente desastre de vazamento de petróleo no Brasil, bola da vez, minimizado pelo governo oportunista e orgulhoso do pré-sal. E outras centenas de outros casos no mundo.
Mas o assunto não é ecologia. É sobre o ser humano em relação ao tema. Há um traço imediatista e suicida do ser humano associado à ganância pessoal e capitalista, que sempre me incomodou. É uma mistura de várias coisas perversas que produzem um resultado desastroso no longo prazo, não só para os agentes, mandantes do crime, e defensores do desastre em vários níveis, mas para os outros, para toda a humanidade.

A base do desastre é a ganância, o apego ao dinheiro, à minha segurança econômica, da família, dos amigos, da minha tribo, sempre nessa ordem.  A humanidade “que se exploda”, como dizia o velho Chico Anísio, crítico bem humorado dos costumes, mas mordaz como sei-lá-o-quê.
Vamos exemplificar isso: você já viu, por exemplo, um porta-voz ou relações públicas de uma indústria química poluidora, automobilística, uma petroleira, fabricante de cigarros, medicamentos, etc., justificando a nobreza de suas intenções e o benefício do produto? É patético.
Pois bem, esse “elemento” como diz a gíria policial, é geralmente um profissional no mínimo de nível superior, inteligente segundo os nossos padrões, “pai de família”, cujos filhos aprendem na escola a serem ecologicamente corretos, e vai por aí afora. Mas por um processo que escapa à nossa compreensão, ele convenientemente falseia a realidade e defende o mau produto que ajuda a vender, a má empresa onde trabalha como um mouro, o mau patrão, o mau chefe, a má circunstância.
Por que?
Ele sabe que aí tem uma mentira, mas por um processo mental cheio de arabescos e justificativas (as crianças, o orçamento doméstico, os credores, o padrão de vida, a viagem à Disney, a sogra, o diabo) à noite, põe a cabeça no travesseiro e... e dorme o sono dos justos. E levanta motivado para mais um dia de labuta na defesa da empresa ou entidade criminosa. Um bom funcionário...
Se questionado, vai alegar uma centena de razões para agir assim. É um suicida letrado e esperto promovendo um suicídio lento e paciente . E homicida também. Um homicida por omissão, no mínimo. O que o hinduismo e o budismo chamam de karma não é uma abstração filosófica ou esotérica é uma realidade concreta: os efeitos dessa ação e omissão vão alcançar o diretor, o gerente, contador, faxineiro, boy, o padre, o rabino, o papa, vixe...nós, certamente, estamos na lista. Há uma gradação de vítimas-réus com diferentes níveis de culpa, desde os mandantes até os omissos, quase todos, que acreditam piamente que “eu não tenho nada a ver com isso”. Eles se esquecem de que a médio prazo não há saída na aldeia global que chamamos de planeta Terra.
A outra face do mesmo processo suicida e homicida que sempre me encasquetou é a guerra. Como nos crimes ecológicos, o dinheiro e o capitalismo amoral continuam por trás da cena, mas diferentemente do caso citado acima, o dinheiro é uma influência que induz quem motiva a guerra, não a jovem vítima que pega o fuzil, matando porque foi induzida a erro.
Quem, como eu, acompanhou o dia a dia da guerra do Vietnã ficava com perguntas sem resposta: por que esse pessoal vai para a guerra? Por que simplesmente não se recusam? Por que se iludem com esse falso patriotismo sabendo que ela é feita por interesses de um conluio industrial-militar acenando com ameaças terríveis, mas mentirosas, do inimigo? Curiosamente quem tinha a visão mais equilibrada sobre o absurdo da guerra do Vietnã eram os hippies, “puxadores de fumo” rejeitados pela sociedade e pelo stablishment da época. Pouca gente faz um raciocínio objetivo sobre quem produz, com que falsos argumentos, e a quem interessa a guerra, e por que.
Eu me lembro quando servi ao Exército ficava incomodado com a letra das músicas militares, usadas para seduzir as emoções jovens dos recrutas. O hino da Infantaria dizia na terceira estrofe:
“És a nobre Infantaria,
Das armas a rainha,
Por ti daria
A vida minha,
E a glória prometida,
Nos campos de batalha,
Está contigo,
Ante o inimigo,
Pelo fogo da metralha!”

Brincadeira hein cumpadre. Ninguém se toca de que a glória prometida ao ser humano não é "o fogo da metralha”, é o Despertar, e “o inimigo” é o meu semelhante. O verdadeiro inimigo é quem produziu a guerra. E ele ainda é meu conterrâneo, provavelmente um político, intelectual, empresário, banqueiro, ou “líder espiritual”
Na passagem abaixo Gurdjieff fala em 
Leningrado (hoje São Petersburgo) para pra seu grupo de discípulos:
Pergunta: “- Pode se deter as guerras?
- Sim, é possível.
- Entretanto, devido às nossas conversas anteriores, eu estava certo que responderia “Não, é impossível”.
- Mas tudo está na pergunta: Como? – continuou. Tem que saber muito para compreender isso. O que é uma guerra? A guerra é um resultado de influências planetárias. Em alguma parte lá em cima, dois ou três planetas se aproximam demais e resulta uma tensão.
- Notou como você se tensiona quando um homem esbarra em você numa rua escura? Entre os planetas se produz a mesma tensão. Para eles talvez não dure um ou mais segundos. Mas aqui sobre a terra, as pessoas começam a se matar e continuam a matança durante anos. Durante todo esse tempo parece a eles que se odeiam uns aos outros, ou que é o seu dever se destroçarem por algum propósito sublime, ou devem defender algo ou alguém, e que é muito nobre fazer isso, ou algo assim.
São incapazes de se dar conta de até que ponto são simples peões de um tabuleiro de xadrez. Se atribuem importância, se acreditam livres de ir e vir a seu critério, pensam que podem decidir o fazer isso ou aquilo, mas em realidade todos os seus movimentos, todas as suas ações são resultados de influências planetárias. Por si mesmos não tem nenhuma influência. Quem tem o papel importante é a Lua. Mas falaremos disso mais tarde.”
Essa influência planetária parece ser só o “gatilho” imediato da guerra. O pano de fundo que está por trás e que fornece combustível para a fogueira é a Lei do Karma, magistralmente explicada pelo Budismo. Sem essa bagagem pesada das ações passadas e do lado sombrio de cada ser vivo, de cada família, país, raça e a própria humanidade como um todo no tempo, nada aconteceria com o gatilho planetário. Só um mal estar passageiro, não uma guerra.
Durante milhares de gerações as duas atitudes do ser humano  de “defesa do indefensável” aqui apresentadas são um reflexo de uma outra situação citada na maioria das tradições autênticas, uma paisagem que permeia a nossa vida neste planeta: é o fato de que “estamos adormecidos”. Mas isso não é o pior. O trágico é que nas profundezas do nosso sono pensamos que estamos acordados, atuando, despertos e no mínimo inteligentes e sagazes. Um espanto!