domingo, 6 de outubro de 2013

Vipassana

Kiran Bedi
Quem leu a postagem  Ho´oponopono do escritor Joe Vitale, viu a experiência famosa de como um médico havaiano da tradição Kahuna conseguiu curar um presídio inteiro de criminosos perigosos no Havaí através de um processo xamânico de cura ligado ao perdão.
Hoje vamos mostrar um processo com resultados semelhantes aplicado em um presídio da Índia mas proveniente de uma outra tradição oriental, o budismo. É chamado Vipassana e trata-se de uma meditação que orienta os presidiários, em grandes grupos, a ficarem de frente, na meditação, com seus demônios durante 10 dias inicialmente. Depois disso a prática torna-se regular. O resultado foi tão efetivo que é aplicado hoje em dia em muitos presídios e está revolucionando o sistema prisional indiano habitualmente agressivo, cruel e corrupto tanto ou mais que os outros países do mundo.
Vipassana, que significa “ver as coisas como realmente são”, é uma das mais antigas técnicas de meditação da Índia. Foi redescoberta por Gautama Buda há mais de 2500 anos e ensinada por ele como um remédio universal para males universais, uma “Arte de Viver”.
Essa técnica visa a total erradicação das impurezas mentais e a resultante suprema felicidade da liberação completa. A cura, não a mera cura de doenças, mas a cura essencial do sofrimento humano, é o seu propósito.
Vipassana é um caminho de auto-transformação que utiliza a auto-observação. Foca a profunda interconexão entre mente e corpo, que pode ser experimentada diretamente pela atenção disciplinada às sensações físicas, que, por sua vez, constituem a vida do corpo e continuamente se interconectam e permitem a vida da mente. É essa jornada de autoconhecimento baseada na observação — que objetiva a raiz comum da mente e do corpo — a responsável pela dissolução das impurezas mentais, resultando numa mente em equilíbrio, cheia de amor e compaixão.
As leis científicas que regulam os pensamentos, sentimentos, julgamentos e sensações se tornam claras. Pela experiência direta, compreende-se a natureza de como se progride ou regride, como se produz ou se liberta do sofrimento. A vida começa a se caracterizar por consciência, libertação de ilusões, autocontrole e paz cada vez maiores.
É o mais ambicioso projeto na historia do sistema carcerário indiano. Isso pode modificar todo sistema prisional do planeta. É a primeira oportunidade onde Vipassana é usado no sistema penitenciário e mostrou grande resultado. O curso leva 10 dias. 10 dias é o básico, é a mínima quantidade de tempo necessário para obter a faísca que irá acender a vela, e algumas vezes aquela faísca não acende; necessita mais algumas vezes e aos poucos aparece uma pequena chama que acaba se expandindo. Os detentos se modificaram visivelmente. Há um reconhecimento de porque estão ali na prisão, porque eles mesmos causaram isso a si mesmos. Os sentimentos de raiva, de vingança, diminuem aos poucos até desaparecerem. Toda mudança leva tempo. Podem ser chamados de monges em vez de prisioneiros,  que eram. Não é fácil. As regras do Vipassana são mais rígidas que as regras da prisão. Inicialmente os presos não estão receptivos para esse curso Mas agora o governo central encoraja a prática do Vipassana em todas as penitenciarias na índia. As pessoas que estão sendo libertadas não mais voltam, porque não está havendo retrocesso. A técnica é eficiente, e será eficiente em qualquer lugar do mundo. Nos presídios no ocidente e no oriente, os seres humanos são iguais. As tradições, as culturas são diferentes mas o ser humano não é diferente. Suas atitudes são as mesmas.
O projeto Vipassana continua se expandindo nos presídios de toda índia. Agora são mantidos cursos nas penitenciárias em Taiwan e nos Estados Unidos com resultados impressionantes 
A iniciadora do processo foi uma mulher indiana, Kiran Bedi, ativista social, ex-tenista e ex-policial, e administradora de um presídio. Frente à dificuldade de resolver os problemas, ela não teve medo de aplicar uma mescla de criatividade, bom senso  e tradição a esse dilema mundial que é a aplicação de penas aos criminosos com vistas à recuperação para que não continuem a delinqüir seja na prisão ou quando voltarem à liberdade após o cumprimento das penas. Esse “não delinqüir” está ligado não só à segurança da sociedade que se quer proteger, mas principalmente à recuperação individual de cada um destes seres para interromper o karma inevitável gerado por suas ações no Samsara, esse difícil mundo de sofrimento contínuo e circular em que todos vivemos. Essa é a vantagem de se nascer em um país de tradição milenar como a Índia, apesar dos contrastes.
Optamos por pouco texto e mais imagem na publicação. É a imagem de um filme fascinante, instrutivo e cheio de compaixão como vocês poderão ver. Vamos lá:

Recomendamos  aos interessados a consulta do termo Vipassana no Google ou outro mecanismo de pesquisa.

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