domingo, 12 de junho de 2011

A Lei de Três

Nasci numa família cristã, fui coroinha na Missa de domingo (uma gracinha), e desde pequeno ouvi falar na Santíssima Trindade, um só Deus formado de 3 entidades (Pai, Filho, Espírito Santo). Seria a mesma coisa, só trocando os nomes, se eu fosse hindu, na Índia onde a Trimurth é composta de Brahma, Vishnu e Shiva, ou se fosse um asteca, um maia, ou tivesse nascido na Grécia, Roma, Egito Antigo, Mesopotâmia, etc.
Para simplificar: 

 Tradição
Trindades
Cristã
Pai
Filho
Esp. Santo
Judaica
Ain
Ain Soph
Ain Soph Aur
Egípcia
Osiris
Hórus
Isis
Suméria
Nimrod
Tammuz
Semirades
Hinduista
Brahma
Vishnu
Shiva
Zoroastra
Ahura-Mazda
Mithra
Vohu Mano
Grega
Zeus
Athena
Hera
Romana
Júpiter
Minerva
Juno
Nórdica
Odin
Thor
Frigga
Tupi-Guarani
Guaraci
Rudá
Jací
Asteca
Ometeotl
Quetzacoatl
Ehecatl
Maia
Hunab-ku
Kukulkan
Chiknawí

E por que as religiões autênticas são assim parecidas? Coincidência?
Na verdade, primeiro as tradições e depois as religiões, falam de uma Lei Fundamental que cria tudo, todos os fenômenos desde o nível das menores partículas até os Universos: um pensamento, um som, uma religião, um ser vivo, um vírus, um gesto. É a "Lei de Três", a lei dos três Princípios, Três Forças, Três Inteligências.
As tradições dizem que o Um, o Absoluto, no seu interior é também Três. O Absoluto é o criador da Trindade a cada vez que cria. E a Trindade vai criando as outras trindades, outros mundos ladeira abaixo. Mesmo o Taoismo quando fala só de Ying e Yang, parte do princípio de que a harmonização das duas forças é a terceira força, formando aquele conhecido símbolo que é mostrado em Dois Hemisférios Duas Mentes.
A doutrina das três forças é a raiz de todos os sistemas antigos de conhecimento. A primeira é a ativa, a segunda a passiva e a terceira a neutralizante (eu prefiro harmonizante). Mas isso são só nomes. As três são ativas e só quando entram em contato entre si, se diferenciam.
As duas primeiras são fáceis de entender, mas a terceira é difícil, não aparece, é de outro plano, não compreendido pela nossa limitação de espaço-tempo. Para compreender, precisamos de uma outra dimensão na nossa atividade psicológica ordinária.
O pensamento científico contemporâneo até reconhece a existência das duas forças, e a necessidade delas para poder produzir um fenômeno qualquer: força e resistência, magnetismo positivo e negativo, eletricidade positiva e negativa, células masculinas e femininas, e assim por diante, mas não reconhece sempre e em toda parte. E não consegue nunca reconhecer a terceira, que harmonizando e juntando as duas, é a verdadeira criadora imediata do fenômeno.  Qualquer fenômeno. Não há criação sem 3 forças. O átomo com próton e elétron, mas sem o neutron, não existiria.
O conhecimento dito científico afirma que “qualquer ação provoca uma reação igual e contrária”, mas isso só conduz ao empate, e não explica a coisa. O que desempata, harmoniza, e cria o fenômeno é a terceira força.
 O princípio geral é: todos os fenômenos, independentemente de sua magnitude, são necessariamente uma manifestação das três forças. Uma ou duas forças não podem produzir um fenômeno, e se observarmos uma parada que seja, ou uma vacilação interminável no mesmo lugar, podemos dizer que este lugar não tem a terceira força. Nenhum fenômeno é criado. Uma paradeira...
No mundo dos fenômenos observado subjetivamente, não vemos os fenômenos em si, mas a manifestação de uma ou duas das forças. Se víssemos a manifestação das três forças em cada ação de criação, então veríamos o mundo como ele é.  A terceira força é uma propriedade do mundo real, que não está disponível ao comum dos mortais. Castaneda diria que se víssemos o mundo real,  então “veríamos como flui a energia no Universo”. Seríamos “videntes”.
Um exemplo:
Para se gerar um ser humano é preciso um espermatozóide, um óvulo,  e...o “Princípio da Vida” por trás, vindo de não-sei-onde. Deu pra sentir a dificuldade de entender a terceira força? Tente visualizar o que é o Princípio da Vida...é difícil. Ele é de outro plano. Só pode ser intuido, pelo buscador. Aliás é simpático o fato de que qualquer coisa criada numa dimensão tem algo de uma dimensão mais fina e invisível àquele dado plano das duas forças. Dá uma idéia de corrente, de conexão, de busca interior, nos ligando ao Mais Alto...
No estudo de Si Mesmo, o estudo das manifestações do seu pensamento, da consciência, suas atividades, hábitos, desejos, etc, pode-se aprender a observar e ver em si mesmo a ação das três forças. O que acontece com o Universo, acontece dentro de nós. As leis são as mesmas agindo.Vejamos:
Uma pessoa  quer  fazer um regime, uma criação para melhorar a sua saúde ou por vaidade, o que for. Seu desejo, sua iniciativa, é a força ativa, ou positiva. Os maus hábitos alimentares, ou a gula, ou a inércia da vida psicológica habitual, que se opõe a esta iniciativa será a força passiva ou negativa. As duas forças ou se compensarão ou superarão completamente uma à outra, mas ao mesmo tempo ficarão com pouca energia para qualquer ação futura. Sem a terceira, elas vão ficar girando uma em volta da outra, vão se anular,  e não vão produzir nenhum resultado. Isso pode durar uma vida toda. A terceira força poderá ser a força de vontade, mesmo que motivada pela necessidade de caber no vestido que vai usar na festa, ou mais conscientemente pela compreensão dos danos à saúde causados pela má alimentação.
Há muitos exemplos da ação das três forças e dos momentos em que entra a terceira força no jogo,  em cada aspecto de nossa vida. Isso ocorre todo o tempo na vida humana. Se você tentou criar algo, uma família, um empreendimento, um projeto, uma agenda, um fato, já conhece esse filme...
E, para complicar, um fenômeno que parece simples pode realmente ser complicado, ou seja, ser uma combinação complexa de várias trindades de forças, e não uma só.
A gente então pergunta: “Como é o processo pelo qual essas trindades de forças criam os mundos e particularmente o nosso mundo?”
As três forças do Absoluto, constituindo um todo, separadas e unidas por sua própria vontade e por sua própria escolha, criam em seus locais de ligação, fenômenos,"mundos", Universos. Esses mundos criados pela vontade do Absoluto, dependem inteiramente  dessa vontade em tudo o que diz respeito à sua própria existência. Em cada um deles atuam as três forças.
No entanto, já que agora o primeiro desses mundos criados não é mais um todo, mas apenas uma de suas peças, as três forças deixam de formar um conjunto único. Existem então nesse mundo três vontades, três consciências, três unidades. São três leis que submetem cada “ser” que viva nesse primeiro mundo, logo após o Absoluto.
As três forças juntas formam uma trindade que produz novos fenômenos, novos mundos. Mas essa trindade é diferente, não é exatamente aquela que estava no Absoluto, onde todas as três forças, ao constituir um todo indivisível, possuíam uma única vontade e uma só consciência. Nos mundos de “segunda ordem” criados pelo Absoluto, as três forças estão agora divididas e seus locais de união são de natureza diferente.
No Absoluto, o momento e o ponto de sua união são determinadas pela vontade única dele. Nos mundos de segunda ordem, onde não há uma única vontade, mas três consciências e portanto três vontades, os pontos de manifestação são determinados por uma vontade individual, independente das outras e, portanto, o ponto de encontro das forças  já se torna algo acidental, com um componente mecânico, circunstancial.
A vontade do Absoluto cria “mundos de segunda ordem" , mas neles não governa seu trabalho criador, onde já aparece então agindo um elemento de mecanicidade. O Absoluto age como um presidente de uma grande empresa (bota grande nisso...), que dá a diretriz geral da corporação, mas deixa a  diretoria com uma certa  autonomia de tocar criativamente a sua área. Aí começa a diversidade, a mecanicidade, a possibilidade do conflito...
As escrituras cristãs dizem que no sétimo dia Ele descansou, mas não foi só no sétimo, não. Ele está descansando desde então, só observando a coisa toda. As leis controlam o empreendimento todo. É o chamado descanso ativo. E criativo.
Em cada um desses mundos de segunda ordem, as três forças divididas criam, ao encontrar-se, novos mundos de uma terceira ordem. Nesses, além das 3 primeiras forças anteriores, há mais 3 desse próprio mundo. E vai assim até formar  7 níveis de mundos, cada um com 3 forças  a mais que o anterior, ou seja,  mais “leis” regendo a sua manifestação. Quanto mais longe do Absoluto nos novos níveis de mundos criados, mais mecanicidade nas próximas criações, mais leis, mais “piloto automático”, menos “consciência”, mais caminho e esforço para cada viajante fazer o caminho de volta.
Lembrei-me agora de Nietzsche, que laconicamente, disse “Nas profundezas, tudo é lei”. Estava certo o bigodudo.
A gente pergunta: “E como fazer para conseguir criar algo com sucesso neste mundo, identificando o funcionamento da Lei de Três à sua volta?”
Não tem receita fixa, mas tem algo que ajuda:
•    identificar as duas forças ligadas ao que vai ser criado.
•    tomar consciência do impasse, do empate das duas forças no tempo
•    identificar a terceira força, de um nível mais sutil, que pode harmonizar as duas
•    buscar energia interior (intento) para aplicá-la
•    buscar persistência disciplinada na ação para conseguir o objetivo.
Isso é observação pura, disciplinada e constante do Si Mesmo no mundo em torno. É um exercício para se tornar um Criador. Nós não fomos feitos à semelhança d'Ele? Vamos aproveitar, ora essa...
Um caderninho para registro de anotações ajuda, mas comece logo, porque em breve vamos falar dos 7 níveis da Criação que decorrem da Lei de Três: o chamado Raio da Criação. Se você bobear vai embolar a lição de casa. (rsrs)

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