domingo, 31 de julho de 2011

Você, Seus Pais, e o Nó

No desenho da carta astrológica de cada um, na sua cruz pessoal (casas 1, 4, 7, e 10) tem 3 pontos tensos que se opõem ao seu ascendente (o seu eu social): são as 3 casas que correspondem ao seu pai, mãe, e seu parceiro (a) no casamento.
Quem conhece astrologia sabe que essas "casas cruciais" são as casas 4 e 10 para a mãe e o pai, e a casa 7 para o parceiro (a) do casamento. Não tem exceção, seja você um buscador ou não. Se você nasceu, as 3 casas estão lá...os três nós para serem desatados. Uns mais fáceis, outros mais difíceis. Aliás, como já dissemos em O Ser e o Caminho de Volta,  foi você mesmo que escolheu.
Você pergunta: “e se eles já morreram?”. 

O nó continua, só não aumenta o aperto. Mas não se preocupe, você pode mesmo assim desatá-lo. É só fazer uma prática de dirigir sua atenção à figura de cada um deles, na sua meditação, na busca interior, e colocar um intento de dissolver a situação, a tristeza, amargura, mágoas, culpas, o que for...isso será bom para você e para eles, onde eles estiverem.
Às vezes o seu problema com os pais é puramente seu, como por exemplo, você não fica à vontade na relação com eles porque o seu orgulho formatou desde cedo uma auto importância sua, só para agradá-los, mostrando que “você é um bom menino, ou menina”,  e pronto, agora você está na prisão do ego, de ter que representar sempre. A máscara da persona ficou grudada ao rosto, como dizia Fernando Pessoa...
Mas vamos ver o que o iluminado Eckhart Tolle nos diz sobre a relação com os pais (que aliás funciona também com os nossos filhos):


PERGUNTA: minha questão é relacionada aos pais... praticando a presença eu senti amor por eles, depois de muitos anos não sentindo amor, e me sentindo culpada por isso, mas eu ainda tenho grandes problemas em encontrá-los, quero dizer, estar no mesmo lugar e espaço (risos). Mesmo que eu tente estar consciente da minha respiração e do meu interior, depois de um tempo eu sinto fortíssimos ataques de dores no corpo, e isso é disparado por algo que eles dizem, ou... eu não consigo nem explicar isso... as vezes eu me saio bem no encontro, mas minha mãe sai da sala e eu fico destruída, eu não sei o que é isso...

 
ECKHART: Sim.. o drama dos pais pode ser difícil eu sei... (risos) meus pais também... (risos), então.. no vínculo, já há uma aceitação no nível mental... aceitação de quem eles são, aceitação de suas limitações, da maneira como se comportam... é que o “corpo de sofrimento” ainda está aí dentro de você, claro, e o ‘corpo de sofrimento’ reage também, pode ser que no nível mental a aceitação ainda não esteja completa. 

Veja que eles agem da maneira como agem, falam da maneira como falam não pelo que eles são, mas devido a seus condicionamentos, ou seja são seus condicionamentos mentais e emocionais falando através deles, eles não conseguem se salvar disso... quando não há presença suficiente qualquer um  é controlado por sua condição mental e emocional, eles não conseguem... estão na aflição dessa doença que é a identificação com condicionamentos inconscientes.
Eu não sou o único a chamar isso de doença, até os antigos ensinamentos Zen as vezes chamavam isso de "doença da mente" e alguns mestres Zen dizem que estão aí para curar esses estados doentios da mente, então isso diz respeito à cura da doença da mente.
Você precisa saber constantemente no nível mental, que o que você observa não é o que eles são, mas você está observando uma forma de condicionamento mental,  por trás disso há o Ser. Talvez às vezes você tenha pequenos insights
Minha mãe também era muito identificada com a mente. Ocasionalmente eu a olhava nos olhos e de repente havia uma luz brilhando ali, e ela parava de falar por um breve período (risos), ou em outras palavras, a mente dava uma respirada depois de falar sem parar por dez minutos e então por um momento havia esse Ser brilhando através dela. Há uma ou duas fotos com o Ser brilhando através dela  então após isso fica tudo obscuro  e novamente aparecem as desconfianças as reclamações, as acusações e todas as coisas associadas ao pensamento inconsciente.
Então no nível mental você precisa saber “ser presente o suficiente” para não esquecer que o que você está observando não é o que eles são,  mas está observando o passado neles, os condicionamentos, então aparecem as emoções que você sente, porque esse é o seu passado, o passado vivo em você, a sua infância, tudo o que eles fizeram ou deixaram de fazer, eles não podiam fazer nada,  não havia presença suficiente para mudar isso. 
Então há algo para você aceitar... e quando você os aceita, você aceita o que você sente naquele momento, talvez você não possa nomear, nós não sabemos, é tristeza, raiva, é pesado... ou um mix de tudo isso... um sentimento de querer sair correndo, uma contração, está tudo aí. Você não precisa nem mesmo analisar, você só precisa sentir todo o campo de energia disso, e não é prazeroso... é o passado em você. Você observa o passado atuando neles, e experimenta o passado em você. Então o que você faz com os dois passados? o passado deles e o seu passado?
Somente a Presença pode dissolver o passado, então você precisa acessar o poder da Presença em você, e como você faz isso? Uma maneira rápida em uma situação como essa é a aceitação do que quer que apareça externa ou internamente nesse momento. Você aceita. o que você sente, o que eles fazem ou dizem, é a aceitação interna e externa porque já está acontecendo, você tem que aceitar ou então você sofre. Se você não aceita, você sofre mais. Se você não quiser sentir isso haverá mais sofrimento porque você estará resistindo. 
Aceitação faz algo que eu poderia descrever assim: aqui está seu campo emocional, que não se sente bem... e a aceitação não necessita nem de palavras, você somente observa o que acontece, esteja com isso... E nesse momento um pequeno espaço se abre ao redor de seu campo emocional, um pequeno espaço que vem da sua aceitação. A aceitação lhe dá espaço, e isso já é um pedacinho de liberdade. Você está criando um pequeno espaço dentro de você quando diz: “sim, é isso que acontece”, e a beleza disso é que você dá espaço a eles para externamente serem. Você se dá espaço internamente, e então você nota que realmente se sente um pouco melhor do que antes porque há espaço ao redor da emoção e conforme você aumenta o grau de aceitação, o espaço cresce um pouco mais em torno disso. 
Então você se depara com um fenômeno estranho, uma emoção não prazerosa existindo nesse campo espaçoso ao seu redor, e você descobre que você é esse campo, e você pode permitir as emoções permanecerem nesse campo, pode permitir seus pais estarem ali e falar ou fazer o que quiserem
Eles estão repetindo o passado. O espaço vem..então a aceitação abre espaço, e espaço é a transcendência do condicionamento, é a transcendência do passado, a transcendência da personalidade, da persona,  é liberdade... essa é a prática, e a melhor maneira de praticar isso é com seus pais
Há muitos outras situações onde você pode praticar, mas o grau máximo de mestria você atingirá quando conseguir praticar com seus pais. É a graduação, é o Phd em Presença (risos)
Não vá muito fundo nisso a ponto de, de repente, dizer
“ok, vou passar uma semana com meus pais...”, não isso é demais (risos). Comece com doses homeopáticas, como aparecer para um café, isso é o que eles gostam de fazer, pelo menos minha mãe gostava. Vá para um café, e se coloque em frente a eles, não sei como na pratica isso poderia ser, e se dê uma hora de prática. Uma hora. Esteja presente por uma hora (risos), e essa é sua prática espiritual, como você deve ter lido no livro. Se você acha que isso vai  iluminar você, passe duas semanas com seus pais, duas semanas, o teste final...
Então, boa prática (risos)
Namastê
Obrigado

8 comentários:

  1. Não é de se admirar mesmo que haja esses nós. Segundo Don Juan os pais dão um fio de seu espírito para o filho/a. Os pais quando se aperreiam com os filhos é porque estão cuidando de seu próprio fio que os deixa incompletos. Conseguir essa façanha de desatar os nós deve ser mesmo uma mão na roda.
    Luara

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  2. nossa

    essa foi paulada
    tenho serios problemas com aceitação...por isso vivo indo em lugares q tem muita agua e medito pra ver se isso de certa forma, facilita a fluides, kkkk

    bjos
    Ale

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  3. Oi Ale
    A receita sstá aí: Presença (rsrs)
    Forte abraço

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  4. Olá Arnaldo Preto, como entro em contato via e-mail?

    Obrigado.

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  5. Mande por favor o seu email no comentário, e eu entro em contato, pois não quero liberar no blog.
    Forte abraço

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  6. ah ok, agradeço!

    josueamarilia@hotmail.com

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  7. Nossa, muito bom!
    Este texto foi um lindo presente!

    bjs

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  8. Se me hizo de gran utilidad el texto.

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