domingo, 26 de maio de 2013

Biografias "Malditas" - Paracelso

Este artigo tem  como objetivo, em primeiro lugar, apresentar o perfil psicológico de Paracelso; em segundo lugar, sua contribuição, como médico, para um tipo de medicina à qual ele deu o nome de Medicina Espagírica. O significado pode ser uma medicina que tinha sua fundamentação na Alquimia, pois Espagírica significa um processo de separação: do grego "espao" e de reunir ou integração, do grego, "ageiros", que está relacionado com o termo latino de "coagula et solve". Eles têm o mesmo significado como processo alquímico.
A separação e a integração são processos que se sucedem tanto para ocasionar o isolamento do que Paracelso chamou de essência, que seria o elemento ativo do remédio e assim, conseguir esse elemento ativo na sua maior pureza possível para que também desse modo pudesse ter o maior efeito com o medicamento.
No que se refere à contribuição que Paracelso fez para a Medicina Psicossomática, é evidente que não se trata de uma Medicina Psicossomática tal como a entendemos hoje, na qual o homem é visto como um ser que tem várias dimensões e que essas dimensões não podem ser separadas umas das outras, pois constituem uma estrutura psico-bio-social sempre como uma estrutura integral, total ou, como se costuma chamar mais recentemente, como um processo holístico; como um sistema no qual todas as partes se relacionam e formam uma totalidade que, por sua vez, tem um efeito sobre essas partes.

Paracelso, o homem
Paracelso, cujo nome de batismo foi Theófhilo Bombastus Von Hoheinheim, nasceu em 1493 numa pequena cidade da Suíça, perto de Zurik. Colombo tinha chegado à América em 1492, por isso a infância, a adolescência e a idade adulta de Paracelso estiveram marcadas pelas conseqüências do descobrimento da América que permitiu comprovar na prática a teoria de que a Terra é uma esfera.
Ao mesmo tempo em que se comprovava essa teoria, também se começava a duvidar de conceitos teóricos também antigos que principalmente, dentro da medicina, tinham levado a área médica ao descrédito. Paracelso, que seguia a vertente hipocrática em que se afirma que o semelhante cura o semelhante, se dedica à arte médica espagírica em que, através de processos químicos, ele vai isolando e conseguindo que os princípios ativos de remédios fiquem praticamente puros para que, assim, possam exercer toda a sua ação curativa.
Paracelso viveu relativamente pouco. Aos 27 anos já foi nomeado professor na Faculdade de Medicina de Basiléia. Paracelso, como pessoa, é um iconoclasta, rebelde e criativo. A sua posição contra a medicina de Galeno de Abcena suscitou contra ele uma grande animosidade que determinou sua expulsão de Basiléia.
Isto o levou praticamente a viver como fugitivo durante alguns anos. Paracelso era um homem sumamente orgulhoso, altivo e de uma grande auto-suficiência. Tinha consciência do seu profundo saber em relação à medicina e também do seu profundo conhecimento da alquimia; por isso assumia atitudes que, para essa época, eram totalmente novas, inovadoras e, por isso, perturbava as expectativas das pessoas que o conheciam e, principalmente, dos seus alunos da Universidade.
Nunca foi dar aulas com a vestimenta característica dos doutores da universidade. Ia com roupas comuns muitas vezes manchadas pelas substâncias que utilizava nas suas experiências químicas. Não usava o latim para dar aulas; dava as aulas em alemão, misturado, muitas vezes, com expressões latinas. Seus discípulos na Universidade consideravam isso totalmente fora do padrão que esperavam de um doutor de Medicina. Essa atitude inconformista de Paracelso o levou ao radicalismo de queimar numa fogueira de S. João, de forma simbólica, os livros de Galeno de Abcena. Isto na presença de alunos da Medicina, que estavam em volta da fogueira comemorando a data.
Esta atitude naturalmente aumentou a apreensão e o receio que os alunos de Medicina tinham do Prof. Paracelso.
Diríamos que Paracelso, como pessoa, era um bom representante, um chamado tipo "uraniano", ou seja, uma pessoa excêntrica com relâmpagos de intuição e genialidade que desafia as convenções pelo excessivo sentimento de auto-suficiência.

Paracelso e a Medicina Espagírica
Paracelso fundamentou sua medicina sob 4 bases: a Filosofia, a Astrologia, a Alquimia, à qual ele deu o nome de Espagírica, e a virtude. Paracelso aprendeu a Medicina com seu pai que também era médico; estudou profundamente a cabala hebraica e aprofundou seus conhecimentos de química, trabalhando alguns anos numa mina. Como cirurgião militar, participou das guerras na Itália e nos países baixos.
Na sua atividade médica foi logo ficando famoso por realizar curas extraordinárias, como por exemplo, salvou a perna de Frobenius da amputação pelos médicos que tratavam dele e que já tinham decidido a retirada do órgão.
Pelo fato de Paracelso viver apenas 48 anos, a maior parte de seus livros foram publicados após sua morte. A divulgação dos livros determinou o aparecimento de muitos seguidores de sua arte médica, que se autodenominaram Paracelsianos e, assim, deram continuidade à Medicina Espagírica.
Como bom alquimista, Paracelso escrevia seus livros com o propósito de confundir aqueles que não estavam já iniciados com a terminologia de sua arte médica. Isto chegou a tal ponto que houve necessidade de publicar dois dicionários para esclarecer os significados dos termos usados por Paracelso.
Paracelso considerava que o homem é um pequeno mundo e tem seu céu, sua água, seu ar e sua terra, e é o equilíbrio entre esses elementos que formam o homem que determina a saúde e, por conseguinte, o desequilíbrio leva à doença. Esse mundo humano microcósmico está em relação com o macrocosmos, e essa relação entre o micro e o macrocosmos é sustentada por uma ënergia à qual ele dá o nome enigmático de "m". Essa letra "m", em hebraico "mem", deve ter sido utilizada por Paracelso por ser a letra inicial de Mercúrio e Magnéticos.
Esse mercúrio, princípio energia universal, se aprisionado pelo alquimista lhe permitiria ser o dono da transmutação. Esse "mem" encerra um grande segredo. Segundo Paracelso: "sabeis que existe ainda uma grande coisa que sustenta o corpo e o conserva em vida. Por "mem" vive o firmamento. Sem ele o firmamento pereceria. Chamamos "m" porque nada no universo foi constituído acima desta coisa. Nada é mais digno da compreensão humana que esse princípio "mem". Este "m" conserva todas as criaturas. Na Terra, todos os seres vivem nessa coisa e dela."

A etiologia das doenças segundo Paracelso
De acordo com Paracelso, são cinco entidades mórbidas das quais, pelo menos uma, é causa das doenças: causa astral, causa venenosa, natural, causa espiritual e causa divina.
Cada uma delas pode produzir qualquer doença. Por exemplo, as cinco icterícias serão tratadas com cinco modos diferentes de tratamento.
A causa astral, segundo Paracelso, é diferente da crença mantida na Idade Média, quando se considerava que os sete astros da Antigüidade constituíam diferentes causas mórbidas. Segundo Paracelso, a ação dos astros sobre o corpo humano não é direta; é uma ação indireta, pois no corpo humano temos sete órgãos que correspondem aos sete planetas. A ação maléfica do planeta vai primeiro num órgão correspondente para depois aparecer como doença.
O princípio "m" estaria entre as astros e os órgãos correspondentes.
A segunda causa, a venenosa, provém da alimentação: todo alimento, mesmo sendo benéfico, contém veneno para quem o utiliza.
Paracelso postula "um alquimista interior" que começaria sua ação no estômago para "solver e coagular" os alimentos, separando os venenos dos nutrientes.
Paracelso afirma: "Nosso corpo foi nos dado livre de venenos; uma coisa que não é veneno torna-se veneno para nós. Temos no corpo um alquimista interior colocado por Deus. Assim, separamos o veneno do alimento salutar, para que não soframos. Em todas as coisas, sejam elas quais forem sempre existe simultaneamente a essência e o veneno. A essência é o que sustenta o homem. O veneno, pelo contrário, o que derruba pelas doenças. Se o alquimista interior é fraco ou está debilitado, não consegue fazer a separação entre o veneno e o alimento salutar, aparece, então a putrefação, que é sinal da doença.
A terceira entidade mórbida causadora das doenças é a causa natural que é tudo que afeta ou desarranja o curso natural dos astros corporais. A correspondência entre os sete planetas e os sete órgãos do corpo é: a Lua corresponde ao cérebro, o Sol ao coração; Mercúrio aos pulmões; Marte, estômago; Júpiter, fígado; Vênus, rins; Saturno, baço.
Os astros no microcosmos se conduzem em relação uns com os outros, tal qual o macrocosmos. Da mesma forma que a lua reflete a luz do Sol, o cérebro, centro intelectual, reflete a luz do coração, centro emotivo.
Nesta afirmação de Paracelso, pode-se perceber o embrião de uma abordagem sistêmica, ou seja, de uma "rede de relações".
Os órgãos correspondentes aos planetas interagem entre si assim como fazem também os próprios planetas.
Enquadra-se a que Paracelso dentro da Medicina Psicossomática quando coloca a inter-relação entre o físico e o emocional, entre o intelectual e o emocional.
Cada órgão tem seu destino bem estabelecido, a sua evolução própria. Se um órgão se extravia e penetra na função de outro, determina o aparecimento de doenças. Inversamente, o Sol é o coração do macrocosmos, a Lua seu cérebro e existe na Terra minerais correspondentes aos sete órgãos planetários. Ouro, Sol, coração; prata, Lua, cérebro; Mercúrio, pulmões, mercúrio; Júpiter, estanho, fígado; Vênus, rins, cobre; Marte, estômago, ferro; Saturno, baço, chumbo. O que provém do coração do macrocosmos reconforta o coração do homem tal como acontece com o ouro.

A causa espiritual
A causa espiritual é uma potência vinda do espírito que atinge todo o físico. Quando o espírito sofre, o corpo sofre também. Este conceito de Paracelso está em conformidade com o princípio da Medicina Psicossomática atual.
O espírito, para Paracelso, não é nem a alma nem a inteligência, mas o homem invisível que encerra a aparência humana visível.
Diríamos hoje: é um corpo eletromagnético que age sobre o corpo físico.
Os espíritos comunicam-se entre si através dos próprios corpos e podem infligir-se mutuamente grandes danos capazes de torná-los doentes. Os enfeitiçamentos mostram essa possibilidade de ação sobre o espírito.
Paracelso explica a possibilidade da feitiçaria pela comunicação entre corpos eletromagnéticos. No caso da feitiçaria, estaria se recebendo ou lançando sobre outros corpos eletromagnéticos vibrações extremamente negativas.

Causa divina
A quinta causa das doenças vem de Deus. Tem o caráter de castigo. Nessa categoria, "toda doença é um purgatório", o que foi retomado por homeopatas no século XIX, que afirmam que a doença vem do pecado original. Quando a causa da doença vem de Deus, a doença só é curada quando a prova prescrita por Deus fica terminada.
Para denominar os três modos diferentes de ação na natureza, o modo cardinal é chamado enxofre; o modo fixo, sal e o modo mutável, mercúrio, que é um metal líquido que altera com muita facilidade a sua forma. O sal, para Paracelso, é o princípio mantenedor das formas no Universo. O enxofre é o princípio veiculador do movimento, do calor e a base do movimento.
O mercúrio é o princípio aumentativo, modificador, ligado, portanto, ao mutável. Paracelso afirma "é necessário administrar mercúrio às doenças que provém de mercúrio; sal às doenças que provém do sal e enxofre às doenças provenientes do enxofre, quer dizer a cada doença o tratamento adequado como convém. É necessário saber qual tipo de enxofre, sal ou mercúrio para tratar determinada doença."
A etiologia das doenças não é única. Pode uma doença provir do sal e do enxofre como também do sal, enxofre e mercúrio. A postulação de Paracelso que o igual cura o igual antecipa o princípio homeopático de Hannemann: "o semelhante cura o semelhante". O postulado de Paracelso deixa claro que além de ter criado a Medicina Espagírica, lançou também os fundamentos da Medicina Homeopática.
Além das cinco causas das doenças e das três modalidades de ação, Paracelso afirma que existe uma medicina masculina e outra medicina feminina, que o funcionamento do corpo masculino é muito diferente do feminino.
"As doenças das mulheres lhes são próprias. Todas as doenças da mulher são formadas e dadas pela matriz. Enquanto o homem é o microcosmos médio, a mulher é um microcosmos menor encerrado na matriz, refletindo esse microcosmos feminino, o microcosmos médio do homem, que por sua vez, reflete o macrocosmos. A matriz é o ser da mulher e há um cérebro feminino, um coração feminino nada idêntido ao do homem. No entanto, há doenças femininas que provêm do homem, que deverão ser tratadas de forma igual a que são tratadas nos homens. As jovens são herdeiras das doenças do pai."
Paracelso atribui também como causas de doenças a imaginação e a fé, só que rompe com o conceito popular que atribui aos santos o poder de cura.
Ele diz que se uma doença é curada pela fé é porque ela é ocasionada pelo mau uso da fé.
Em relação à cirurgia e ao conhecimento da anatomia humana, Paracelso tem uma conceituação que é extremamente atual. Ele achava que os anatomistas que pretendiam saber a anatomia trabalhando com cadáveres estavam perdendo seu tempo. Eles estavam fazendo uma anatomia da morte e não uma anatomia da vida.
Os cirurgiões que dissecam cadáveres não podem saber como os órgãos funcionam, como também não poderão saber como é o homem vivo. Deve-se observar o homem vivo e conhecer as suas reações, pois a base da ciência médica é a anatomia da vida. Observando-se o corpo humano desta maneira percebe-se que ele contém um bálsamo essencial: a múmia.
O princípio curador do ser humano está na carne, nos ossos, no sangue, ou seja, em todo o organismo. A múmia dos ossos cura os ossos partidos, a múmia da carne cura as chagas. Assim sendo, cada parte do corpo humano contém o princípio de cura. Esse princípio de cura seria um médico natural que existe em todo ser humano, que resolve os transtornos que acontecem no corpo. Por isso, o cirurgião deve se lembrar que não é ele que cura as chagas, é o princípio essencial que realiza a cura.
A múmia é o princípio onipresente da cicatrização e corresponde ao que os antigos chamavam de espírito do sangue.
Pode-se fazer um paralelo entre a múmia de Paracelso com o princípio de vida de Hipócrates e o princípio vital de Hannemann.
De sua experiência como cirurgião e movido também pela necessidade de diminuir o sofrimento dos feridos e baseando-se em seus conhecimentos da alquimia e química, Paracelso chegou a produzir em laboratório o éter sulfúrico e a partir dele foi usado como anestésico.
Também produziu em laboratório o cloreto de etilo com a mesma finalidade anestésica. Na farmacopéia de Paracelso, encontramos ao lado de grandes remédios, como os anestésicos acima mencionados e de remédios para hemorragias, usando compostos de ferro, também meios de cura que hoje em dia seriam considerados mera superstição. Colocava sapos vivos em cima de doenças da pele. Usava também a medicina simpática que consistia em tratar à distância os ferimentos usando um pano que tinha sangue do doente e mergulhava esse pano em uma solução com remédio.
Também preconizou o uso do musgo que crescia em crânios humanos para combater infecções. Com bastante benevolência, podemos entender isso como uma premonição do uso da penicilina. Possuía Paracelso uma farmacopéia secreta dando a esses remédios o nome de "arcana maiora" que, segundo ele, conseguiriam uma cura definitiva de certas doenças. Ao lado desses remédios de grande poder curativo, tinha também remédios que só conseguia deter a evolução das doenças.
Na elaboração dos remédios, Paracelso usava o processo químico de separar e reunir e, através de operações sucessivas, ele chegava a separar o princípio medicamentoso do vegetal.
Conhecia também Paracelso a Teoria das Assinaturas, que permite saber quais são os vegetais que estão em ressonância com determinados planetas do macrocosmos e, assim, poder usar esses vegetais na composição de medicamentos. As assinaturas, portanto, são formas adquiridas por vegetais e animais pela ressonância vibratória com as vibrações planetárias. No que se refere aos minerais, existem correspondências desde a Antigüidade com sete metais, como foi colocado antes. A correspondência planetas-metais foi usada no séc. XX por Rudolf Steiner na sua medicina antroposófica.
Embora Paracelso tivesse características pessoais que dificultavam o seu relacionamento com outras pessoas por causa de sua excentricidade e sarcasmos, conseguiu ter um grande grupo de seguidores na sua vida e, mesmo depois de sua morte, grandes médicos continuaram sua Medicina Espagírica. Podemos citar, entre eles, José Duchen, Robert Fludd e João Batista van Helmotz que nascido em Bruxelas, foi médico, físico, adquirindo um saber enciclopédico.

Bibliografia:
"PARACELSO. Oeuvres médico-chimiques ou paradoxes". Liber Paramirum I-II. Italie. Sebastiani. 1975
Postagem extraida de "Paracelso e sua contribução para a psicossomática" de  Nestor Efraim Rojas Boccalandro, Psicólogo, Psicoterapeuta. Especialista e Doutor em Psicologia Clínica. Doutor Associado da PUC/SP.

domingo, 19 de maio de 2013

Magnetismo e Mudança

Há muitos indicadores científicos quantificáveis que mostram que a Terra e o Sistema Solar estão passando por mudanças que nunca haviam se produzido no registro da história humana. Muitos médiuns e canalizadores dizem que nós entramos no início de uma mudança dimensional que já está provocando profundos efeitos nas vidas de todos. Além disso, alguns preveem que na próxima década entraremos em um processo de Ascensão para consumar as profecias de Jesus. 
Gregg Braden é, provavelmente, a pessoa mais reconhecida das que estão avaliando e revelando os fenômenos científicos que indicam a mudança.
Ele ficou intrigado com tudo isso quando trabalhava para a Phillips Petroleum no final de 1970 e percebeu que o magnetismo da Terra estava em seu ponto mais baixo em 2000 anos e continuava diminuindo a ritmo acelerado. Com o tempo Braden escreveu um livro – Awakening to Zero Point (Despertando para o Ponto Zero) – em que documenta este e outros indicadores da rápida mudança de nosso planeta. Ele é entrevistado pelo escritor Wynn Free:

Wynn: É verdade que os pólos magnéticos da Terra estão agora mesmo em pleno processo de mudança?
Gregg: Na verdade desde maio-junho-julho de 2002 as publicações científicas são amplamente conhecidas e aceitas pela primeira vez que estamos em um processo de inversão polar.
Nos anos 60 os geólogos estavam certos de que a Terra passava por uma inversão assim periodicamente. Eles sabiam, por amostras subterrâneas, de gelo e fósseis, bem como pelas partículas magnetizadas que ficavam bloqueadas em certas posições no interior das rochas terrestres.
Os geólogos estavam tão seguros desse fenômeno que de fato haviam mapeado os últimos 4,5 milhões de anos, e os registros resultantes sugeriram que a Terra havia passado por 14 destas inversões dos pólos. Naquela época, 1961 e 1962, os cientistas pensavam que a última inversão polar havia ocorrido na última glaciação, há 10-12 mil anos. E estavam confiantes que ia voltar a ocorrer, mas não antes de vários milênios, portanto, não havia com que se preocupar.
Mas nos anos 90, os geólogos começaram a desenvolver este tipo de informação. Se eles haviam dito que levaria milhares de anos para ocorrer novamente, começaram a dizer que: “Bem, pode acontecer, mas dentro de alguns milênios”. Mas agora há evidencias recentes que vem das amostras de gelo antártico e da Groelândia, que mostra que isso poderia voltar a acontecer logo, em uma década.
Agora sabemos que atualmente os pólos estão se movendo, e agora mesmo. Não sabemos exatamente o significado disso porque, mesmo que tenha acontecido 14 vezes nos últimos 4,5 milhões de anos, nunca havia acontecido com mais de 6 bilhões de pessoas vivendo na Terra. (Nota do site Sementes de Sírius: Em várias canalizações de Aïvanhov publicadas em nosso outro blog, o Minha Mestria, foi citado um ciclo de 320.000 anos. Se dividirmos 4,5 milhões por 14, o resultado aproximado é de 321.000 anos.)

Wynn: Voce está dizendo que é de conhecimento geral?
Gregg: É de conhecimento comum entre as pessoas que devem saber destas coisas. Por exemplo, os regulamentos da U. S. Força Aérea dizem que, quando os pólos se movem entre 5 e 8 graus, as pistas dos aeroportos devem ser renumeradas para fazer com que os números correspondam com os rumos magnéticos para a visão dos pilotos.
O primeiro aeroporto dos EUA a cumprir esta norma foi Minneapolis/St. Paul, que investiu na ordem de 85 mil dólares para renumerar e adequar as cabeceiras das pistas. Mas o que aconteceu no contexto temporal de maio-junho-julho de 2002 é que revistas como a Nature, Science, Scientific American y New Scientist publicaram artigos que afirmaram que definitivamente estamos em um processo de inversão magnética e as notas da agência Associated Press os recolheram.
Os cientistas não têm ideia sobre qual será o impacto disto sobre as grades de força eletrônicas e eletromagnéticas. E mais, não sabem o que isso significa para o sistema imunológico humano. Algumas modalidades de curas alternativas têm demonstrado a ligação entre o sistema imunológico e o magnetismo, e também que nossos sistemas imunológicos poderiam muito bem estar sintonizados com os campos magnéticos da Terra. Sabemos que os pássaros e os animais migram seguindo as linhas desses campos magnéticos.
Por isso especula-se que as mudanças que estão ocorrendo nestes campos magnéticos, sejam os responsáveis pela mudança dos padrões migratórios dos pássaros que se registraram na Ásia e na América do Norte. A mudança nos campos também poderia explicar porque as baleias estão encalhando. As linhas de navegação que sempre guiaram as baleias mudaram e agora elas são conduzidas para a praia.
Quando devolvidas ao mar e liberadas, elas voltam a se alinhar com as mesmas linhas magnéticas e ao segui-las, tornam a encalhar novamente. Portanto, sim, é do conhecimento geral. As revistas científicas mais respeitadas dizem que já estamos na mudança. E embora não saibamos o que isso significa, é importante que algo assim esteja sendo reconhecido por essa classe de literatura comprovada e não só por revistas especulativas ou pseudo-científicas.

Wynn: Quando foi reconhecida pela primeira vez esta mudança magnética?
Gregg: Deve ter sido em junho ou julho de 2002. As pessoas me enviaram emails falando do que tinham visto e dando referências. Também eu mesmo encontrei referências nas revistas.

Wynn: Será que iremos sobreviver a uma inversão polar completa?
Gregg: Qualquer resposta a essa pergunta necessariamente pertence ao domínio da especulação, porque isso nunca aconteceu na história dos registros humanos tradicionais. Por outro lado, existem tradições nativas e antigas tradições bíblicas hebraicas que sugerem ter acontecido uma mudança magnética antes da última era glacial. Isso foi a 10-12 mil anos, mas estas tradições sugerem que a última mudança pode ter ocorrido bem recentemente quanto 3.600 anos.
As lendas nativas falam de um dia, há 3.600 anos, quando o sol se levantou no oeste como sempre foi, permaneceu no céu mais que um dia inteiro para ser pôr no leste, mas no dia seguinte ele nasceu no leste e foi para o oeste, como faz hoje. As tradições hebraicas também relatam este evento, acrescentando que ocorreu durante uma batalha.
Os antigos hebreus tomaram isso como um sinal de que um dos lados recebeu ajuda porque estava na luz celestial o suficiente para terminar a batalha com vitória. Não podemos verificar isso pelas rochas ou pelos registros fósseis, porque 3.600 anos é um período de tempo muito curto para que tal evento se reflita neles. Tudo o que temos são as tradições, as lendas e os mitos preservados em documentos escritos e orais.
No entanto, o que a tradição nos diz é que se algo assim vier a acontecer, o povo da Terra sobreviveria. Seria um dia realmente estranho, mas se as antigas lendas são verdade, aconteceu e as pessoas aparentemente sobreviveram. Mas não sabemos como isso afetou suas vidas.

Wynn: Você tem alguma ideia de como esta mudança magnética poderia alterar a consciência?
Gregg: Especula-se que há uma correlação entre o magnetismo e a consciência. A fim de entender como essa conexão pode funcionar, é útil compará-la com a memória de um computador. Os campos magnéticos da memória se mantêm em seu lugar graças a uma carga elétrica – uma corrente elétrica – que está dentro do próprio computador.
Quando as baterias do computador chegam ao fim, a carga se esgota e a memória se perde. E nós temos que reinstalar o sistema operativo. Da mesma forma, ambos pesquisadores e descendentes de povos indígenas, acreditam que quando a Terra passa pelo que a ciência considera uma inversão magnética, passa também por uma enorme mudança e limpeza de sua consciência.
Nada poderá sustentar todos esses padrões magnéticos que foram instalados. Portanto, quando formos despertados por esta mudança seremos conscientes de nossa verdadeira natureza, nossa verdadeira essência. E a memória de todos os males, todas as coisas ruins que aconteceram, todo o ressentimento e o ego e o que tivemos uns contra os outros como indivíduos e como nações deixará de fazer parte dessa nova consciência, dessa nova grade.
A partir dessa perspectiva, muitas tradições preveem, sentem ou especulam que estamos nos aproximando do tempo que eles chamam de a Grande Limpeza e que esta limpeza está se produzindo ao nível da memória central consciente.

Wynn: Então é possível supor que nossa memória está, de algum modo, ligada a este campo magnético.
Gregg: Eu acho que sim. E acredito devido aos estranhos relatos dos astronautas que saíram da Terra e viajaram para o espaço durante o Programa Apolo. Ao deixar a atmosfera da Terra e orbitar o planeta a muitas milhas de sua superfície, os efeitos do magnetismo terrestre sobre eles eram significantes. E os astronautas começaram a ter experiências para as quais não estavam preparados nem haviam sido treinados, experiências completamente inesperadas.
Quando eles estavam no espaço e contemplavam a Terra, começaram a ter sentimentos e percepções, sensações que nunca tiveram quando estavam nela. ( Nota de Semente de Sírius: Conforme falamos em nosso texto, eles estavam fora da magnetosfera, ou seja, a grade de confinamento do planeta. E, uma vez fora dela, eles recebem a energia diretamente da Fonte). Isto significou algo diferente para cada um deles. Assim também aconteceu com amigos meus que estiveram no Vietnã, e voltaram completamente mudados. Aquilo mudou todos. Para uns a mudança foi tão dolorosa que nunca mais puderam sequer falar sobre isso, mas para outros esta mudança foi um catalisador e falam incessantemente disso.
Eu creio que agora já existe um programa especial do Serviço de Radiodifusão Pública que documenta estes fenômenos com os astronautas, que nunca voltaram a ser os mesmos depois. Quando eles regressaram, alguns não sabiam o que fazer com a experiência que tiveram no espaço sideral. Alguns caíram no álcool e nas drogas. Outros canalizaram a mudança que ocorreu neles, em projetos muito positivos que reforçaram suas vidas. Um deste último grupo foi o Dr. Edgar Mitchell, que fundou a Noetic Sciences Organization (Organização das Ciências Noéticas) em um esforço para corroborar o fenômeno da consciência humana. Outro astronauta empreendeu a busca pela Arca de Noé e acabou encontrando-a presa no gelo do Monte Ararat, exatamente onde a Bíblia disse que estaria.

Wynn: Então isso implica que estes astronautas, devido a terem deixado o campo magnético da Terra, tiveram algum tipo de despertar espiritual.
Gregg: É claro que eles passaram por uma catarse quando saíram da influência do campo magnético da Terra. Vemos que algo similar também acontece quando observamos os campos magnéticos da Terra. Sua presença sobre a superfície da Terra não é constante, e os mapas de curvas disponíveis do Serviço Geológico dos EUA, mostram intensas variações dos campos magnéticos sobre a superfície da Terra, onde são de uma intensidade muito alta e onde são de intensidade muito baixa.
Estes campos foram mudando com o tempo, o que pode realmente explicar porque a população humana migrava para lugares, como de fato fizeram. Foi por seguir estas curvas de nível magnético. O que acontece é que nos lugares de magnetismo muito baixo, onde os campos são quase imperceptíveis, parecem produzir inovações e mudanças tremendas.
Onde o magnetismo é tradicionalmente alto, são lugares de estagnação, onde as mudanças, apesar de ocorrere, demoram muito tempo ou ocorrem muito lentamente. Se eu chegasse aqui vindo de outro mundo e não soubesse nada sobre as pessoas da Terra e estivesse buscando um lugar onde a oportunidade de mudança fosse máxima, eu buscaria as curvas de valor zero. E se você observar um mapa atual do magnetismo da Terra, você vai encontrar uma curva de nível zero que ocorre ao longo da Costa Oeste da América do Norte, subindo da costa da Califórnia até o Alasca.
Em outras palavras, o magnetismo ao longo da costa oeste é quase nulo! Quando pensamos na costa oeste, pensamos na aloucada Califórnia. Bem, a verdade é que a Califórnia é uma semente, uma das várias, e tradicionalmente tem sido muito inovadora em tecnologia, ciência, moda, finanças e arte, porque ali há uma oportunidade de mudança tremenda. Dentro da América do Norte a outra face disto seria a zona de máximo magnetismo, onde os campos magnéticos são mais intensos.
E são encontrados dentro de alguns estados do sul, os mesmos estados que são considerados tradicionalmente conservadores. Isso não significa que ali não possa haver nenhuma mudança. Em vez disso, a mudança leva muito tempo e as pessoas precisam de uma boa razão para sair do que sempre estiveram fazendo.

Wynn: Então onde o campo magnético é menos denso, as pessoas estão mais abertas para o que surge no momento?
Gregg: Está aberta à mudança, ponto. Isso não significa que a mudança seja boa ou ruim, nem certa ou errada. Isso é importante ficar claro. A consciência das pessoas é que vai determinar como irá se realizar esta mudança. Vou dar um exemplo irônico. Existe uma curva de nível zero que corre justamente na metade do Oriente Médio.
Na verdade corre quase diretamente sobra a zona do Canal do Suez, passando justo sobre Israel, ao longo de toda a costa do Mar Vermelho. Exato. Justo nessa zona existe uma curva de nível zero. Isto supõe que a zona é favorável à mudança. Mas novamente, o caminho para chegar à mudança (seja pacífico e construtivo, ou destrutivo e colérico) – é determinado pela consciência das pessoas que vivem ali.

Wynn: Portanto, não é nem boa nem má?
Gregg: Exato. É simplesmente uma oportunidade para a mudança. Ao mesmo tempo, as curvas de maior nível de magnetismo de todo o planeta, estão tradicionalmente sobre partes da antiga União Soviética, Rússia e Sibéria. Sabemos que nessa parte do mundo está localizado um sistema estacionário e que quando vem alguma mudança, esta tem sido lenta e dolorosa, de longo prazo e que tem produzido muito sofrimento. Mas que quando aconteceu, produziu um efeito cascata, quase da noite para o dia.
Então as correlações entre a consciência humana, as oportunidades para a inovação, para a mudança, para fazer as coisas de uma maneira nova, e o magnetismo de nosso mundo, são muito interessantes. A Terra tem muitas regiões de alto e baixo potencial de mudança.

Wynn: Nossos leitores vão querer saber qual a melhor maneira de lidar com as mudanças que estão ocorrendo em nosso mundo, em seu conjunto.
Gregg: Eu vou ser o mais conciso possível. Creio que a resposta para isso talvez esteja melhor criptografada nas palavras de nossos antecessores, os antigos Essênios, em um texto que tem mais de 2.500 anos. Ele nos lembra da nossa relação com o mundo que nos rodeia e diz simplesmente que nosso mundo é nada mais nada menos que um espelho daquilo em que nos tornamos nós mesmos.
Então quando olhamos dessa perspectiva, um mundo que parece cruel, estúpido e colérico, que trás sofrimento a nossos irmãos e irmãs de todo o planeta, esse mundo é um espelho daquilo que nos tornamos como indivíduos, famílias, sociedades e nações. Não é bom nem mal, nem certo nem errado. É apenas um reflexo do que somos. A condição do planeta é um mecanismo de “feedback” (retroalimentação).
Então se queremos ver a mudança em nosso mundo, devemos nos tornar esta mudança, em nosso cotidiano. Se queremos paz, tolerância, compreensão, compaixão e perdão, a nível global, devemos nos tornar isso. Na mesa de jantar. Com nossas famílias. Devemos nos tornar isso em nossas escolas. Devemos pedir que nos eduquem através da paz, da compaixão e da compreensão. Isso não tem que ser enfadonho ou chato. Isso pode ser excitante, mas não brutal, estúpido, cruel ou insensível.
Em nossas vidas diárias, cada momento de cada dia fazemos a escolha que nega ou afirma a vida em nossos corpos. Porque estamos ligados a essa rede. Todas as nossas escolhas individuais ficam depositadas nessa resposta coletiva de nosso futuro. Se queremos ver uma mudança coletiva, devemos nos tornar nessa mudança individualmente.

Wynn: Temos esta data de 2012 em que muita gente está dizendo que é o momento da mudança global ou Ascensão. O que você acha que vai acontecer?
Gregg: A data de 2012 é interessante porque aparece nas tradições Mayas e egípcias, em algumas tradições cristãs e, inclusive, no código bíblico, que é, em si mesmo, algo muito controverso. Tenho a sensação de que esta data poderia ser qualquer data. Se nos concentrarmos em uma data e vivermos nossas vidas nos preparando para a mudança nessa data, nós vamos perder a vida.
Do meu ponto de vista, basta que nos limitemos simplesmente a viver o máximo cada dia, que conciliemos as experiências que nos cruzam cada dia com nosso caminho, que aproveitemos as oportunidades de honrar a vida, de honrar nossas mútuas relações. Sendo honestos, confiáveis, carinhosos e compassivos, vivendo isto cada dia, e já estamos nos preparando para qualquer coisa que poderia vir em 2012 ou em qualquer outro dia do ano ou em qualquer outro momento em nosso futuro.
Conheço pessoas que estão vivendo suas vidas, guardando recipientes cheios de água e comida, preparando-se para o dia em que nosso mundo vai mudar. Eu entendo e acho que está bem ser auto-suficiente. Eu entendo o que estão expressando. Mas vejo também que dedicam muito de suas vidas a se preparar para esse dia e perdem a beleza e o mistério da vida que desabrocha a cada dia. Perceber essa beleza e esse mistério é o que nos prepara para os maiores desafios!

Wynn: Então basicamente, se quisermos aproveitar esta mudança com o melhor resultado possível para nós, a chave está em que vivamos cada dia dando de nós o máximo de amor e compaixão?
Gregg: Sim, e por isso, devemos viver cada dia de maneira consciente. Estar consciente das oportunidades. Reconhecer as oportunidades que vem a seu modo. Cada dia nos oferece a oportunidade de sermos tolerantes com outros sistemas de crenças, de perdoar alguém que nos tenha magoado ou irritado, de alterar nossos julgamentos sobre o que deveria acontecer ou não em nosso mundo.
Se podemos conciliar todas essas coisas que passam por nós e em seguida saber que, ao mudar a forma como nos sentimos, podemos mudar a química de nossos corpos, então estaremos preparados para qualquer transição que a Terra vai passar. Eu não sei se isso faz sentido.

Wynn: Sim, para mim faz. Há algo verdadeiramente importante a dizer aos nossos leitores que podemos ter esquecido?
Gregg: Pela primeira vez em nossa história, o destino de nossa espécie, de toda a nossa espécie, repousa sobre as escolhas de uma só geração. E o que acabamos de fazer é falar do que consiste algumas dessas escolhas.

Texto principal extraído de:
http://www.nuevagaia.com.ar/notas/index.php?id=317

sábado, 11 de maio de 2013

Biografias "Malditas" - Ramanujan

A biografia de hoje é de Ramanujan, jovem indiano e hindu que, pobre e sem aprendizado formal nenhum, superou e inovou o conhecimento matemático da época surpreendendo professores e matemáticos famosos das universidades europeias. É um enigma para a razão ocidental. Resolveu, sem ajuda acadêmica, intrincados teoremas matemáticos que ninguém do stablishment intelectual vigente conseguiu. Dizia na sua ingenuidade de autodidata que uma deusa hindu, de nome Namagiri, aparecia em sonhos e o ajudava, algo impensável aos medalhões arrogantes da época. É um caso típico que levanta as teorias de reencarnação, ou no mínimo o funcionamento do DNA ou da química entre mente e corpo, para tentar explicar o até agora inexplicável: porque um ser humano tem um conhecimento tão superior ao dos seus pares, da época, e às vezes de toda a humanidade. Um bom exemplo de realismo Fantástico.
Seu nascimento foi num dia dos princípios do ano de 1887, quando um brâmane da província de Madrasta dirige-se ao templo da deusa Namagiri. O brâmane casou sua filha há já vários meses, e a união mantém-se estéril. Ele pede que a deusa Namagiri fecunde sua filha. Namagiri atende a sua prece. A 22 de Dezembro nasce um rapaz, ao qual é dado o nome de Srinivasa Ramanujan Alyangar. Na véspera, a deusa aparecera à mãe para lhe anunciar que seu filho seria extraordinário.
Aos cinco anos ele vai para a escola. Imediatamente a sua inteligência é de espantar. Parece já saber o que lhe ensinam. Recebe uma bolsa para o liceu de Kumbakonan, onde é admirado pelos condiscípulos e professores. Tem quinze anos.
Um de seus amigos faz com que a biblioteca local lhe empreste um volume intitulado A Synopsis of Elementary Results in Pure and Applied Mathematics. Essa obra, publicada em dois volumes, é um sumário redigido por George Shoobridge, professor em Cambridge. Contém resumos e enunciados sem demonstração de 6000 teoremas, mais ou menos. O efeito que produz no espírito do jovem hindu é fantástico. O cérebro de Ramanujan começa bruscamente a funcionar de maneira totalmente incompreensível para nós. Ele demonstra todas as fórmulas dos teoremas.
Depois de esgotar a geometria, ataca a álgebra. Ramanujan contará mais tarde que a deusa Namagiri lhe apareceu para lhe explicar os cálculos mais difíceis. Aos dezesseis anos fica mal nos exames, pois o seu inglês continua fraco, e a bolsa é retirada. Prossegue sozinho, sem documentos, as suas investigações matemáticas. Em primeiro lugar põe-se em dia com todos os conhecimentos na matéria, no ponto em que eles estão em 1880. Pode desprezar o trabalho desse professor Shoobridge. Ultrapassa-o largamente. Sozinho, recria, depois ultrapassa todo o esforço matemático da civilização a partir de um sumário, aliás incompleto.
A história do pensamento humano não conhece outro exemplo. O próprio Galois não trabalhara sozinho. Fizera os seus estudos na Escola Politécnica, que era na época o melhor centro matemático do Mundo. Tinha acesso a milhares de obras. Estava em contacto com sábios de primeira ordem.
Nunca o espírito humano se ergueu tão alto com tão pouco apoio. Em 1909, após anos de trabalho solitário e de miséria, Ramanujan casa-se. Procura um emprego. Recomendam-no a um cobrador de impostos local, Ramachandra Raô, amador esclarecido de matemática. Este deixou-nos uma descrição do encontro: "Um homenzinho pouco limpo, por barbear, com uns olhos como jamais vi, entrou no meu quarto, com um livro de notas usado debaixo do braço. Falou-me de descobertas maravilhosas que ultrapassavam infinitamente o que eu sabia. Perguntei-lhe o que poderia fazer por ele. Disse-me que queria apenas ter o suficiente para comer, a fim de poder continuar as suas investigações.
Ramachandra Raô concedeu-lhe uma pequena pensão. Mas Ramanujan é demasiado orgulhoso. Arranjam-lhe finalmente uma situação: um medíocre lugar de contabilista no porto de Madrasta. Em 1913 aconselharam-no a entrar em correspondência com o grande matemático inglês G. H. Hardy, na altura professor em Cambridge. Ele escreve-lhe e envia-lhe pelo mesmo correio 120 teoremas de geometria que acaba de demonstrar. Hardy viria a escrever mais tarde: "Essas notas só poderiam ter sido escritas por um matemático do mais alto calibre. Nenhum usurpador de idéias, nenhum farsante, mesmo genial, teria possibilidades de apreender abstrações tão elevadas". Propõe imediatamente a Ramanujan que se dirija a Cambridge. Mas a mãe opõe-se, por razões religiosas. E uma vez mais a deusa Namagiri é quem resolverá a dificuldade. Aparece à velha dama para a convencer de que seu filho pode ir para a Europa sem perigo para a sua alma, e mostra-lhe, em sonhos, Ramanujan sentado no grande anfiteatro de Cambridge no meio dos ingleses que o admiram. No final do ano de 1913, o hindu embarca. Durante cinco anos irá trabalhar e fazer avançar prodigiosamente as matemáticas.
É eleito membro da Sociedade Real das Ciências e nomeado professor em Cambridge, no colégio da Trinity. Em 1918 adoece. Fica tuberculoso. Regressa a Índia para morrer, aos trinta e dois anos. Deixou em todos aqueles que dele se aproximaram uma recordação extraordinária. Só vivia no meio dos números. Hardy vai visitá-lo ao hospital, e diz-lhe que apanhou um táxi. Ramanujan pergunta o número do automóvel: 1729. "que belo número!, exclama; é o menor número que é duas vezes uma soma de dois cubos!" De facto, 1729 é igual a 10 ao cubo mais nove ao cubo, e também a 12 ao cubo mais 1 ao cubo. Hardy precisou de seis meses para o demonstrar, e o mesmo problema ainda não está resolvido para a quarta potência.
A história de Ramanujan é daquelas em que ninguém acreditaria. Mas é rigorosamente verdadeira. Não é possível exprimir em termos simples a natureza das descobertas de Ramanujan. Trata-se dos mistérios mais abstratos da noção do número, e particularmente dos números primos. Fora das matemáticas não se sabe bem quais as coisas que interessavam a Ramanujan. Preocupava-se pouco com a arte e a literatura. Apaixonava-se pelo extraordinário. Em Cambridge organizara uma pequena biblioteca e um arquivo sobre toda a espécie de fenômenos desconcertantes para a razão. Um bom cartão de visita.
Veja um filme sobre ele:







domingo, 5 de maio de 2013

Biografias "Malditas" - Edgar Cayce


Esta postagem está no espírito de apresentar, muito na linha do Realismo Fantástico de James Hoy Fort, casos e pessoas que o pensamento científico, linear, medroso e classista considera como “malditos”. É aquele raciocínio anti científico de que “se algo inconveniente contraria o chamado conhecimento vigente, joga-se para baixo do tapete, ou se ridiculariza o dito cujo” de forma a se preservar o conhecimento formado por "nós iluminados". É rejeitar tudo aquilo que não se compreende, em vez de fazer o esforço de abertura para se tentar compreender. 
Edgar Cayce, norte-americano e clarividente é um desses casos estranhos e incompreensíveis, e a sua vida mostra de uma forma contundente aos céticos que, como dizia Don Juan, "este mundo é um mistério"...
Alma inquieta e atormentada, ele morreu a 5 de Janeiro de 1945, levando consigo um segredo que ele próprio não esclarecera e que o apavorara durante toda a vida. Ele próprio não entendia claramente no início o que se passava consigo mesmo.
A Fundação Edgar Cayce, em Virgínia, Beach, onde trabalham médicos e psicólogos, prossegue a análise dos "dossiers".
Desde 1958, os estudos sobre a clarividência dispõem na América de importantes créditos. A razão disso é que o stablishment pensa nos serviços que poderiam render, no domínio militar, homens capazes de telepatia e de premonição. De todos os casos de clarividência, o mais evidente, e o mais extraordinário, é o de Cayce.
O pequeno Edgar Cayce estava doente. O médico de província estava à sua cabeceira. Não havia nada a fazer para salvar o garoto do estado de coma. Mas, bruscamente, a voz de Edgar elevou-se, clara e tranquila. E, no entanto, ele dormia. "Vou dizer-lhes o que tenho. Apanhei uma bolada de baseball na coluna vertebral. É necessário fazer-me uma cataplasma especial e aplicá-la na base do pescoço". Com a mesma voz, o garoto ditou a lista das plantas que era necessário misturar e preparar. "Despachem-se, senão o cérebro arrisca-se a ser atingido". Por desencargo de consciência, obedeceram-lhe. À noite, a febre descera. No dia seguinte, Edgar deixava o leito, fresco como uma alface. Não se lembrava de nada. Desconhecia a maior parte das plantas que ditara.
Assim principia uma das histórias mais espantosas da medicina. Cayce, camponês do Kentucky, completamente ignorante, pouco disposto a fazer uso do seu dom, lamentando constantemente não ser "como toda a gente", tratará e curará, em estado de sono hipnótico, mais de quinze mil doentes, devidamente homologados.
Trabalhador agrícola na propriedade de um dos seus tios, depois escriturário numa livraria de Hopkinsville, finalmente proprietário de um pequeno estabelecimento fotográfico onde pensa passar calmamente os seus dias, é contra vontade que irá representar o papel de taumaturgo. O seu amigo de infância Al Layne e a sua noiva Gertrude farão toda a diligência para o convencer. De forma alguma por ambição, mas porque ele não tem o direito de guardar o poder que tem só para si, recusando auxiliar os aflitos. Al Layne é fraco, sempre doente. Arrasta-se. Cayce aceita adormecer: descreve a origem da doença e dita medicamentos. Quando acorda: "Mas não é possível, eu desconheço metade das palavras que anotaste. Não tomes essas drogas, é perigoso! Não percebo nada disso, é tudo magia!" Recusa voltar a ver Àl, e encerra-se na sua loja de fotografia. Oito dias depois, Al força-lhe a porta: nunca se sentiu tão bem. A vila agita-se, todos pedem uma consulta. "Não é por falar enquanto durmo que me vou pôr a tratar das pessoas". Mas acaba por aceitar. Sob condição de não ver os pacientes, com receio de que, conhecendo-os, a decisão seja influenciada. Sob condição de que alguns médicos assistam às sessões. Sob condição de não receber um tostão, nem sequer o mais pequeno presente. Os diagnósticos e as receitas feitas em estado de hipnose são de tal precisão e acuidade que os médicos desconfiam que se trate de um colega disfarçado em curandeiro. Ele limita-se a duas sessões por dia. Não porque receie a fadiga: desperta desses sonos muito repousado. Mas insiste em continuar fotógrafo. Não procura de forma alguma adquirir conhecimentos médicos. Não lê nada, continua um filho de camponeses, dotado de um vago certificado de estudos equivalentes ao 4º ano. E continua a insurgir-se contra a sua estranha faculdade. Mas mal decide renunciar a ela, torna-se mudo.
Um magnata das estradas de ferro americanas, James Andrews, vai consultá-lo. Ele prescreve-lhe, em estado de hipnose, uma série de drogas, entre as quais uma certa água de salva. Este medicamento é impossível de encontrar. Andrews manda publicar anúncios nas revistas médicas, mas sem resultado. No decorrer de outra sessão, Cayce dita a composição dessa água, extremamente complexa. Ora, Andrews recebe uma resposta de um jovem médico parisiense: fora o pai desse francês, igualmente médico, que elabora a água de salva, mas a deixara de a explorar cinquenta anos atrás. A composição é idêntica à "sonhada" pelo fotografozinho.
O secretário local do Sindicato dos Médicos, John Blakburn, apaixona-se pelo caso Cayce. Reúne uma comissão de três membros, que assiste a todas as sessões, com grande espanto. O Sindicato Geral Americano reconhece as faculdades de Cayce e autoriza-o oficialmente a dar "consultas psíquicas". Cayce casara-se. Tem um filho de oito anos, Hug Lynn. A criança, ao brincar com os fósforos, faz explodir um depósito de magnésio. Os especialistas concluem que a cegueira deve ser total e propõem a extração de uma vista. Com terror, Cayce entrega-se
a uma sessão de sono. Mergulhado em hipnose, insurge-se contra a extração e preconiza quinze dias de aplicação de pensos embebidos em ácido tânico. Para os especialistas é uma loucura. E Cayce, no meio dos maiores tormentos, não ousa desobedecer às suas vozes. Quinze dias depois, Hugh Lynn está curado. Um dia, após uma consulta, continua adormecido, e dita sucessivamente quatro receitas, muito precisas. Não se sabe a quem podem ser dirigidas: têm quarenta e oito horas de avanço sobre os quatro doentes que se apresentarão. Durante uma sessão, ele prescreve um medicamento a que chama Codiron e indica o endereço do laboratório, em Chicago. Telefonam para lá: "Como é que ouviram falar de Codiron? Ainda não está à venda. Acabamos de elaborar a fórmula e de lhe encontrar o nome". Cayce, atingido por uma doença incurável que só ele conhecia, morre no dia e hora que fixara: "No dia 5 à tarde estarei definitivamente curado". Curado contra "qualquer outra coisa" .
Interrogado em estado de sono sobre a sua forma de proceder, ele declarara (para depois não se recordar de nada ao acordar, como de costume) que estava em estado de entrar em contacto com qualquer cérebro humano vivo e de utilizar as informações contidas nesse cérebro, ou nesses cérebros, para o diagnóstico e o tratamento dos casos que lhe apresentassem. Talvez fosse uma inteligência diferente que então se manifestava em Cayce e utilizava todos os conhecimentos que circulam na humanidade, da mesma forma que se utiliza uma biblioteca, mas que instantaneamente, ou pelos menos à velocidade da luz e da eletromagnética. Mas nada nos permite explicar o caso de Edgar Cayce dessa forma ou de qualquer outra. Tudo o que se sabe realmente é que um fotógrafo de aldeia, sem curiosidade nem cultura, podia, quando queria, por-se num estado em que o seu espírito funcionava como o de um médico de gênio, ou antes, como todos os espíritos de todos os médicos ao mesmo tempo.

Vale a pena pesquisar sobre ele no seu site de pesquisa.