domingo, 25 de novembro de 2012

Livre e Relaxado

Lama Guendun Rinpoche

Aqui, a busca interior está na hora do recreio. Não tem Mercúrio, só Vênus. Nem prosa, só poesia. Nem intelecto, só coração. 
E tome poesia...


"A felicidade não se consegue
com grandes sacrifícios e força de vontade;
já está presente, no relaxar aberto e no soltar.

Não te esforces,
não há nada que fazer ou desfazer.
Tudo o que aparece momentaneamente no corpo-mente
não tem nenhuma importância,
seja o que for tem pouca realidade.
Por que se identificar com ele e depois apegar-se?
Por que emitir juízos sobre isso e sobre nós?

É muito melhor deixar
simplesmente que todo jogo ocorra por si mesmo,
surgindo e recuando com as ondas
-sem alterar nem manipular nada-
e observar como tudo se desvanece e
reaparece magicamente, uma e outra vez,
eternamente.

É a nossa busca de felicidade
o único que nos impede vê-la.
É como perseguir um arco-íris de vivas cores
que não alcanças jamais,
ou como um cachorro tentando pegar o próprio rabo.

Ainda que a paz e a felicidade não existam
realmente como uma coisa ou como um lugar,
estão sempre disponíveis
e te acompanham a cada instante.

Não creias na realidade
das experiências boas e más;
pois são tão efêmeras como o bom tempo e o mau tempo,
como os arco-íris no céu.

Desejando compreender o incompreensível,
te esgotas em vão.
No instante que abres e relaxas
esse apertado punho do aferramento,
aí está o espaço infinito, aberto, sedutor e confortável.

Sirva-te desta espacialidade,
desta liberdade e tranquilidade natural.
Não busques mais.
Não te adentres na emaranhada selva
seguindo o rastro do grande elefante desperto,
pois já ele está em casa descansando suavemente
em frente ao teu próprio lugar.

Nada que fazer ou desfazer,
nada que forçar,
nada que desejar,
nada falta.

Ah, isto! 
Maravilhoso!
Tudo sucede por si mesmo".



LIVRE E RELAXADO
UM CANTO VAJRA ESPONTÂNEO
pelo venerável Lama Guendun Rimpochê
Gendun Rimpochê é um eminente lama kagiu, abade e mestre de retiros no Monastério Dakpo Kagiu Ling em Dordonha, França, de onde se traduziu do tibetano este poema.

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