domingo, 11 de dezembro de 2011

Damanhur, o mistério...

O Invisível engendra mistérios insuspeitáveis para nós mortais que vivemos essa existência corriqueira e simplória feita de trabalho, preocupações, busca interminável de prazer e fuga da dor. Damanhur é um desses mistérios.
Localizado discretamente (quase em segredo) na região do Pemonte, nos Alpes italianos, o templo é um conjunto subterrâneo de edificações artísticas  de tirar o fôlego construída por uma comunidade de anônimos e dirigida por um personagem sob o nome de Falco (falcão em italiano).
A existência deste templo tornou-se conhecida em 1992 com uma ocorrência policial de rotina. Já no ano anterior a polícia tinha se deslocado ao local, situado no sopé do vale Valchiusella, a 50 km a Norte de Turim, sob a suspeita de crime de evasão fiscal de uma comunidade que aí vivia. Porém, desta vez forçaram a entrada de uma porta "secreta". Havia razões de sobra para tanto segredo. Uma vez aberta, aos polícias incrédulos revelou-se uma sala subterrânea de 8 metros de diâmetro suportada por colunas esculpidas e revestidas com folhas de ouro.

As paredes estavam cobertas por pinturas de cores exuberantes; vitrais e uma imensa clarabóia central derramavam luz multicolorida por todo o lado. Encontravam-se na Sala da Terra, apenas a primeira de um complexo arquitetônico de nove espaços que compõem Damanhur. Comenta-se que teria sido feito por inspiração da Idade do Ouro da Atlântida, da qual a civilização egípcia seria uma colônia, assim como os maias e outros.

O templo é imenso e magnífico. São 300000 m3 de salas e galerias de uma arquitetura grandiosa, interligadas em cinco níveis situados 30 metros abaixo da superfície e profusamente decoradas com esculturas, pinturas, mosaicos e vitrais narrando a história da humanidade.
Não admira, por isso, o espanto das autoridades ao entrar pela primeira vez no local. Como foi possível fazer tal obra surgir do nada?
  Na verdade, desde 1978 um grupo de voluntários - originalmente 24 - trabalhou às escondidas para moldar o subsolo dos Alpes italianos de acordo os desenhos visionários de um homem, Oberto Airaudi, ou Falco, como prefere ser chamado.
No ano 2000 o número de pessoas tinha chegado a 800 e continua a crescer, formando já uma comunidade auto suficiente com uma estrutura social e política, uma constituição, atividades econômicas, escolas, uma moeda própria (o Crédito) e, inclusive, um jornal diário.
 A comunidade é dificilmente definível. É algo como uma escola mística que recusa os limites e constrangimentos que nós, humanos, por tradição e convenção impomos a nós mesmos.
 Cada membro deve então escolher um caminho onde desenvolverá o seu crescimento espiritual de acordo com as suas aspirações, preferências ou capacidades
A base filosófica eclética da comunidade, típica da Era de Aquário,  mescla crenças neo-pagãs e da Nova Era e retira o seu nome e inspiração da antiga cidade egípcia de Damanhur, onde se situava um famoso templo de culto ao deus Hórus, significando literalmente "Cidade da Luz".

Quando da sua descoberta, e passado o choque da surpresa, a reação das autoridades italianas foi a de mandar destruir o local, uma vez que, carecendo de qualquer projeto aprovado ou licença, se tratava de uma construção clandestina.
A ordem foi posteriormente revogada quando a Administração italiana percebeu que poderia tirar proveito do templo para dinamizar turisticamente a região. Entretanto a construção e ampliação do templo continua e continuará. Permanece um mistério o que levou e leva essas pessoas a trabalhar nessa grande obra de arte debaixo de terra durante tantos anos sem dar mostras de abrandar o ritmo, como formigas obreiras, sob a orientação do indivíduo autodenominado Falco. Porque?
Permanece também outro mistério: Onde foram arranjar dinheiro e meios para pagar tudo aquilo?
Uma amiga que visitou a comunidade, contou experiências interiores tocantes ligadas a energias sutis do ser humano, conduzidas pelos integrantes da comunidade. Enfim, um mistério.
Um mistério como tantos outros que estão sendo veiculados pelos meios de comunicação. É como se parte da humanidade estivesse já cansada de jogar para baixo do tapete as coisas que não se adequam ao gosto da maioria padronizada e preconceituosa que não acredita no Invisível.
Charles Hoy Fort, o baixinho bigodudo, revolucionário e fora de esquadro ia gostar muito de ver isso...

2 comentários:

  1. Ir a Itália e não ver Damanhur, seria uma pena...

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  2. Muito interessante. O número de pessoas descontentes é muito grande, mas ainda são poucos que se dispõe a transformar...

    Adorei, Arnaldo! :)

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